Xinguei alto e me ajoelhei, levando as mãos ao olho atingido, na tentativa de que a pressão afastasse a dor.
— Mônica? — Senti a mão de Lorenzo no ombro.
O barulho dos martelos havia parado e percebi que chamara a atenção de todo mundo. Aquele definitivamente não era o meu dia de sorte.
— Dona Mônica, tá tudo bem? — Jorge tocou meu outro ombro.
— Está tudo bem sim. — Eu me levantei. — Por que vocês pararam? Não foi nada demais. Podem voltar.
— Então porque tu continuas com a mão em cima do olho?
Lorenzo cruzou os braços.
— Foi só um estilhaço minúsculo, Lorenzo.
Eu abaixei a mão.
— Teu olho está avermelhado e lacrimejando, Mônica. — Lorenzo me examinou de perto. — Vamos, eu vou te levar numa emergência.
— Claro que não. A obra não pode ficar sem um engenheiro e você ainda precisa ir no setor de André. — Sussurrei para Lorenzo e me dirigi aos pedreiros. — Vamos, pessoal. Voltem para o que estavam fazendo.
— Mônica, tu passaste o dia distraída no celular no canteiro de obras. — Ele levantou a voz. — Esqueceu de colocar o equipamento de proteção individual quando deveria ser a primeira a dar o exemplo a todo mundo. Causou um acidente em ti mesma e, para completar, agora te recusas a ir ao hospital. O que mais tu queres fazer para ganhar um atestado de irresponsabilidade? Que baita de um exemplo que tu estás passando para o resto da equipe!
Abri a boca e fechei mais de uma vez. Jorge e os outros pedreiros se afastaram, fingindo que haviam encontrado algo mais interessante para fazer.
— Eu vou ao hospital, mas você não precisa me levar.
Lorenzo cruzou os braços.
— É? E como tu vais dirigir nesse estado?
Segurei a vontade de bufar, mas tinha que dar o braço a torcer. Meu olho doía e lacrimejava demais para que pudesse dirigir.
— Eu vim de Uber hoje para o trabalho, posso dirigir teu carro até o hospital e depois te deixo em casa, se for o caso.
— Certo.
Quando Lorenzo se afastou para conversar com os pedreiros antes de irmos, corri para a segurança do interior do meu carro. Ao encostar a testa no volante, fechei os olhos e tentei não pensar no olho que ardia, mas o celular vibrando em meu bolso não estava ajudando.
— O quê? Se for sobre aquela maldita legenda...
— Olá para você também!
— Théo?! — Eu congelei. — Não vi que era você. Desculpa, eu não estou no melhor dos meus dias.
— Tudo bem. O que houve?
Respirei fundo.
— Tanta coisa que não sei nem por onde começar.
— Bem, considerando que meu voo para São Paulo é às onze da noite, você tem... pelo menos umas oito horas para me contar tudo.
— Você vai viajar?
Senti uma pontada de decepção ao constatar que não o veria tão cedo.
— Sim. Um encontro para apaixonados por cerveja artesanal e, claro, alguns empresários chatos também.
— Parece interessante.
— E é! Vai ter gente de todo lugar do Brasil, centenas de cervejas artesanais para degustação, palestras...
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̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶ Mônica
ChickLitNós havíamos nascido um para o outro. Afinal, éramos Eduardo e Mônica, o casal mais famoso da música brasileira. Então por que, quando ele me perguntou as palavrinhas mágicas, algo em mim gritou não, não, não? Eu, que sempre desejei um relacionament...