Capítulo 28

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Théo dera as costas e estava prestes a entrar no carro quando fechei a porta na sua frente, quase prensando a mão dele junto.

— Espere. Você não veio até aqui pra ir embora sem falar comigo, veio?

Cruzei os braços, colocando-me entre ele e a porta, sem me importar por estarmos atrapalhando o trânsito. Não sabia bem porquê estava agindo daquela forma. Ou sabia sim. Tinha esperanças de que Théo me convencesse de que tudo não passara de um mal-entendido. 

— Vamos sair da rua ou seremos atropelados. — Eu o acompanhei até a calçada. — Foi por isso que mandou aquela mensagem?

— Do que você está falando?

— Do que eu estou falando? — Ele arregalou os olhos e riu, debochado. Agora eu já sabia dizer bem quando ele estava rindo de verdade ou apenas sendo irônico. Meu timing não poderia ser melhor. — Você aos beijos com aquele cara. O seu supervisor no trabalho, se não estou enganado. Lorenzo, não é?

— Não! Não tem nada a ver.

— Eu cansei de tentar chegar até você, Mônica. Você se aproxima de mim, mas insiste em dizer que somos amigos. Me beija num instante e, no momento seguinte, me bloqueia depois de uma mensagem digna do Twitter. Beija outro cara na minha frente e agora vem exigir que eu fale com você. Faça o que bem entender da sua vida, mas não me peça para ficar metido nessa confusão de pré-adolescente. Eu não tenho mais idade para isso.

— Não que eu precise me explicar para você, Théo, mas ele me beijou e o beijo não significou nada para mim. Eu deixei bem claro isso para o próprio Lorenzo quando me afastei dele no carro. — Porque tudo em que conseguia pensar era em como eu preferia beijar você, seu idiota, pensei. — E, mesmo que tivesse significado, quem é você para falar algo? Você beijou Luma.

Théo franziu a testa, entreabrindo a boca. Senti prazer por tê-lo tirado do pedestal.

— Vai negar?

— Não.

Ele respirou fundo.

— Você não ia me contar, ia? Você me mandou aquelas mensagens ontem, depois que voltou de São Paulo, fingindo que estava tudo normal, mas estava com Luma. 

— No hospital, consolando uma amiga que a mãe está na UTI depois de um maldito AVC do qual é provável que nunca se recupere. Eu não disse uma mentira sequer.

— É assim que você consola suas amigas? Beijando-as?

— Não acredito que vou dizer isso, mas... — Théo riu em ironia outra vez. Senti vontade de o estapear. Por que ele me provocava aquele tipo de sentimento o tempo todo? — Não que eu precise me explicar para você, Mônica, mas ela me beijou e o beijo não significou nada para mim. Eu deixei bem claro isso para a própria Luma quando me afastei dela. Soa familiar?

— Não seja idiota, foi diferente. Você e Luma têm uma história.

— Você e ele não?

— Não como a de vocês. Não me esqueci de como me ignorou quando Luma chegou no sex shop aquele dia.

— Eu estava com raiva de você e sua insistência em nos chamar de apenas amigos o tempo todo, Mônica!

— Théo, se não significou nada porque não me falou?

— Antes ou depois de você me bloquear?

— Você ia me falar?

— Não. Porque sequer dei importância para o que houve. Sim, eu e Luma tivemos uma história, mas que, da minha parte, ficou no passado desde o dia em que você cruzou a porta do meu apartamento. Quando fui ao hospital, não foi como alguém que estava indo trair a mulher que ama, mas apoiar uma amiga que me pedira ajuda. No instante em que Luma me beijou e percebi que ela ainda tinha sentimentos por mim, eu me afastei.

̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶  MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora