ROAD

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Joalin saiu do banheiro vestindo um macacão mostarda, com uma manga recortada e larga que ia até o cotovelo, um decote em V não muito discreto e um nó na cintura. Não costumava ousar muito nas cores mas essa noite teriam um jantar no restaurante italiano do resort, em homenagem a sua comida preferida, achou que valeria a pena. 

Bailey já estava pronto do lado de fora do quarto, observando o oceano em uma calça preta ajustada e blusa social de botões verde musgo. A noite que acabara de cair era fresca e a brisa não parecia tão suave, mostrando que a chance da chuva chegar mais tarde era existente. 

Joalin já tinha secado os cabelos e feito uma maquiagem refrescante, ela calçou as sandálias pretas com um salto quadrado e confortável e então caminhou até a porta de vidro, avisando seu marido que já poderiam ir. 

-Wow, você está linda- o meio filipino sinalizou assim que a avistou, ela sorriu de lado e respondeu:

-Você também- ambos sorriram- Podemos ir? 

De fato, era nítido que a paixão estava prestes a acontecer. Diferente da maioria dos casais, que sobem o altar já tendo certeza do que sentem, eles pareciam ter acabado de realizar um sorteio para decidir a ordem dos acontecimentos. 

Primeiro, uma festa, álcool e sexo. Depois um casamento arranjado, em seguida a adoção de uma criança e aí sim sobrou espaço para caminharem com o relacionamento. 

Uma pena que as coisas não aconteciam em um estalar de dedos, Bailey e Joalin não estavam perdidamente apaixonados, tampouco se amavam. A estrada era longa e apesar de que, no fundo, ambos sabiam que essa hora iria chegar, muitos pedágios ainda estavam no caminho. 

Teriam que os guiar por vários quilômetros, dentre eles, essa noite poderia se encaixar em um primeiro encontro, quem sabe? Ambos começavam a desenvolver o confortável sentimento da convivência sadia, a atração física e o flerte presentes desde o ínicio se misturavam ao novo sentimento conquistado. 

Teriam de alcançar a paixão e junto dela, correr atrás de algo mais profundo como o amor. As etapas poderiam ser invertidas mas ainda existiriam, mesmo casados, o amor precisava ser desenvolvido, a convivência poderia ser um facilitador mas não traria o sentimento da noite para o dia. 

Uma pena, tudo seria tão mais fácil se tivessem seguido as etapas na ordem comum das coisas. Teriam menos desafios se o casamento acontecesse com amor, mas não, não ainda. 

Até mesmo os títulos, como os Reinos podiam atrapalhar as vidas pessoais dos monarcas. 

E na estrada da vida, eles deram mais um passo quando pisaram no restaurante. Bailey puxou a cadeira para sua esposa e ambos se encararam, assim que o pedido foi feito. 

Se não tivessem uma aliança no dedo e as memórias das noites que passaram juntos, aquele momento com certeza se encaixaria na categoria dos primeiros encontros. Eles mal sabiam o que conversar, tudo o que sabiam um do outro eram boatos que corriam pelas Famílias Reais europeias. 

-Então- Bailey sorriu passando o garfo pela massa em seu prato- Está preparada para se tornar uma rainha?- "Ótimo jeito de começar uma conversa Bailey", a loira pensou. 

-Acho que ainda temos bastante tempo para amadurecer a ideia, seu pai é jovem e creio que tenhamos algumas décadas fora do trono. 

-Eu não sei, ouvi uma conversa de meu pai sobre deixar o trono daqui a alguns anos. 

-Não sei se parece o mais responsável a se fazer- ela o encarou assustada- Além do mais, se algo acontece conosco Sabina teria de assumir, quando este lugar deveria ser de um filho seu, preparado para ser rei desde o nascimento. 

-É, tem razão- ele deu de ombros- Preciso conversar com ele sobre suas decisões, talvez o deva fazer apenas quando tivermos filhos biológicos com certa idade como 10 anos. 

