08.

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Sina.

Estava digitando no computador quando escutei a porta da sala ser aberta com violência. Eu e Shivani demos um pulo assustadas.

— Eu não falei que queria a droga das notas, não falei? — Noah falou autoritário e foi em direção ao armário, abrindo o mesmo e mexendo.

— Ei! São as minhas coisas! — levantei-me e corri tentando puxá-lo, mas ele era bem mais forte do que eu e não se moveu. — Noah! Você invadiu meu armário sem minha autorização!

— É minha especialidade invadir as coisas dos outros. — escutei Shivani se engasgar do outro lado da sala.

Realmente, invadir as coisas dos outros era sua especialidade, principalmente mentes.

— Você não pode simplesmente chegar aqui e mexer no meu armário, seu imbecil. — falei tomando a pasta que estava em suas mãos. — Eu deveria ir falar com o Christian sobre você e o seu comportamento idiota.

— Vai lá, diz tudo à ele. — respondeu, me desafiando. — Seu irmão tem grande respeito por seu pai e por mim, ele não iria me tirar daqui por causa de uma birra infantil de sua irmã.

— Meu Deus, como pode um homem ser tão insuportável como você. — respondi fazendo uma massagem nas minhas têmporas. — Você venceu. Depois do almoço as notas estarão na sua sala, Shivani irá deixar.

— Não. Eu quero que você venha. — Noah me respondeu enfatizando o "você", deixando bem claro que seria a decisão dele.

Depois que ele saiu da sala, voltei à minha cadeira e fiquei lá sentada, em transe.

— Mas que porra foi isso que aconteceu aqui? — Shivani perguntou me puxando e me empurrando até a área de refeição da empresa, que ficava no térreo.

— Nem eu sei. Acho que esse homem tem merda na cabeça, só pode. Eu o conheço há poucas semanas e ele já me trata assim. — respondi apertando o botão do elevador.

Ao chegar na mesa aonde costumávamos ficar, nossas amigas de trabalho já encontravam-se lá.

— Do que as donzelas vinham falando para estarem com essa cara de enterro? — perguntou uma delas.

— Do Noah.

— Noah Urrea? O bonitão que chegou há pouco tempo e já está fazendo estrago?

— O próprio. — respondi sentando-me e dando uma garfada no meu almoço.

— Eu não sei o que aquele homem tem contra a Sina. — comentou Shivani olhando de canto de olho para Noah, que ria de algo na mesa com os amigos.

— Como assim?

— Desde que colocou os pés aqui, ele tem feito da minha vida um inferno. Primeiro entra na minha sala antes de mim e sem a minha autorização. Depois, entra na minha sala novamente dando chilique.

— O homem chegou possuído na sala querendo as notas de pagamento. Quando Sina finalmente cedeu à persistência dele, dizendo que iria me mandar lá entregar, ele fez questão de que Sina fosse pessoalmente entregar.

— Amiga? Esse homem só quer te usar no escritório. Só para avisar, tem camisinha na gaveta do banheiro dele.

— O quê? Por que diabos ele traz camisinha para o trabalho? E como você sabe disso? — perguntei desconfiada. Senti o lado direito do meu rosto queimar.

— Não olhe agora, o Noah está olhando para você nesse exato momento. E ah, a faxineira disse que achou lá. A coitada ficou morta de vergonha.

— Imagino...

Almocei o mais devagar que consegui, tentando evitar a hora que eu teria de ir na sala de Noah.

Poucos minutos depois, quando já não tinha mais ninguém na cozinha, arrastei-me até o elevador, apertando os números do meu andar. Antes que a porta se fechasse, vejo uma mão empurrando a mesma.

— Olha se não é Sina Grey. — escuto aquela voz e sinto meu almoço querendo voltar.

— Não, Justin. Não é ela. — respondo revirando os olhos.

— Deixa para revirar esses olhos para mim em outro momento, gatinha. — quando vi que ainda estávamos no primeiro andar, apertei o botão do elevador, e quando vi a porta abrir, atravessei rápido. — Vai para onde?

— Qualquer lugar longe de você. — respondo e ao ver a porta fechar, vou em direção às escadas. Prefiro subir quatro lances de escada a dividir o elevador com aquele insuportável.

Ao chegar em minha sala, bebo um pouco de água e junto todas as pastas.

— Deseje-me sorte, Shivani. Acho que irei precisar. — digo e me dirijo a porta. Em seguida sigo para o elevador, esperando o mesmo abrir.

Ainda estávamos no terceiro andar.

Aquilo era torturante para mim. Eu sempre deixei claro de que gosto de ser respeitada aqui no trabalho, de que todos façam seus deveres corretamente e sério. Sempre fui eu quem mandei por aqui, sempre fui fiel e apaixonada por meu trabalho. Até Noah aparecer e me deixar vulnerável. Era isso que ele causava em mim. Me sentia minúscula e vulnerável perto dele.

Quarto andar.

Eu não fazia ideia do porquê Noah querer que eu fosse pessoalmente entregar os papéis à ele. Nunca aceitei receber ordens assim dos outros, não entendia o motivo de eu ter sido fraca e abaixado minha cabeça para ele.

Quinto andar.

Eu não fazia a mínima ideia do que aconteceria naquela sala, muito menos o que ele queria de mim. Eram só papéis. Mas e se ele quisesse perguntar algo a mim sobre o financeiro? E outra, Shivani ou qualquer outra pessoa do setor III iria saber a resposta de suas perguntas, eu acho.

Ouço o barulho do elevador e vejo a porta se abrir. Arrasto-me pelo corredor recebendo olhares estranhos. Geralmente, quando setores diferentes vão se comunicar mandam o representante ou algum e-mail. Eu nunca passara por ali. Ao chegar em frente à última porta, um misto de excitação e medo percorre por meu corpo. Diferentemente da minha sala, que havia o meu nome e o de Shivani na porta, a dele só tinha o seu nome.

Puta que pariu. Ficaríamos sozinhos ali.

Bato na porta e escuto um "entra" vindo lá de dentro. Um pouco tímida e insegura, adentro em sua sala. Diferente da minha, que exalava trabalho, sua sala exalava seu perfume. Aquele sala tinha personalidade. As paredes eram escuras, móveis de madeira na cor creme faziam contraste. Havia uma bancada com uma cafeteira, alguns doces e o bebedor. Vejo uma outra porta, a do banheiro, e lembro do que as meninas contaram mais cedo.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora