Capítulo 10

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Já estava me preparando para o pior quando o peso do corpo de Théo desapareceu por completo de cima de mim.

— O que houve? — Perguntei ao abrir os olhos e vê-lo deitado ao meu lado.

— Você devia ter pedido para parar se não estava a fim, Mônica. — Ele falou, a voz ressentida.

— Por que você está dizendo isso? — Vesti a blusa de volta. Minha saia e lingerie ainda estavam no lugar.

— Bastou olhar para você para saber que não quer estar aqui agora.

— Você está com raiva?

— Sim.

— Desculpa. Estraguei tudo.

— Não estou com raiva porque você não está a fim de transar. — Ele olhou para mim, incrédulo. — Estou com raiva porque você não me disse que não queria. Você ia me deixar ir até o fim mesmo sem vontade?

Peguei o travesseiro na tentativa de me cobrir. Apesar de vestida, nunca me sentira tão nua como naquele momento.

— Eu não nasci para isso, Théo. — Senti uma súbita vontade de desabafar. — Devo ter algum problema.

— Do que você está falando? — Ele franziu a testa, aproximando-se de mim, mas parando quando estava prestes a tocar meu ombro. — Como alguém pode não ter nascido para transar?

— Desculpa ter deixado as coisas chegarem até esse ponto. — Eu me levantei. — É melhor voltar pra casa.

— Mônica, pare. — Théo me fez sentar. — Naquele dia em que bateu na minha porta de madrugada, você disse que queria voltar para o seu ex mesmo que o sexo não fosse bom. É disso que está falando agora também?

Fiz que sim com a cabeça.

— Acho que nunca gostei de transar. — Senti como se tirasse um peso de toneladas dos ombros. — Minhas amigas sempre comentam das loucuras que elas fazem entre quatro paredes, mas nunca consegui entender essa vontade toda que as pessoas têm. Sexo para mim sempre foi esperar que Eduardo terminasse. — Eu me joguei de volta na cama e cobri o rosto com as mãos. — Eu definitivamente tenho algum problema.

— Você fingia ter orgasmos para ele? Pro seu ex?

— Não. Eu nem sei o que é um orgasmo, Théo.

— Você nunca...? — Ele arregalou os olhos. — Quanto tempo vocês namoraram?

— Uns três anos.

— E o seu ex nunca se incomodou por você não sentir prazer com ele?

— Como assim?

— O seu ex, Eduardo, ele estava de boa em transar mesmo que você não tivesse tesão algum?

Fiz uma careta, tentando relembrar o passado.

— Nunca comentei com Eduardo. Achava que isso era normal. Quando ele tinha vontade de transar, eu aceitava e pronto. Ele não tinha como saber que eu não queria.

— Não, Mônica. — Théo emitiu aquele som que eu não sabia distinguir se era risada ou deboche. — Se você se comportava do mesmo jeito que se comportou agora comigo, é impossível que ele não tenha percebido nada esses anos todos. E, se ele sabia que você não sentia prazer e não se esforçava para que sentisse, então ele é um grande babaca. Como diabos você passou tantos anos com esse cara? Pior, como queria voltar para ele naquela noite? — Havia um quê de indignação na voz dele.

— Eduardo não é esse monstro que você está pintando. — Eu me sentei. — Existiam outras coisas no relacionamento que me faziam continuar. Você não o conhece. Ele é um cara legal. Todo mundo gosta dele, minha família, meus amigos...

̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶  MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora