Amina Una

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O sorriso que Reia deu foi o suficiente para fazer meus ossos tremerem. Mas pelo visto, escolhi a pergunta certa a se fazer.

- Então, você deseja saber o que você é... - Reai perguntou novamente - Tem certeza disso, minha criança? Uma vez que você saiba a verdade, não há como voltar atrás!

Respirei fundo enquanto fechava minhas mãos em punhos. Ela tinha razão: uma vez que eu aprendesse sobre a verdade de minha existência, não conseguiria mais esquecer sobre ela.

Mas aí entra a diversão. Minha vida toda foi estranha, como se eu tivesse nascido no lugar errado, no corpo errado. Essa verdade, mesmo que pudesse me assombrar pelo resto da vida, me libertaria.

- Sim... Eu tenho certeza! - eu disse por fim, encarando-a diretamente nos olhos.

- Muito bem... - disse Mnemosine - Mas eu acredito que você deva se sentar criança. As informações podem ser um pouco... demais.

Olhei em volta pelo jardim abandonado. Sombras e vinhas dominavam qualquer estrutura que antes era bela. A fonte principal do jardim já estava quebrada e completamente dominada por bichos e plantas.

O vento gelado de Inverno me chamou a atenção de uma mesa de pedra cinza, com detalhes em pedras brilhantes em preto e vermelho-escuro. Isso não estava aí antes... estava?

Não, não estava. Mas eu sabia que era uma maneira da Floresta se comunicar comigo, de me acalmar e de sempre me ajudar. Como ela sempre fez, e como sempre continuaria fazendo.

Me aproximei da mesa com calma, tentando ao máximo acalmar a minha respiração nervosa e a minha ansiedade crescente. Finalmente... Finalmente minha vida deslocada faria alfum sentido para mim.

Passei o dedo pela borda congelante da mesa, deixando a sensação da realidade me tomar. Aquilo era real, não mais um sonho do qual eu descubro a minha verdadeira identidade. Real...

Respirando fundo, me sentei diante da mesa, de forma que ficasse cara a cara com as seis irmãs. Engoli em seco, minha respiração desregulada, meu suor a frio e a minha ocasional tremedeira por ansiedade ainda presente em mim.

Mas era a adrenalina, a pura sensação de vida e curiosidade, que superava o meu medo. Era a minha única chance de viver em paz comigo mesma, de ser livre em saber quem eu sou.

Olhei mais uma vez, e com bastante calma, para cada uma das irmãs. Finalmente, encontrei os olhos de Reia, dando-lhe um leve aceno de cabeça. Eu estava pronta, e não desestiria de saber a verdade.

- Você é uma criatura rara - disse Reia, sem delongas - Uma alma tão nobre quanto a da própria realeza de Lúcifer!

- Mas para sua desgraça - complementou Mnemosine - Você se prendeu a um corpo mortal e moribundo, assumindo a forma de uma humana mortal!

- Que destino mais triste e indigno de alguém de sua nobreza... - ressentiu Febe.

- Amina Una, é o que você é! - retomou Reia - Uma alma perdida que foi desviada do seu destino...

- Mas agora que você encontrou o seu parceiro, você deve seguir o seu caminho! - disse Mnemosine, por fim.

Alma rara e nobre? Corpo errado!? Eu... eu realmente sou outra coisa!

Claro que eu já desconfiava disso a muito tempo. Desde o momento em que eu escutei a Floresta cantar para mim da primeira vez, eu soube que eu não era normal.

Mas ainda assim, é tão bom ouvir uma explicação completa sobre o que eu sou... É libertador e tirou de mim anos e anos de perguntas e aflições. Eu sou uma Amina Una... eu sou única e sou eu!

Um amigo lá de baixo...Onde histórias criam vida. Descubra agora