No dia seguinte, a dor de cabeça com a qual havia acordado só não conseguia ser maior do a vergonha. Depois de alguns minutos tentando decidir se as memórias da noite anterior eram sonho ou realidade, sentei na beirada da cama e esfreguei o rosto com as mãos.No que diabos estava pensando quando fora ao prédio de Eduardo pedir para reatar? Eu não podia brincar com os sentimentos das pessoas daquele jeito. Se eu não tivesse errado de andar, teria quebrado a promessa que fizera ao meu pai. Que tipo de pessoa quebrava uma promessa feita ao pai praticamente no leito de morte?
Quando aquele sentimento de que era a pior das pessoas do mundo me abandonaria? Dirigi-me a passos arrastados à cozinha, onde uma Mafalda eufórica me recebeu.
— Nina, o que aconteceu ontem? Você e Eduardo voltaram? — Ela pulou da cadeira e correu para meu lado com um sorriso estampado no rosto. — Como foi que isso aconteceu?
Suspirei, já prevendo o que estava por vir.
— Não, Mamá. Eu cheguei ao prédio de Eduardo, mas acabei desistindo.
Era melhor não entrar em detalhes sobre a saga da noite anterior.
— Mas... — Ela me olhou confusa. — Você disse no áudio que estava lá com ele.
— Eu estava bêbada. — Abri a geladeira e coloquei um pouco d'água gelada num copo.
— Por que você desistiu?
— Porque me dei conta a tempo do quão egoísta estava sendo. Eu fiquei com um cara aleatório no pub ontem e depois descobri que ele tinha namorada. O medo de não encontrar ninguém decente na vida bateu e eu me acovardei.
Apesar de as coisas não terem acontecido daquela maneira, não deixava de ser verdade.
— O seu medo não foi infundado. Tem muita gente no mundo que pode nos fazer mal. — Ela deixou os ombros caírem, a tristeza estampada no rosto.
— Você está falando de mim ou de si mesma?
— Eu... De você, claro.
Senti uma pontada no peito ao me dar conta de que Mafalda ainda tinha esperanças de que eu voltasse com Eduardo.
— Mamá, eu não quero mais falar nesse assunto, tudo bem?
— Claro, Nina. Desculpa. — Mafalda segurou minha mão e sorriu com o canto da boca. — Eu ainda não acredito que perdi de ver a caçulinha da família tomar um porre.
— Ainda bem que nossa mãe não estava aqui.
— Seria uma cena e tanto de se ver.
Nós duas rimos da ideia.
— Eu vou tirar um cochilo, Nina. Se precisar de algum remédio para a ressaca, tem lá no quarto, tá?
— Mas você acabou de acordar.
— Bateu o sono de novo.
— Você está estranha.
— Eu sempre fui meio estranha, né? A ovelha negra da família e tal.
— Não seja dramática, Mamá. Ainda tem aquele cereal que nossa mãe trouxe?
Ela acenou com a cabeça para o pacote e a vasilha em cima da mesa antes de sair. Peguei leite na geladeira e enchi a tigela até bem perto de transbordar, misturando com o cereal e granola em seguida, mas me arrependi na primeira colherada. A dor de cabeça estava tão intensa que até mesmo o barulho da mastigação incomodava. Tudo o que eu queria era que aquele dia passasse o mais rápido possível.
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̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶ Mônica
ChickLitNós havíamos nascido um para o outro. Afinal, éramos Eduardo e Mônica, o casal mais famoso da música brasileira. Então por que, quando ele me perguntou as palavrinhas mágicas, algo em mim gritou não, não, não? Eu, que sempre desejei um relacionament...