Capítulo 3

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— E foi isso. Pedi desculpas e disse que poderíamos continuar amigos, mas ele pediu para não mantermos contato. — Omiti a parte que Eduardo me chamava de louca. Eu não precisava queimar o filme dele. — No final das contas, acho que foi melhor assim mesmo.

— Mas... — Larissa falou, com sua voz infantil soando mais estridente que o normal. — Vocês são Eduardo e Mônica!

— Se mais alguém falar dessa música para mim hoje, juro que me atiro do alto dessa janela. — Apontei para a varanda.

Felipa e Larissa se entreolharam e prenderam os lábios. Nós três estávamos deitadas em colchões espalhados pelo meu quarto, vestindo pijamas com desenhos animados infantis, cada uma segurando uma colher e um pote de sorvete sabor napolitano nas mãos. Embalagens de chocolate abertas estavam espalhadas por todo o chão.

Já havia perdido as contas de quantas vezes participara dessas noites de pijama, mas, pela primeira vez, eu era o centro das atenções.

— Desculpa. É que Eduardo é uma pessoa legal.

Caramba, aquela reação das pessoas era tão frustrante. Por que todo mundo só conseguia pensar em como Eduardo era uma pessoa legal, e não em como eu estava me sentindo? Será mesmo que estava tão errada assim?

— Vocês acham que não sei de tudo isso? Vocês acham que não passei os últimos dias me achando uma completa maluca? Até esse exato momento, ainda não tenho certeza se fiz a coisa certa, meninas. Ainda sinto um aperto enorme no peito. Mas eu não estava sendo honesta comigo mesma. Pior, não estava sendo honesta com Eduardo. — Coloquei uma enorme colher de sorvete na boca. — Eu tenho medo de me arrepender dessa escolha. — Senti os olhos arderem. — Mas tudo o que não preciso agora são minhas melhores amigas falando de como meu ex é perfeito. Já basta minha família achar que estou fazendo a maior burrada do século.

— Por que você nunca comentou sobre essas coisas com a gente, amiga?

Larissa me abraçou.

— Não sei. Acho que tinha medo. Era como se falar em voz alta fosse a confirmação de que tudo era verdade. E eu não queria que fosse.

Ugh, já chega! Vamos parar de lamentações por essa noite, por favor? — Felipa meteu-se entre nós. — A gente não está fazendo o ritual do jeito certo, tipo, nem um pouco.

Eu e Larissa a encaramos.

— Sério, todas as vezes em que eu e Lari terminamos um namoro, Nina nos apoiou, tipo, de olhos fechados. Agora é a nossa vez.

— Sim! — Larissa bateu no colchão, tentando parecer brava, mas continuando fofa com suas sobrancelhas escuras e espessas franzidas, quase formando um arco por cima dos olhos miúdos.

— Nós vamos listar agora todos os defeitos desse cafajeste inútil que é o Eduardo.

— Na verdade... — Mordi o lábio inferior. — Ele não é bem o que se pode chamar de cafajeste inú...

Shhhh! — Felipa levou o indicador aos lábios. — A partir de agora nenhum elogio sobre Eduardo pode ser proferido sob esse teto. Tipo, nenhum! Todo mundo tem defeitos, inclusive o seu ex, e sinto lhe informar, Nina, posso citar um bocado deles. — Ela cruzou os braços. — A começar pelo péssimo gosto para roupas, pronto falei.

Deixei o queixo cair.

— Aaaah, como é bom poder botar isso para fora depois de tantos anos. — Felipa pôs a mão no peito, fazendo uma cara exagerada de alívio. — Lembra aquela camisa listrada e florida que ele usou no seu aniversário ano passado, Lari?

̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶  MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora