Levei um tempo para digerir aquelas palavras. Aos poucos, fui observando melhor tudo o que me rodeava. As prateleiras, a decoração, os produtos expostos à venda.
— Oh. — Eu me dei conta. Estava tão ávida por encontrar Théo que nem ao menos observara o lugar ao entrar.
— Théo não lhe avisou que a loja era um sex-shop, avisou?
Letícia juntou as mãos em frente ao rosto. Por um instante, pensei que ela estivesse com pena. A garotinha atormentada da época do colégio queria tomar conta de mim.
— Não. — Respondi, sentindo a face esquentar, como se todos estivessem me observando. Queria sumir dali. — Ah... Er... Eu... Você pode dizer a Théo que eu precisei ir embora?
— Mas, Môni...
Não esperei que Letícia terminasse. No que Théo estava pensando ao me chamar para aquele lugar? Ele havia perdido a noção. Já estava no final do corredor quando escutei a voz dele me chamando, mas não parei.
— Mônica, espere! — Senti sua mão em meu ombro. — Espere.
— O que você estava pensando? — Virei-me, sentindo a raiva transbordar. Eu me arrependeria do rompante no futuro, mas não consegui me conter. Sentia-me enganada. — O que se passou pela sua cabeça para achar que seria legal me trazer para um lugar como esse e cheio de gente? Que eu ia achar o máximo e te agradecer?
— Desculpe.
— Não sei nem por onde começar o quão inapropriado... O quê? O que você disse?
— Desculpe. Eu não devia ter omitido essa informação.
Eu me calei, sem saber o que dizer. Não estava acostumada a receber um pedido de desculpas naquele tipo de situação.
— Você não perguntou sobre o que era a loja e eu não tive coragem de dizer. Pensei que não viria se soubesse.
— E não viria mesmo. — Falei, mesmo sentindo que toda a raiva se dissipara. Naquele exato momento, estava mais focada na mão dele descendo do meu ombro para o punho.
— Eu queria muito que você viesse. — Ele apertou minha mão de leve.
— Por quê? — Desvencilhei-me e cruzei os braços.
— Porque sei que, se você abrir um pouco essa cabeça dura para tudo que está ali dentro, vai ser bem proveitoso.
— Pode esquecer. Não vou entrar ali. Não quero que ninguém me veja num lugar como aquele.
— Num lugar como aquele? — Ele riu, ou debochou, eu nunca tinha certeza. — Mônica, eu não te convidei para um bordel nem nada. É só uma loja.
— Detesto quando você faz esse barulho aí, sabia? — Revirei os olhos. — Você sabe do que eu estou falando.
— Não sei não. — Ele insistiu. — Qual o problema de entrar num sex-shop? — Ele respirou fundo. — Eu poderia passar horas falando sobre como o que você está falando é um preconceito idiota, mas é melhor sermos objetivos. Ninguém naquele lugar vai julgá-la por estar ali. Você só está prestigiando a inauguração da loja de uma amiga assim como todo o resto das pessoas lá dentro. Isso não significa que vão pensar que você é uma pervertida sexual ou coisa do tipo. Todos ali são amigos próximos de Bia e Letícia.
Mordi o lábio inferior. Até que fazia sentido.
— Você comentou algo com Letícia sobre mim? Sobre o meu... problema? — Perguntei ao lembrar das palavras da amiga de Théo, sentindo um pouco da raiva voltar.
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̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶ Mônica
Genç Kız EdebiyatıNós havíamos nascido um para o outro. Afinal, éramos Eduardo e Mônica, o casal mais famoso da música brasileira. Então por que, quando ele me perguntou as palavrinhas mágicas, algo em mim gritou não, não, não? Eu, que sempre desejei um relacionament...