24.

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Sina.

— Seu irmão me apresentou, aí resolvemos chamar você para sair.

— Olá, Sina Grey. Como você está? — Ela se inclinou sobre o banco da frente, beijou o rosto de Noah e em seguida o meu. — Vamos? — Noah assentiu e deu a partida mais uma vez.

Chegamos na praia e ela estava um pouco deserta. Compramos sorvete e nos sentamos no píer, observando o mar e o sol sair sorrateiramente.

— Obrigada gente, de verdade. Isso era tudo o que eu estava precisando nesse momento. — Limpei minha boca com o guardanapo e continuei: — Depois do ocorrido eu pensei em me isolar do mundo e tentar ignorar a vida correndo ao redor de mim. É complicado, sabe? É a segunda vez que passo por isso, e provavelmente passe a terceira. Ninguém entende o que eu sofro. As pessoas me julgam por causa da vida de luxo que levo hoje, mas não sabem nem metade da missa. — Suspiro. — Ninguém sabe do que eu sofri no passado, ninguém se lembra de que eu via meus pais se drogarem e via meu pai agredir a mim, minha mãe e meu irmão; ninguém se lembra também de que tivemos que nos mudar diversas vezes por causa de ameaças, e de que encontramos nossos pais mortos. As pessoas ignoram meu passado. — Algumas lágrimas teimosas escapam dos meus olhos, mas não me importo. — Eu tento recompensar juntamente com o meu irmão de tudo o que passamos, mas as pessoas nos julgam por julgar. É difícil, é complicado. Eu tento ignorar essa merda mas simplesmente não dá.

— Ei, Sina. Você é incrível! Seu irmão me contou tudo o que vocês passaram e eu admiro muito vocês, ok? Apesar daquelas nossas birras, eu gosto de você. Eu vejo o quanto você é forte, o quanto você dá o seu sangue. Orgulhe-se da mulher que você é hoje!

— Sim, Sina. Eu nunca escondi o quanto eu te admiro, amiga. E nunca vou cansar de dizer isso! — Heyoon me abraçou de lado e Noah nos observou.

Ficamos em silêncio alguns minutos ouvindo apenas o barulho do mar. Respirava fundo e inspirava todo aquele cheiro delicioso.

Já estava noite e apenas algumas luzes dos postes iluminavam a praia. Aquelas companhias, aquele silêncio confortável, aquele lugar. Eu estava me sentindo ótima! Meu dia não poderia ficar melhor.

Com o canto do olho, vi Noah se virar de lado para mim e levar sua mão direita até o meu queixo, virando meu rosto de frente ao seu. Seu olhar foi de encontro ao meu e senti seu rosto se aproximar. Antes que eu pudesse raciocinar mais alguma coisa, seus lábios já estavam colados nos meus.

Sim, meu dia teve sim como ficar melhor.

Tirei minha mão do chão e segurei em sua nuca, aprofundando ainda mais o beijo. Seu beijo, diferente do primeiro, era cheio de ternura e carinho. Sua língua explorava cuidadosamente cada canto da minha boca. O gosto do seu sorvete de menta misturou-se com o meu de creme e formou uma combinação deliciosa. Nos afastamos por falta de ar e ele depositou um selinho em meus lábios e virou-se para frente outra vez, como se nada tivesse acontecido.

Virei-me para a frente também e Heyoon me olhou rindo. Revirei os olhos e bati em sua perna.

Minutos depois, Noah nos chamou para irmos embora. Conversamos normalmente durante o trajeto e ele me deixou primeiro em casa. Me despedi dele com um beijo na bochecha e mandei um beijo para Heyoon.

Christian não estava na sala, o que facilitou para mim, já que não tive de ser bombardeada de perguntas.

Subi para o meu quarto, tomei um banho demorado, relaxado, quente. Enchi meu corpo de creme hidratante e pus meu pijama, sentando-me na cama logo em seguida. Ri ao ver meu celular cheio de notificações, incluindo mensagens de Heyoon.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora