Um amigo lá de baixo...

Jardim de Sussurros

Parceira? Não, não, não... ele... eu? Não! Eu sei que não... não sei?

Rosas brancas e pretas, que cresciam entre as plantas, começaram a tremer, como se rissem da minha confusão. O vento mórbido rodou novamente, atraindo as sombras para perto de mim. A luz tênue da Lua azul parecia tão distante e ineficiente.

- Quem está ai? - eu perguntei para as sombras.

As sombras me rodearam, como se estudassem cada centímetro de minha alma. As plantas aguardavam, como se também estivessem me estudando.

- Nossas mães gostariam de saber disso... - suspiraram as folhas.

- Alma estranha? - perguntaram as rosas brancas.

- Princesa caída... - completaram as pretas, como resposta.

- Mas ainda tem dúvidas... - afirmou o vento.

O que? Eu girava a minha cabeça, olhando para cada canto do jardim. Será que é uma pegadinha de mal-gosto?

- Não, ela sabe! - disse uma voz, ao meu lado.

- Mas ainda assim, tem dúvidas...- outra voz, atrás de mim.

Sombras e plantas conversavam, debatiam algo sibre mim. Eles me analisavam, estudavam e voltavam a debater. Onde eu estava? Com quem eu estava falando? O que eu vim fazer aqui?

- Quem... - eu perguntei, calando as sombras- O que são vocês?

Senti que elas sorriram, com a mais pura diversão.

- Nós somos sombras...

- Sussurros...

- Verdades...

Cada canto do jardim se completava, como se fosse apenas um jogo.

- Filhas de Titânides...

- Irmãs de Rainhas...

- Nós controlamos as Mentiras...

- E as Curiosidades!

Meu ar estava começando a deixar os meus pulmões. O jardim inteiro parecia girar e de repente o ar ficou congelante. O que?

- Mas, nossa princesa, pode nos chamar de Tenebris! - uma voz do meu lado.

- E por que estou aqui? - ignorei o fato de que elas me chamaram de princesa. Não consegui prestar atenção na metade de sua explicação.

- Não te chamamos...

- Você veio por vontade própria!

- Você tem dúvidas...

- Pergunte! - a última ecoou pelo jardim, diversas vezes me convencendo.

Milhões de perguntas brotaram na minha cabeça, a maioria era egoísta. Por que eu sofri tanto? Por que eu sou estranha? Por que eu estava sozinha? Por que me pai me deixou? Por que Emily fez aquilo? Por que você me chamou de princesa? Por que Amine gosta de brincar comigo? Por que... Amine.

Como sempre, Amine era a minha luz em momentos de escuridão. Quem é a parceira de Amine? A pergunta apareceu clara, em contraste com as outras. Infelizmente, meu tempo parecia ter caído drasticamente. Eu comecei a ficar tonta, sombras e plantas se tornaram um contra a minha respiração incostante.

- O que...? - eu fiz a pergunta, mas a voz não saiu. Não ia perguntar aquilo. O que vocês querem dizer?

O vento acariciou o meu rosto suado, me fazendo respirar fundo. Tempo, eles estavam me dando tempo.