Fazia tanto tempo desde a última vez que eu comemorara meu aniversário que nem ao menos lembrava como era difícil encontrar um restaurante que reservasse mesas. O fato de eu ter deixado para fazer ligações um dia antes do Domingo também não ajudava muito — mas ninguém precisava saber disso.
— Desisto, Mamá. Vou comemorar meu aniversário debaixo da ponte.
Deixei a bolsa cair ao meu lado, atirei os sapatos para cada canto da sala e me joguei no sofá, deitando a cabeça no colo de Mafalda.
— Não seja dramática. Isso combina mais comigo do que você.
— Verdade. Eu passei o caminho de volta do trabalho ligando para todos os restaurantes legais que conheço e nenhum está fazendo reservas para amanhã. Acho que vou acabar aceitando a oferta de Théo, mas preferia um local mais calmo do que o Empório Cerveza.
— Falando ao telefone enquanto dirige? Que bonito, moça.
O interfone começou a tocar.
— Desculpe, mamãe! Prometo que não vai se repetir!
Mafalda me empurrou para fora do sofá com mais força que o necessário e levantou.
— Ai! Pode anotar, depois que minha sobrinha ou sobrinho sair daí, vai ter volta. — Massageei a bunda. — Não precisava disso. Eu estava presa no trânsito da Avenida Agamenon Magalhães às seis horas da noite. Acho que até os pedestres estavam mais rápidos do que os carros.
— Eu tenho um amigo que conhece o dono de um restaurante de comida japonesa na Zona Sul. — Ela calçou as havaianas e dirigiu-se à cozinha, sua voz ficando mais distante. — Se não se importar com a distância, posso ver se ele consegue abrir uma exceção para você.
— Seria maravilhoso! Obrigada, Mamá.
Chequei o celular, mas não havia notificações.
— Felipa e Larissa estão subindo, Nina. Eu vou para o quarto.
Nos últimos dias, eu e Théo havíamos trocado mensagens sempre que podíamos — o que incluía ao menos um bom dia com direito a selfies de caras amassadas ao acordar e diversas fotos de comida. Eu já havia me acostumado àquela recente rotina e agora era estranho não estarmos nos falando o tempo todo.
Desde que chegara a Recife no início da tarde, Théo estava mudo. Antes de embarcar, ele até avisara que precisava ir ao hospital encontrar uma amiga e depois iria para casa descansar, mas custava enviar uma mensagenzinha sequer avisando que estava tudo bem?
— Eu estou ficando louca. — Balancei a cabeça para os lados, tentando afastar os pensamentos. Àquela altura, ele deveria estar dormindo depois de um dia de viagem enquanto eu estava me preocupando à toa.
— Como foi a viagem? Tudo bem com a mãe da sua amiga? — Enviei.
A campainha tocou.
— Já vai.
— Oi, Nina. — Larissa e Felipa falaram em uníssono.
— A que devo a honra?
Dei passagem.
— Nada especial, amiga. Nós só queríamos fazer uma reunião só nossa antes do seu aniversário. Voltarmos à tradição de estarmos juntas à meia noite! — Larissa deu de ombros e sentou-se na beira do sofá, pousando as mãos nos joelhos, toda empertigada, como se estivesse numa entrevista de emprego.
— Nada especial? E essa sacola do supermercado é para quê?
— Ah, nós trouxemos algumas besteiras. Não queríamos chegar de mãos vazias.
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̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶ Mônica
ChickLitNós havíamos nascido um para o outro. Afinal, éramos Eduardo e Mônica, o casal mais famoso da música brasileira. Então por que, quando ele me perguntou as palavrinhas mágicas, algo em mim gritou não, não, não? Eu, que sempre desejei um relacionament...