Escondi o papel no bolso da calça antes que Théo chegasse. Bia se juntou a um grupo de mulheres no outro lado da loja. Letícia estava no lado oposto, prendendo a atenção de todos a sua volta, como sempre.
— Então, se interessou por alguma coisa?
— Não exatamente. — Repeti a resposta de momentos antes. — É só que tudo me parece tão... bobo. — Acrescentei, sendo mais honesta do que minutos atrás.
— Bobo? — Théo franziu a testa.
— Perturbador, sei lá. — Dei de ombros, tentando não olhar para o local em que Bia havia guardado o vibrador em formato de cacto. — Por exemplo, por que alguém usaria isso aqui? — Apontei para as vendas de olhos penduradas. Algumas delas eram, ao que parecia, gravatas que se transformavam em tapa olhos.
— Por que não?
— Eu me sentiria estúpida.
— Você está pensando nelas fora do contexto.
— Como assim?
— Qualquer item aqui sem um contexto fica meio estúpido.
Ergui as sobrancelhas, descrente.
— Feche os olhos.
— Por quê?
Cruzei os braços.
— Confie em mim e feche os olhos.
Resmunguei do seu tom autoritário, mas me voltei para a prateleira, de forma que as pessoas a nossa volta não me percebessem.
Quando fechei os olhos, percebi que tocava uma música francesa em meio ao zunzunzum dos convidados. Não entendia uma só palavra do que o cantor dizia, mas sua voz era doce.
— Imagine que você acabou de sair do trabalho. — Théo murmurou junto à minha orelha, fazendo com que seu hálito quente batesse em meu pescoço. Senti os pelos da nuca se eriçarem. Mesmo sem tocá-lo, podia sentir o calor que emanava do corpo de Théo por trás de mim. — É uma sexta-feira e você está um pouco cansada, querendo relaxar. Você chega em casa e encontra uma mesa de jantar posta. O ambiente está meio escuro, à meia luz.
— Quem fez o jantar? Dificilmente Mafal...
— Shhh... — Théo tocou de leve o dedo indicador em meus lábios, silenciando-me. — Só imagine.
Com o gesto, o braço dele encostou em todo o lado esquerdo do meu corpo. Théo estava quase me abraçando pelas costas. Suspirei, tentando controlar a vontade de dar um passo para trás e colar meu corpo ao dele.
— Eu fiz o jantar. — Havia uma firmeza na voz dele que me agradava. — Você me disse que queria relaxar naquela noite. Pelo telefone. Você me chamou, lembra?
Concordei com a cabeça, o que fez com que minha orelha roçasse de leve nos lábios dele. Senti um formigamento se espalhar pela região.
— Você está curiosa e me pergunta o que fiz para o jantar, mas eu não respondo. Não. Você vai ter que adivinhar.
Théo se mexeu, indo devagar do meu lado esquerdo para o direito e roçando sutilmente em meus cabelos com o movimento. Senti um arrepio.
— Você me pergunta se vou lhe vendar, sem conseguir quebrar o contato visual. Sim, é isso que eu vou fazer, Mônica, digo enquanto afrouxo a gravata. Você engole a própria saliva enquanto observa meu pomo de adão se mexer. Para cima e para baixo.
Engoli minha saliva, sabendo que ele dissera aquilo por causa de como eu o fitara no bistrô.
— Você observa enquanto me levanto e caminho em sua direção. Seu coração começa a bater mais forte. — Théo sussurrou, roçando seus lábios mais uma vez em minha orelha e me fazendo arfar.
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̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶ Mônica
ChickLitNós havíamos nascido um para o outro. Afinal, éramos Eduardo e Mônica, o casal mais famoso da música brasileira. Então por que, quando ele me perguntou as palavrinhas mágicas, algo em mim gritou não, não, não? Eu, que sempre desejei um relacionament...