-Fico feliz que Zion não irá assumir. Quer dizer, espero que isso não seja uma questão importante para ele, não quero que se sinta menos nosso filho por isso mas para nós, que crescemos nas mais rígidas regras da monarquia, não gostaria de submetê-lo a isso. Espero que ele tenha tempo para brincar, se divertir e ter uma vida leve. 

-Eu concordo- o príncipe voltou a falar- Acho que após tanto sofrimento, não seria justo lhe entregar uma responsabilidade deste tamanho. Além do mais, nosso primeiro filho biológico vai estar acostumado com isso desde seu nascimento, assim como eu fui. 

-Ainda assim, quero tomar cuidado na criação dos meus filhos para que eles não sejam produtos, elementos de marketing ou que tenham um trabalho árduo desde pequenos somente pela falta de sorte de terem nascido na família real. 

-Eu penso da mesma maneira- ele bebericou o vinho- Seu irmão lidou de forma tranquila com tudo isso? 

-Acredito que melhor que eu e Sofya, mesmo sendo o primeiro na linha de sucessão. Quer dizer, ele sofreu muito com a perda do pai, eram muito agarrados mesmo que mal consiga se lembrar dele. Ainda assim, sinto que minha mãe precisou ser mais cuidadosa com nós duas que passamos por um abandono, Joshua sempre acreditou que seu pai estava com ele, mesmo que não fisicamente, o guiando e se fazendo presente. Sabemos que ele era amado, eu e Sofya não éramos importantes para nosso pai, se fossemos, ele teria pensado melhor antes de desaparecer por não saber lidar com suas responsabilidades. São marcas que vamos carregar para sempre, o medo do apego e do abandono.

-Eu realmente sinto muito, não podia imaginar que sua infância tivesse sido conturbada dessa forma. Você sabe, a mídia especula muito mas muitas vezes não sabemos no que acreditar.

-Inclusive- ela levou a taça na boca- No auge da minha adolescência, quando expuseram todo meu relacionamento com um garoto da escola na época, meu maior medo era que ele me largasse por isso, ou se aproveitasse do meu nome. Por isso decidi colocar eu mesma um ponto final, mesmo que a imprensa me tratasse como a vilã no final. 

-Eu acho que me lembro disso. 

-Foi um escândalo repleto de informações falsas e vendidas pelo garoto, achei que depois disso nunca mais iria me casar. Nunca quis que meus filhos passem pelo que passei.

-Bom, eu não vou fugir- ele deu de ombros e sorriu de lado 

-Você nem tem como, se esqueceu que em pouco tempo se tornará rei de uma das maiores potências mundiais? 

-As vezes eu quase consigo esquecer disso. É difícil ser um cara normal com esses títulos nas costas. 

-Eu entendo completamente- ela sorriu tentando o confortar.  

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Queria dizer que, como sabem, gosto de dar meu melhor nas minhas histórias. KINGDOM é uma das minhas preferidas e temos um lindo caminho traçado, fiquei desmotivada após o último capítulo, com a queda do número de comentários e principalmente comigo mesma.

Estava escrevendo histórias mais leves e essa está vivendo um momento complicado e emocionante, eu sabia que se escrevesse antes isso iria afetar minha vida pessoal, eu ia ficar mal e iria me afetar de uma forma bem negativa, por isso decidi sumir por um tempo e trazer um capítulo mais descontraído dessa vez. Prometo que o processo de adoção vai ser rápido e que logo logo Joalin e Bailey terão mais oportunidades para se descobrirem pais.

Admito também que tinha montado um enredo que me deixou descontente, iria seguir uma linha parecida com o que aconteceu em outras fanfics minhas e apesar de ser um assunto que gosto de tratar e se encaixaria bem, decidi descartar justamente para não virar rotina e acabar sendo um assunto tão falado que o torne chato. 

Por favor, não se esqueçam de votar e comentar. Amo vocês! 

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