Era um dia como qualquer outro. Eu ria de Mily, que não parava de falar sobre um garoto da sua aula de química. Era muito típico para ela ficar babando por qualquer menino ou menina. Graças aos céus, as minhas três carcereiras não estavam a vista, me dando um pouco de paz.
Finalmente chegamos no meu armário, Emily agora falando sobre uma menina na sua aula de história. Mas nós duas calamos nossas bocas quando um papel caiu de dentro do meu armário. Eu guardo o meu material e pego o papel do chão, observando o envelope cuidadoso e a caligrafia bem desenhada.
- É uma carta de amor... - eu múrmurei surpresa.
- Pera... É sério? Ai meu deus! O que você ta esperando? - Mily estava tão ansiosa quanto eu.
Meu coração tinha pulado várias batidas. Eu não era como a Mily, que gostava de pessoas com a mesma frequencia que trocava de roupas. Eu era uma pessoa apegada e sensível, e eu tinha o desejo de que a carta fosse do meu alguém especial.
Eu abri a carta com calma e tremendo. A ansiedade estava tomando conta do meu corpo e Emily estava em cima do meu ombro.
- De que você acha que é? - eu perguntei, parando de abrir a carta para olhar para a minha melhor amiga.
- Uhmm... Talvez seja de um adimirador secreto! Mas eu aposto que é do Victor!
Eu corei feito maluca. Victor De La Cruz, o cara mais popular e incrível do colégio. Era óbvio que eu não era a única que gostava dele, mas uma garota ainda é permitida a sonhar, né?
Mas ele era diferente... Uma estrela de futebol com um coração de ouro. Ele não se dava mal nas matérias da escola, ele era gentil e carinhoso com todos e era muito gato.
- Não viaja, Mily! Como ele vai notar uma garota como eu? - eu perguntei retóricamente.
Eu tinha chances abaixo de zero com ele. Haviam tantas meninas mais bonitas, abertas, inteligentes e a altura dele, que era basicamente impossível de ele me conhecer. Algo como tristeza apareceu nos olhos de Mily.
- Então abra e leia! Vamos descobrir de quem é! - ele disse, me fazendo continuar a abrir a carta.
Minhas mãos estavam trêmulas enquanto eu analisava o papel. Um cheiro extremamente doce de baunilha exalava da carta; o papel parecia antigo, o que dava um charme extra; a letra cursiva legível parecia ter sido escrita com amor. Era um poema...
"Minha doce Karma,
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amoe por isso te amo quando te amo."
Meus olhos se encheram de água e minhas bochechas queimaram. Era lindo e cuidadoso, cada palavra era escrita com carinho e amor. Mas o meu coração realmente parou quando eu li o nome no final do papel.
"- Ass. Seu Victor"
Emily estava acabando de ler, soltando suspiros com a declaração de amor que recebi. Era realmente lindo. Ela parou ao ler o nome, também incrédula.
- Ai... Meu... Deus! - ela disse, me chacolhando e alegria.
Eu apenas aproximei a carta de meu coração desejando cravar aquelas palavras na minha alma para todo o sempre.
- Karma... - uma voz me chamou.
Eu me virei rapidamente, ficando cara a cara com as lindas esmeraldas de Victor. Eu estava tão apaixonada que tinha decidido que amaria acordar todos os dias com a visão de seus olhos.
- V-Victor! - eu disse, não passando de um suspiro.
- Ah, eu vejo que já leu a minha carta... - ele disse com um sorriso, passando sua mão em seus cabelos castanhos - O que achou?
Ele tinha andado para frente, me fazendo recuar inconscientemente. Minhas costas estavam agora contrta o meu armário, as mãos de Victor estavam ao lado de minha cabeça, o deixanso a apenas alguns centímetros de distância.
Sua voz grava e sedutora deixavam os meus joelhos fracos e era capaz de me derreter até os ossos. Seu cheiro de avelã era tão entoxicante que me peguei perguntando qual era o seu sabor.
- Achei linda... - suspirei, tentando manter a calma.
Ele deu uma risada baixa, me fazendo corar ainda mais, se é que isso é possível. Ele me encarou por um tempo, mordendo seu lábio de baixo enquanto olhava para a minha boca. Eu estava quase desmaiando.
- Então... isso é um 'sim'? - ele perguntou sorrindo feito bobo.
Meu coração parou. Eu sabia exatamente sobre o que ele estava falando, mas eu tinha que ter uma confirmação. Eu precisava que ele dissesse com a própria voz.
- Depende da pergunta... - eu disse, regulando meu tom de voz.
Ele se aproximou ainda mais. Eu tinha certeza de que ele estava escutando o meu coração bater feito louco. Ele deu um sorrisinho, quase juntando nossos lábios.
- Karma... você aceita ser minha? - essas palavras me quebraram.
Não era ser namorada nem ficante. Era ser dele e dele apenas.
- Sim... - eu sussurrei, vendo aa face de meu amante se iluminar.
Sem mais delongas, Victor juntou os nossos lábios em um beijo apaixonado e faminto. Era um beijo de posseção, indicando que eu era dele e dele apenas.
Separamos por falta de ar, ambos respirando fundo ainda a centímetros um do outro. Nós dois estavamos corados, apesar de ter certeza que eu estava mais próxima de um tomate.
Com um risinho, Victor passou seu polegar no meu lábio inferior, roubando um selinho antes de separar e ir para sua direção.
- Até mais, boneca! - ele disse em um tom alegre.
Ainda em choque e completamente apaixonada, eu acenei de volta, seguindo para a aula com Emily.
O problema foi que eu não pensei muito sobre o apelido. Eu pensei que fosse apenas algo carinhoso, coisa de namorados. Eu não pensei que ele me tretaria exatamente como uma boneca...
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Um amigo lá de baixo...
FantasyNem tudo é o que parece, mesmo que sua vida inteira seja baseada nesses fatos. Para Karma, a menina de 17 anos que sempre foi rebaixada por ser diferente, a verdade era a de um mundo cruel. Mas tudo pode virar de cabeça para baixo se você tiver a pe...