04.

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Sina.

— Mas não é você quem está atrasado para uma reunião. — Falei e levantei minha cabeça em sua direção, gelando outra vez. É, realmente aquele rosto era novo. Novo e bonito, por sinal. Era um rapaz, e aparentava ter a minha idade, apesar de trajar um terno fino e elegante. Seus cabelos juntos de gel para trás e sua barba rala, o deixava extremamente sexy. Caralho, de onde saiu aquele deus grego?

— Então da próxima vez preste atenção nos horários. — Antes que eu pudesse rebater, ele sumiu da minha vista.

Bufei, juntando tudo sozinha e entrando no elevador, torcendo para que Christian não me desse um castigo nem nada.

Entrei na sala da reunião, que por sorte não havia começado ainda. Sentei-me em um dos lados da mesa e apoiei meu queixo sobre minha mão. Juro que tentei me concentrar na reunião, mas era impossível, lembrando daquela figura branca de olhos claros que havia se chocado contra mim minutos antes. Quem era ele? De onde ele era? Qual a função dele na empresa? Não dei ouvidos a uma palavra dita naquele quadrado, apenas balançava a cabeça fingindo entender tudo.

Quando a reunião acabou, fui para casa com Christian. Ao chegar lá, vi que haviam posto uma mesa com quatro cadeiras e preparavam um jantar.

— O que é isso? O que vai acontecer aqui?

— Lembra do Evan que eu apresentei a você há dois dias atrás? Então, ele está vindo jantar aqui hoje.

— Beleza.

— E o filho dele também.

— Certo.

Subi para o meu quarto e coloquei uma roupa de exercícios, prometi que iria correr hoje com a Heyoon.

— Ei, para onde você vai? — Perguntou meu irmão ao me ver ir em direção à porta.

— Vou correr com a Heyoon.

— E o jantar?

— É para eu ficar?

— Mas é óbvio, Sina.

— Desculpa, Christian, eu já tinha marcado isso com a Heyoon há dias, não posso deixá-la na mão. Quando eu chegar, se as visitas ainda estiverem por aqui, eu me junto a vocês, tudo bem?

— Sim, Sina. Tudo bem. Toma cuidado, está bem? Qualquer coisa me liga que eu vou correndo.

— Menos, Christian. Bem menos. Eu já tenho vinte e dois anos, sei me cuidar muito bem.

— Se você tivesse um namorado, eu não precisaria me preocupar assim com você.

— De novo com essa conversa, Christian? Já falei que não preciso de homem algum. Além de você, claro.

Antes que meu irmão continuasse com aquele assunto chato, corri para a porta e me despedi dele mandando um beijinho no ar.

Passei na casa de Heyoon para buscá-la e irmos ao parque. Contei tudo no caminho e ela ficou rindo de mim.

— Sério, Sina. Só você mesmo para passar por essas situações.

— Eu juro que tentei ficar brava, mas foi impossível com a beleza daquele homem.

— Você tem certeza de que nunca o viu na empresa?

— Sim, Heyoon! Eu conheço cada rosto daquele lugar. Aquele homem é novo!

— E por que você não perguntou ao Christian?

— Simplesmente não lembrei. Aquele homem roubou toda a minha atenção.

— Você precisa descobrir quem é o garanhão do elevador.

— Eu preciso mesmo é ser mais cuidadosa e não sair esbarrando em ninguém.

Ao chegarmos no parque, estacionei o carro e descemos. Corremos cerca de quatro quilômetros e depois deixei Heyoon em casa e voltei para a minha.

Quando cheguei, um carro desconhecido estava na garagem. Imaginei que fosse dos convidados do meu irmão.

Abri a porta lentamente e tentei passar despercebida por ele, mas quando estava chegando na escada ouvi um pigarro atrás de mim.

— Para onde vai, Sina?

— Para o meu quarto.

— Senta aqui para jantar conosco, o Evan quer muito apresentar o filho dele para você.

— Christian, eu estou toda suada, não vê?

— Não tem problema, você toma banho depois.

Suspirei e acabei cedendo à vontade do meu irmão indo até a cozinha. Chegando lá, estava Evan e uma outra pessoa, de cabeça baixa mexendo no celular.

— Oi, Sina. Como vai?

— Olá, Evan. Estou bem, e você? — Respondi, apertando sua mão.

— Estou ótimo! Que bom que você chegou, quero te apresentar ao meu filho. Noah, vem cá. — Evan, que tinha na faixa de seus quarenta e poucos anos, chama seu filho, que levanta a cabeça e olha em minha direção.

Ao reconhecer aquele rosto, nem disfarcei e deixei a chave do carro cair no chão. Quando me abaixei para pegar, Noah (agora eu sabia seu nome) se abaixou junto, colocando sua mão sobre a minha. Levantei-me e fiquei ereta, sem acreditar que aquele era o homem charmoso e derrubador de pastas de hoje mais cedo.

— Olá. — Disse, com a voz grave, fazendo-me arrepiar por inteiro outra vez.

— Hum... oi. — Respondi sem jeito ao ver Noah me analisar dos pés a cabeça. — Já posso jantar, Christian? — Perguntei, tentando quebrar aquele clima tenso.

— Claro, meu amor.

Me dirigi à mesa e me servi, apesar de ter perdido a fome. Comi tudo rapidamente e subi as escadas, indo em direção ao meu quarto quando senti alguém tocar meu pulso.

— Então quer dizer que a estressadinha atrasada é a famosa irmã de Christian Grey?

— Não sou famosa, muito menos estressadinha. — Rebati.

— Quando as pessoas falavam de você, imaginava alguém feio e frescurento, mas vi que você é bem ao contrário. Na verdade, é melhor do que eu esperava.

— Não sei o que as pessoas falavam de mim, mas sei que tudo não passa de mentiras.

— Realmente. — Fitou, analisando-me mais uma vez naquela noite. — Você é linda, faz jus ao sobrenome Grey.

Prendi a respiração ao vê-lo se aproximar.

— Afinal, o que você veio fazer aqui em cima?

— Queria saber onde fica o banheiro.

— Primeira porta à esquerda do andar inferior. Passar bem. — Falei e corri para o meu quarto.

Então quer dizer que o galã derrubador de pastas de mocinhas atrasadas indefesas era filho do amigo do meu irmão. Isso só podia ser uma piada ou o universo estava querendo me desafiar.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora