95.

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Sina.

Acordei assustada e com o coração acelerado. Passei as mãos pelos cabelos e senti a fina camada de suor que havia se formado em meu pescoço. Sentei na cama e vi que Noah não estava ao meu lado. Ele foi embora sem me avisar?

Acendi a luz do quarto pelo aplicativo do celular e notei que toda aquela decoração de ontem a noite tinha sumido. Como Noah tinha limpado tudo e ido embora sem me avisar? Não fazia sentido. Será que tinha acontecido algo?

Tomei um banho rápido e troquei de roupa, descendo para o café. Encontrei Christian na cozinha e me aproximei dele, beijando seu rosto.

— Bom dia, meu amor. — Ele disse e me abraçou de lado.

— Bom dia, Christian. Você viu o Noah? — Amarrei os cabelos em um coque e servi um pouco de café na xícara.

Christian virou a cabeça em minha direção e enrugou a testa.

— Noah?

— Sim. Ele esteve aqui ontem à noite e...

— Ah. — Ele me cortou. — Sim, ele esteve aqui sim, mas foi ontem e ontem mesmo ele foi para casa com o seu pai.

Paralisei por alguns segundos e tentei assimilar o que estava acontecendo. Noah estava aqui ontem comigo, dormimos juntos, como ele poderia ter ido embora com o pai? Talvez o meu irmão só estivesse confuso, por isso dei de ombros e tomei o meu café em silêncio.

Enquanto comia, percebi também que outras coisas estavam estranhas. A televisão da sala tinha sumido, assim como o tapete. A empregada devia ter tirado para lavar, e a televisão devia ter morrido.

Minha cabeça estava uma bagunça e eu me sentia cansada. Ainda precisava processar o pedido de namoro de Noah ontem, a conversa que tivemos sobre um amor de outras vidas e o porquê dele ter saído sem me avisar.

Voltei para o quarto apenas para escovar os dentes e pegar a minha bolsa. Quando voltei para o andar de baixo, vi Christian sentado no sofá.

— Vamos? — Meu irmão perguntou arrumando a manga do paletó.

— Vamos? — Levantei a sobrancelha. — Esqueceu de que agora eu vou para o trabalho de carro?

— Você está bem, Sina? — Levantou-se do sofá e veio em minha direção. Christian analisou meu rosto e depois aferiu minha temperatura corporal com as costas da mão. — Você parece confusa essa manhã.

— Eu estou ótima. — Respondi.

— Você vai para o trabalho comigo. — Pegou a chave do carro na estante e me segurou pela mão, me arrastando até o estacionamento, não me dando sequer a oportunidade de falar. — Não sei porque inventou essa agora.

Fui praticamente jogada no banco do passageiro e não podia reagir, pois meu irmão já tinha dado partida e estava tirando o carro de dentro da garagem.

Tudo ao meu redor estava estranho. Sentia como se tivesse voltado no tempo, mas eu sabia que isso era impossível. Era uma estranha sensação de nostalgia misturada com medo, não conseguia explicar. Observei tudo atentamente ainda tentando entender o que estava se passando.

Peguei meu celular para enviar uma mensagem para Noah, pois precisávamos conversar sobre a saída dele sem me comunicar. Procurei por toda a agenda e não encontrei seu número, sequer a nossa última conversa. Joguei o celular dentro da bolsa outra vez e apertei os olhos com as mãos. Isso estava ficando pior do que eu imaginava.

Saí do meu transe e percebi que estávamos entrando na empresa do meu irmão.

— O que é isso? — Perguntei, assustada.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora