— Onde eu estava com a cabeça quando aceitei sair com ele?
Ainda enrolada na toalha e com os cabelos molhados, eu andava de um lado para o outro do quarto. O look da noite — saia midi rodada azul marinho, blusa de alcinha estampada com pequenas flores e um colar metálico — já estava em cima da cama, mas ainda não tivera coragem de colocá-lo.
— Jesus, Nina, é só um jantar!
Mesmo tendo um plantão no hospital em que trabalhava dali a algumas horas, Felipa fizera questão de participar da produção para testar uma maquiagem nova em mim. O que eu não sabia se era uma boa ideia, mas Felipa insistira tanto que não tive como recusar. Para falar a verdade, eu estava começando a desconfiar que minhas amigas não acreditavam muito nas minhas habilidades para me arrumar para um encontro.
— É claro que não é só um jantar! Théo é o maior mulherengo do prédio de Eduardo, Felipa.
— Nina, tudo o que você sabe sobre Théo são boatos e aquela vez em que o viu com uma mulher. Que atire a primeira pedra quem nunca deu ou nunca quis dar uns amassos no elevador.
— Eu nunca.
— Você e Eduardo não contam, né. Depois do que você falou sobre sexo, nem sei como ficaram juntos por tanto tempo. Ugh. — Felipa fingiu ter um calafrio.
— O que diabos eu vou fazer se no final do jantar ele quiser... você sabe.
— Você não é obrigada a transar com ele se não estiver a fim. Sabe disso, não sabe?
Prendi os lábios.
— Mas, na minha humilde opinião, acho que conhecer outras pessoas seria uma excelente ideia para você e, se Théo for esse mulherengo todo, melhor ainda. Ele talvez te proporcione coisas no sexo que você, tipo, nunca imaginou. Sério, se eu pudesse recomendar uma coisa para toda mulher seria transar ao menos uma vez na vida com um bom cafajeste.
— Não poderia discordar mais.
— Você concordaria se tivesse transado com os que eu transei. — Ela suspirou, como se estivesse pensando em cenas do passado.
Revirei os olhos.
— Vai dizer que não tem nem um pouco de curiosidade para saber como é um sexo bom de verdade? — Felipa cruzou os braços. — Um bom orgasmo, daqueles de te fazer gritar e gemer de prazer como se não houvesse amanhã? — Ela falou e começou a gemer alto.
— Pare! — Eu lhe dei um tapa no ombro. — Acho que vou mandar uma mensagem cancelando. — Fiz menção de pegar o celular jogado em cima das roupas sobre a cama, mas Felipa pegou o aparelho antes de mim.
— Nem pense nisso, garota. Se você aceitou jantar com Théo é porque ele te interessou de alguma forma. Pare de se sabotar, poxa! Saia com ele e veja no que dá. Se, no final dessa noite, você não quiser nada mais, é só voltar para casa com sua calcinha no mesmo lugar e pronto.
Eu me joguei na cama e escondi o rosto debaixo do travesseiro, desejando ter pelo menos um décimo da autoconfiança de Felipa.
— E agora trate de começar a se arrumar porque já são seis e vinte e Théo está dizendo que vai passar aqui para te pegar às sete.
— Minha nossa! — Pulei da cama e peguei o celular das mãos de Felipa. — Eu vou me atrasar. Não vai dar tempo de escovar o cabelo.
— Falando em escovar o cabelo, trouxe uma surpresinha para você. — Felipa sorriu maliciosa e tirou da mochila um secador de cabelo que mais parecia um alto falante.
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̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶ Mônica
Chick-LitNós havíamos nascido um para o outro. Afinal, éramos Eduardo e Mônica, o casal mais famoso da música brasileira. Então por que, quando ele me perguntou as palavrinhas mágicas, algo em mim gritou não, não, não? Eu, que sempre desejei um relacionament...