66.

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Sina.

Acordei com meu celular gritando ao meu lado e joguei o mesmo no chão na intenção de fazer com que ele se calasse, o que obviamente não funcionou. Levantei da cama bufando de ódio e apanhei o aparelho do chão, desbloqueando a tela e finalmente desligando o alarme. Senti minha cabeça doer e me encostei na parede para não cair no chão. Sim, bebi todo o final de semana e esqueci que na segunda-feira eu trabalho.

Na verdade eu nem pretendia beber ontem, mas Max apareceu aqui em casa e nada melhor do que preparar um bom almoço bebendo uma taça de vinho.

Por falar em Max, ele era incrível. Antes de nós transarmos, conversamos um pouco e conhecemos um pouco um do outro. Descobri que ele era residente em um hospital daqui da cidade e era mais velho que eu apenas alguns meses, o que era bom. Claro, quando contei que era uma Grey ele se assustou, mas pareceu não ligar muito para a informação. Apesar do sexo ser bom e o papo dele também, não queria me prolongar muito nisso. Nunca fui mulher de ficar muitas vezes com o mesmo homem — abri essa exceção para o Noah e olha a merda que aconteceu —, por isso mesmo com o coração apertado pretendia dispensá-lo logo.

Tirei meu pijama e entrei no box do banheiro, ligando o chuveiro e deixando a água gelada cair em meu corpo. Quando saí do banho fiz minha higiene matinal e fui para o closet, pegando um vestido jeans justo que estava aposentado há semanas e uma sandália de saltos. Não sei o porquê, mas senti vontade de me arrumar.

Desci para tomar o café e encontrei meu irmão na cozinha preparando torradas. Previsível.

— Bom dia, Christian. — Me aproximei dele e beijei seu rosto. Ele virou seu rosto em minha direção e me analisou.

— Bom dia, meu amor. Por que está toda arrumada?

— Sei lá, deu vontade hoje. — Dei de ombros e fui até a geladeira, servindo um pouco de iogurte para mim.

— Você fica linda de todo jeito. — Christian veio para a mesa com as torradas e nos serviu. — Preciso que você assine as notas do mês de hoje e confira algumas coisas que eu acho que passaram despercebidas.

— Tudo bem, manda para o meu e-mail que eu confiro tudo. — Respondi e dei uma mordida na torrada recheada de queijo e bacon.

Terminamos o café em silêncio e antes de voltar para o quarto tomei uma aspirina para sanar a dor de cabeça. Subi para o quarto e terminei de me arrumar, pegando minha bolsa e voltando para a sala, esperando Christian para irmos trabalhar.

Outra coisa que eu precisava me dedicar mais: o meu trabalho. Não que eu não fizesse isso, mas acho que aumentar minha carga horária acabaria diminuindo meu tempo livre, o que consequentemente me faria ver Noah o mínimo de vezes.

E sinceramente eu não sabia como seria daqui para frente. Não sabia se minha ideia iria funcionar, se eu iria conseguir evitá-lo, se iria conseguir esquecê-lo. Só iria descobrir se tentasse e confesso que estava receosa. Eu não queria que Noah estivesse apaixonado por mim ou algo assim, só queria que esse amor não existisse. Só queria que continuássemos amigos que transam de vez em quando, sem romance nem nada. Acho que foi o momento delicado e triste que eu estava e Noah se aproximando solidário que fez com que isso acontecesse. Em outro momento eu não estaria assim, tenho certeza.

Assim que cheguei no trabalho, fui direto para o elevador, tinha muita coisa para fazer hoje. Antes que a porta se fechasse para subir, alguém colocou a mão fazendo a mesma abrir. Suspirei. Vi que minha paz por aqui havia acabado.

— Sentiu minha falta, Sina? — Revirei os olhos ao ouvir a voz de Justin. Ele estava afastado pois precisou fazer uma cirurgia.

— Nem lembrava que você existia. — Respondi seca. Ele passou as línguas pelos lábios e me comeu com os olhos. Senti meu estômago revirar de nojo.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora