Joalin olhou para a bebê agasalhada em seu colo. Se a maioria dos recém nascidos perdem um pouco de peso após o nascimento, isso não foi o que aconteceu com Zara. A menininha que tinha poucas horas de vida parecia ainda mais gordinha.
Mãe e bebê já tinham recebido alta, quando se aproximava das sete da noite. A tradição era de sair da maternidade no mesmo dia do parto, se tudo estive bem, o que se encaixava perfeitamente no caso das duas. Mas obviamente teriam todo auxílio médico dentro dos muros do castelo.
-Pelo menos o tipo sanguíneo é meu- Joalin deu de ombros, a balançando no colo.
-Quem sabe da próxima vez pareça com você- o meio filipino deu um sorriso de lado, brincando com a falta de semelhança entre sua esposa e sua filha.
-Ela é tão linda- Joalin sorriu boba, sem conseguir tirar os olhos da filha.
-Ela é, o bebê mais lindo que já vi- Bailey confirmou.
-Tudo ocorreu bem, no anuncio do nome?
-Sim, eles colocaram uma placa e enviaram um mensageiro real, na frente do palácio. Sexo, nome, data de nascimento, peso e altura já foram divulgados.
-Isso é ótimo! Consigo ouvir os fotógrafos daqui- ela disse, já que se preparavam para deixar a maternidade e posarem para a tradicional fotografia.
-Foi uma surpresa, já que foi uma semana antes do tempo planejado. Ouvi dizer que todas as casas de apostas diziam ser um menino, que se chamaria Matthew ou Phillip. A menor porcentagem que apostou em meninas dizia que se chamaria Victoria ou Johanna.
-Eles realmente não nos conhecem- ela sorriu- Nunca seríamos tão óbvios!
-Não mesmo- Bailey concordou- Não era para demorar alguns dias até que sua barriga desinchasse?
-Ainda está longe do normal, mas parece que eu estou grávida de quatro meses.
-Achei que fosse demorar um pouco mais- ele deu de ombros- Eu- ele encarou os próprios pés e respirou fundo, por algum tempo.
-Precisa me falar alguma coisa? O que aconteceu?- ela soou preocupada.
-Ei, calma- ele acariciou seus cabelos- Não aconteceu nada e você não pode se estressar, acabou de ter um bebê e deve respeitar o resguardo.
-Por que parece que você está enrolando para me dizer alguma coisa?
-Porque eu realmente estou, só que não é algo ruim, eu acho- ele levantou as sobrancelhas, se sentando na ponta da cama onde ela estava com Zara no colo.
-Bailey, fale de uma vez- ela realmente estava preocupada com tudo aquilo.
-Ok- ele respirou fundo e procurou sua mão livre, a segurando- Faz um tempo que tenho percebido que nosso sentimento não é o mesmo- começou.
-E?- ela aguardava ansiosamente pela continuação de seu pequeno discurso.
-E eu acho que, de um jeito louco, nós passamos por várias etapas de um relacionamento, mesmo que completamente fora de ordem.
-Olha, se você quiser o divórcio, você não poderia ter escolhido pior momento para me falar isso- ela afastou sua mão dele- Uma criança acabou de sair do meio das minhas pernas.
-Joalin- ele riu, extremamente nervoso- Não é nada disso!- disse firme
-Não?
-Não! Eu sei que nunca te disse isso e talvez já tenha passado da hora.
-O que?- ela o cortou, confusa.
-Eu quero te dizer que eu te amo e que quero me casar com você, de novo e de verdade, sem ser uma obrigação, dessa vez.
-Mas- seus olhos brilharam e uma lágrima escorreu, ela sorriu e balançou a filha que ameaçou chorar- Eu também te amo, Bay- falou, com uma facilidade que nem sabia ser possível, eram palavras completamente verdadeiras e que passaram tempo demais escondidas.
-Então você aceita?
-É claro que eu aceito- o puxou para perto, o dando um beijo.
O amor é uma construção, uma ponte que não surge de um dia para o outro, que não aparece em um piscar de olhos ou em um estalar de dedos.
O amor é uma estrada, uma rota em que duas pessoas tem que caminhar sozinhas e em parceria. É algo que demora, mas que vale a pena porque supera qualquer outro sentimento.
Se Bailey e Joalin precisaram de pouco mais de um ano de casamento para dizerem o primeiro eu te amo, não foi por orgulho, nem por medo. Eles tiveram o tempo que precisaram e a atração que os levou para a cama, se transformou em um "gostar", em paixão e sucintamente virou amor.
Eles nunca diriam da boca para fora e, naquele momento, já tinham passado por desafios e provas o suficiente para terem certeza de tal amor. Para transformarem em algo cem por cento real.
E agora pais de dois, deveriam se acostumar com a rotina puxada:
-Papai, mamãe- Zion entrou pela porta, interrompendo o beijo dos pais com autonomia de um pequeno adulto- É hora de ir- ele disse, se despedindo da babá que o acompanhava, logo em seguida.
Depois de conhecerem a sobrinha, Sabina e Hina foram encaminhadas até o castelo onde Bailey e Joalin moravam, para receberem a família da loira. De lá, eles aguardavam ansiosamente para conhecerem Zara, assim como os pais de Bailey que também haviam voltado à pouco.
-Prontas?- Bailey perguntou, pegando o filho no colo- Quando foi que ficamos tão informais?- se perguntou, visto que ele usava apenas uma blusa social azul claro e calça jeans, enquanto sua esposa tinha um vestido solto, leve, florido e pouco abaixo do meio das coxas. Nos pés usava tênis.
-Eu literalmente acabei de parir, não importo com o que digam. Nossos filhos estão impecáveis e isso é tudo- o meio filipino deu um sorriso orgulhoso, quando ela acabou de falar.
Joalin era um exemplo de mãe, isso era incontestável.
Apesar de ser inverno em Londres, a temperatura estava acima dos quinze graus, o que parecia um milagre. Joalin agradeceu aos céus por isso, Zion ainda se acostumava com o frio extremo, bem diferente do inverno da Jamaica, além de que seria sacrificante demais para Zara.
Ela tomou cuidado para que o bebê estivesse com o rostinho para fora da manta, já que os fotógrafos deveriam conseguir ter tal visão. Seu marido a abraçou de lado, enquanto tinha o filho mais velho nos braços.
Não importava se não deveriam estar se encostando ou se tinham de usar roupas um pouco mais formais. Nada mais importava.
Os dois caminharam juntos até a saída do prédio tradicionalmente inglês. Assim que as portas foram abertas, os barulhos de flashes começaram a ser ouvidos e os fotógrafos destinados ao cargo, extremamente profissionais e preparados para tal, não os incomodaram com perguntas ou qualquer tipo de inconveniência.
Na maioria das imagens, os três foram pegos olhando para a menininha nos braços da mãe. A verdade é que estavam encantados demais para prestarem atenção em qualquer outra coisa.
-Você escolheu a hora certa- ela olhou para o marido, dando um sorriso enquanto ainda eram fotografados.
-Eu sei que sim- o castanho em seus olhos se transformou em uma imensidão dourada.
Agora sim, tudo era mais real que nunca!

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KINGDOM
FanfictionMesmo cotada para ser rainha da Finlândia, como a segunda na linha de sucessão pelo trono, Joalin nunca deixou que os problemas do Reino atrapalharem sua vida pessoal. Muito pelo contrário, toda princesa precisava mesmo ser certinha? Bailey, por ou...