Eu já tinha caminhado pela floresta inteira quando voltei para casa. Ainda faltavam duas horas para a festa de Mily, então decidi desenhar. Sentei na minha pequena escrivaninha e peguei meu pequeno caderno de rabiscos. Comecei a traçar pequenas folhas e galhos de outono, a floresta ainda cantava em meus ouvidos. Ela me dava direções e dicas de desenho. Ela me dava as cores e os animais e eu apenas os desenhava. Não percebi o que estava desenhando até o momento que peguei o lápis violeta. Outono não tem violeta pensei na paleta de cores do outono. Voltei minha atenção para o centro do desenho, onde olhos sedutores e predatores me encaravam em meio a arbustos secos. Aqueles olhos me chamavam e me atraiam, tanto quanto a canção ainda constante da floresta. Aquele transe apenas se cortou com o alarme do meu celular. Faltava uma hora para a festa. Encarei uma ultima vez aquele par de olhos violeta antes de fechar o meu caderno com força e me levantar para o banheiro. O meu banho era frio, como se para me acordar. Mesmo assim, aqueles olhos violetas me penetravam, me encaravam e me seduziam. Respirei fundo, para acalmar a canção da floresta e a sensação daqueles lindos olhos. Quando sai do banho, me dei conta de que demorei demais.
- Merda...- eu resmunguei enrolando a toalha no cabelo. Corri para o meu closet em busca de algo 'apropriado'. Me deparei com um vestido relativamente novo, que minha mãe tinha me comprado para uma ocasião importante. Era um vestido de seda e brilhantes, com uma longa camada de organza acima da saia. Era de um violeta intenso e magnifico, com mangas longas e tranparentes caindo depois dos ombros. O mesmo violeta dos olhos... Eu chacolhei minha cabeça, e considerei o vestido bom o suficiente para a ocasião.
Eu estava suficientemente satisfeita com como o vestido estava no meu corpo, então me sentei na minha penteadeira para começar o meu cabelo. O vestido chamava muita atenção, mais do que eu mesma, então comecei a fazer uma rapida coroa de tranças no topo da minha cabeça, as adornando com alguns grampos de brilhantes, formando uma coroa. Ficou melhor do que eu tinha esperado, mas não foquei muito nisso. Há estava atrasada quando comecei a passar a sombra prateada e preta. O deliniado foi simples junto com o blush e iluminador. Na boca, passei um lindo batom marrom escuro. Nunca tinha me considerado uma ótima maquiadora, mas tinha ficado bem orgulhosa do resultado. Com uma rápida olhada para o relógio, percebi que já estava 10 minutos atrasada. Corri para colocar o meu salto prata que envolvia minhas pernas até a canela. Desci as escadas com cuidado e me apressei para a casa de Milly. Apesar da casa de minha melhor amiga ser logo abaixo da rua onde eu morava, ainda eram algunsa bons minutos de caminhada. O vento gelado era cortante, e me fez questionar se levar um agasalho seria uma boa opção. Decidi seguir em frente, afinal de contas eu não sairia da casa de Emily, só mais tarde. A rua estava silenciosa e todas as casas estavam apagadas e em paz. A unica que estava barulhenta e iluminada era a casa de Mily. Pessoas transbordavam de fora da casa que tocava uma música alegre. Eu respirei fundo antes de entrar pelo jardim de flores e plantas perfumadas. As várias pessoas do jardim me encaravam. Todas tinham vestidos e roupas formais, mas eu estava de fato um pouco... extra. Como sempre, mantive minha cabeça baixa, concentrada nos meus pés enquanto passava para o hall de entrada. Nenhuma casa da vila era considerada grande, mas a casa de Emily era uma das mais sofisticadas. O chão de mármore preto refletia o grande lustre com luzes negras. As escadarias com corrimãos dourados tinham decorações de flores e serpentinas, assim como o salão todo. Um pequeno palco improvisado surgia no final do salão, junto com uma pista de dança e uma mesa com comidas e bebidas. Conforme eu passava pelo salão agitado e lotado, pessoas paravam para me observar. O caos daquela casa parava como se eu o controlasse. Mas segundos depois, voltava a se dissipar pelo som de música, risadas e fofocas. Meu desespero crescente berrava dentro de minha cabeça a cada a passo que eu dava e não encontrava Emily. Os olhares, o silêncio e a sensação eram mais pesadas que qualquer soco que alguém do trio fantástico me dava. Finalmente, depois de alguns minutos que me pareceram horas, encontrei Emily conversando com um grupo de meninas que não reconheci na hora.
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Um amigo lá de baixo...
FantasyNem tudo é o que parece, mesmo que sua vida inteira seja baseada nesses fatos. Para Karma, a menina de 17 anos que sempre foi rebaixada por ser diferente, a verdade era a de um mundo cruel. Mas tudo pode virar de cabeça para baixo se você tiver a pe...