09.

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Sina.

— Aqui estão todas as notas dos últimos seis meses de pagamento que você pediu. Está dividido por setor. Em cada setor, tem os nomes dos funcionários, as horas de trabalho segundo o ponto eletrônico, o quanto cada um recebe e os descontos do imposto. Tudo detalhado. — digo despejando as pastas sobre sua mesa.

— Ótimo. — diz Noah folheando as seis pastas rapidamente.

— Já posso ir?

— Não. — ele responde e continua folheando tudo.

Me peguei o observando. Seus cabelos sempre bem arrumados para trás, num topete levemente despojado. Sua testa estava franzida, ele estava muito focado naquelas folhas. Seu rosto não tinha um sinal sequer de barba e eu me perguntava como era possível. Seu dedo indicador tocava sua língua e ele levava até às folhas. Merda. Eu sou ser humano, tenho minhas necessidades e estou sem transar há alguns meses. Sinto um formigamento entre minhas pernas e cruzo as mesmas tentando diminuir aquilo.

— O que foi? — Merda. Será que ele percebeu? — Por que esse incômodo todo?

— Esse silêncio horrível. — respondo cruzando os braços abaixo dos meus seios. Sinto seu olhar cair para a região e eu finjo que aquilo não me atingiu.

— Desculpa. — Noah responde se fazendo de vítima e ficando de frente para mim. — Seu irmão pediu que eu te chamasse para sair para algum canto, disse que você precisava relaxar um pouco. Achei desnecessário esse convite que ele me fez, mas vendo o seu estado, cheguei a conclusão de que você precisar relaxar sim.

Merda. Eu odeio o Christian com todas as minhas forças.

— O Christian é sem noção, não liga para o que ele disse. — respondo me levantando, mas sinto seus dedos se fecharem em meu pulso, me puxando de volta.

— Nada disso. Seu irmão está certo, você precisa relaxar. — Sinto suas mãos pousarem em meus ombros e apertarem a região. Arfo. — Olha só, você está tensa. Eu sei exatamente como te fazer relaxar. — Noah deposita mais um pouco de pressão na região e eu entendi tudo.

— Não, eu não vou transar com você. — respondo tirando as mãos dele dali, o deixando incrédulo.

— Quem disse que eu quero transar com você? Sinto muito te decepcionar, mas meu nível de mulher atraente é outro.

Touché. Sinto como se meu estômago tivesse sido golpeado.

— Não parece muito, já que saiu com as meninas do setor I. — respondi fingindo que olhar minhas unhas estava mais interessante que aquele assunto.

— Ah, o boato já espalhou? — pergunta sorrindo maliciosamente. — É tudo mentira. Sequer cheguei a beijar as duas. Encontrei-as numa festa, elas tentaram me seduzir juntas. Eu sou homem, é difícil resistir. Mas o máximo que eu fiz foi dedar as duas. Ao mesmo tempo. Experiência nova para mim. — responde se gabando.

— Tá.

— Mas é sério, Sina. Você precisa relaxar, se distrair. Quero recomeçar com você. Te tratei muito mal, admito, mas eu não sou assim. Deixe-me provar que sou um cavalheiro. Saia comigo, sem segundas intenções nem nada. Vou me encontrar com uns amigos na sexta-feira após o trabalho, venha comigo, como amiga. — Noah diz abaixando-se em minha frente e apoiando-se em minhas pernas. — Deixe-me provar que eu não sou esse monstro que você criou em sua cabeça.

Não queria enrolar muito e sentir ele continuar fazendo aquele carinho, era golpe baixo, por isso logo respondi:

— Tudo bem. Todo mundo merece uma segunda chance, certo? — levanto-me sem jeito e vou até a porta.

— Sina? — escuto Noah chamar e me viro. — Obrigado por ter trazido os papéis. Aliás, você está cheirando a lubrificação natural da sua vagina. Conheço esse cheiro de qualquer lugar. Acho que não é local adequado para você molhar a calcinha. — responde e volta a olhar para os papéis.

Fecho a porta rapidamente e saio, sentindo o peso da vergonha e do constrangimento em minhas costas.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora