42.

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Sina.

Após um delicioso fim de semana, a segunda-feira chegou, trazendo consigo a realidade. Acordei cansada e com dor nas pernas, mas consegui me levantar e ir até o banheiro tomar um banho relaxado. Notei que meu corpo estava todo marcado, então teria que optar pelo bom jeans. Fiz todas as higienes necessárias e fui para o closet, escolhendo roupas que pudessem cobrir os roxos, sem contar de que teria que usar o cabelo solto e passar um pouco de corretivo na região do pescoço. Pouco tempo depois já estava pronta, então desci e encontrei meu irmão tomando café da manhã. Me juntei à ele na mesa e comemos como uma boa família feliz fazia.

Seguimos caminho até a empresa, aquele dia seria cheio. Um milhão de pessoas falando ao mesmo tempo e me cumprimentando com um "bom dia", iria enlouquecer.

No meio do caminho encontrei Noah, muito bem vestido com o seu paletó. Sorri tímida para ele, mas o mesmo ignorou. Queria poder voltar e perguntar o que tinha acontecido, mas precisava trabalhar. Assim que entrei na sala, Shivani já se encontrava lá. Fui até a mesma e depositei um beijo em seus cabelos.

— Bom dia, Shiv... — Me sentei na cadeira e liguei o computador.

— Que cara é essa de quem viu uma alma? — Me perguntou rindo.

— O Noah... Passei por ele, sorri, e me ignorou.

— Talvez só estivesse apressado.

— Sei lá, senti seu olhar estranho sobre mim. Algo errado está acontecendo e eu preciso saber o que é.

— Sim, mas agora não. Você tem muita coisa para fazer hoje, não tem tempo para ir se humilhar para um homem.

— Tudo bem. É que...

— Não é nada. Faz o seu trabalho que o Noah pode muito bem esperar.

— Está bem, mãe. — Me dou por vencida e minha amiga caiu na risada.

A manhã foi pesada. Papéis e mais papéis chegavam na minha mesa a todo instante, não me dando tempo de pensar em Noah em momento algum. Na hora do almoço, eu pretendia me sentar com ele e conversar. Sim, eu estava agindo como uma adolescente. Caminhei com Shivani até o refeitório e peguei a fila para almoçar. Me servi e procurei Noah, mas o encontrei com os seus amigos cercado de estagiárias. Um bolo se formou em meu estômago e toda a fome que eu tinha sumiu. Comi tudo só para não ter que desperdiçar, me sentindo enjoada no final por ter comido muito.

A tarde passou devagar e cheia de coisas para fazer. Me mantive quieta o tempo todo, o que deixou Shivani com uma pulga atrás da orelha.

— Você está bem, Sina?

— Sim? — Levantei uma sobrancelha.

— Não é o que parece. Depois que você viu Noah cercado de estagiárias no almoço ficou calada. Olha, vou ser curta e grossa: Sofya sempre deixou claro do tipo de pessoa que ele era, não deixou? Ela nunca escondeu de que ele era cafajeste, você foi consciente sobre quem estava se envolvendo. O problema não é você ficar com ele, e sim achar que ele irá mudar e vai se amarrar a você. Não aja como uma adolescente.

— Nossa, Shivani... — Me mexi incomodada na cadeira. — Eu sei. Sempre fui ciente da pessoa que Noah era, e não espero que ele mude por causa de mim. Nós estamos juntos apenas na cama, somos profissionais. Só que ele disse que queria mudar comigo e que iria ser uma pessoa melhor. E agora, quando passa por mim, finge que eu não existo.

— Sina, você é muito boba! — Shivani bateu na mesa e jogou a cabeça para trás. — Ele só falou isso porque queria transar com você! Agora que ele conseguiu, vai te tratar como sempre tratou. Coisa de homem.

— Jurava que ele iria mudar... — Respondi desanimada.

— Claro que não. Homem não muda por ninguém, entenda!

— Tudo bem, é a vida.

Mesmo triste, tentei seguir com o meu trabalho, que estava sendo difícil. Minha concentração tinha ido para o espaço. Quando finalmente tinha conseguido, ouvi meu celular tocar. Era Christian, pedindo que eu fosse até sua sala. Peguei os papéis que sabia que ele pediria e saí.

No caminho, parei para encher minha garrafa de água e continuei. Acabei não percebendo que tinha uma pessoa na minha frente e me esbarrei com ela. Rapidamente entrei em alerta por ter possivelmente molhado aquela pessoa. Já estava preparada para pedir um milhão de desculpas quando vi quem era. Noah me olhava irritado por eu ter molhado uma pequena parte da gola de seu paletó. Levei minha mão até a região tentando limpar, mas ele fechou os dedos em meus pulsos e grosseiramente tirou minha mão de si. Me assustei com a sua atitude.

— Desculpa, não foi a minha intenção.

— Da próxima vez, olhe por onde anda. — Respondeu seco.

— Já pedi desculpas, eu estava apressada.

— Eu também estava, mas você acabou nos atrasando, não percebeu?

— Desculpas Noah, mil desculpas. Eu não fiz por mal.

— Olhe para a frente agora. Olhe o meu paletó molhado! — Gritou, chamando a atenção das pessoas ao nosso redor.

— Não precisa desse show, Noah. Foi só um pouco.

— Mas esse pouco me incomoda. Eu gosto de tudo certo, tudo no seu lugar.

— Estúpido. — Disse já sentindo minha garganta fechar.

— Como? — Me olhou desentendido.

— Isso mesmo que você ouviu. Estúpido. Eu só molhei um pouco o seu paletó, não precisava fazer essa birra toda. Aliás, que merda deu em você hoje?

— Em mim? Nada, estou normal.

— Ontem você estava um doce de pessoa comigo, me tratou como uma princesa, me fez esquecer um pouco dessa merda toda e hoje vem com grosseria, me ignora e finge que não me vê. — Ouvi Noah rir e o olhei desentendida.

— Ah, você está chateada por que eu não sorri para você de volta? Então vamos lá. — Ele deu um sorriso falso que logo sumiu do seu rosto. — Só porque eu te tratei bem na viagem não significa que vou ficar lambendo seus pés aqui. C'mon Sina, já somos grandes o suficiente para entender. Somos parceiros apenas no sexo, aqui somos colegas de trabalho. Não crie falsas esperanças em cima de mim, eu não vou me apaixonar por você, ou muito menos me casar. Sexo, nossa relação é puramente sexo. Nos tratamos assim aqui na empresa mas na hora que eu quiser nós estaremos novamente suados e caídos na cama. Desculpa se eu te decepcionei, mas nunca deixei a entender algo diferente. Você já deveria ter entendido isso.

GREY ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora