Por todos os anos de amizade com Min Yoongi, Jungkook teve a mania de carregar os problemas dele como se fossem seus. Mesmo quando ele acreditava que estava sendo um incômodo, insistia em ajudar Yoongi no que quer fosse e conseguia bons resultados; ele vencia o estado depressivo do amigo.
Não tinha mais ninguém além dele, os que disseram se importar estavam mentindo.
Por isso, ele sempre acreditou que não tinha nada que o impedisse de trazer Yoongi de volta, quando este estivesse em uma fase difícil.Entretanto, quando Jungkook chegou às três da madrugada no hospital e encontrou Yoongi grudado numa vidraça, não conseguiu tira-lo de lá. Ele argumentou, mas não teve respostas, xingou os médicos e recebeu ameaças judiciais. Estava inquieto com a dor do melhor amigo, suas mãos foram atadas pelas amarras da derrota.
Então, só restou à Jungkook sentar no chão, no lado contrário à vidraça, e esperar que Yoongi cedesse ao cansaço. Era um alívio que Taehyung estivesse voltando de mais uma discussão com as enfermeiras, quem sabe ele poderia ter boas notícias.
- Nada.
Taehyung murmurou irritado e se jogou ao lado de Jungkook. Ambos encaravam as costas de Yoongi, que permanecia de pé e na mesma posição.
Taehyung não tinha mais o que chorar pelo namorado, nem mais com quem brigar por justiça.
- Eu odeio essas pessoas, não consigo aceitar que dêem ódio para alguém como o Yoongi.
A cabeça de Jungkook balançou em negativa.
- Nossas famílias têm uma mente extremamente fechada, também temos isso em comum.
- O que quer dizer? - Taehyung estava confuso e cansado. - O que justificaria...
- Preconceito. - Esclareceu num tom monótono. - Não foi um problema quando o Yoongi disse para os pais dele que é gay, mas os avós, tanto por parte de mãe como por parte de pai rejeitaram ele assim que souberam. E você sabe como é, nesses casos, a pessoa não pensa até onde essa declaração tão pessoal vai chegar.
É claro que Taehyung ainda não aceitava aquela justificativa, mas abriu a mente para uma realidade que não conhecia quando Jungkook prosseguiu:
- Você não passou por isso, não foi rejeitado, Taehyung. Estou certo, não é? Os pais do Yoongi são filhos únicos. Ele não tem tios e primos. Os avós dele, tão tradicionais, esperavam netos comportados, héteros e perfeitos. Se não fosse assim, bum! Cancela. Sabe, de repente, tudo passou a ser culpa do Yoongi.
Jungkook arregalou os olhos vidrados e soltou um longo suspiro, ele estava frustrado com tudo aquilo e, talvez por isso, não tivesse coragem de dizer a verdade aos próprios pais. Ele tinha medo da rejeição. Estava tão imerso em seus problemas que não notou Taehyung se mexer incomodado ao seu lado.
- Eu tenho amigos que foram rejeitados pela família, mas nenhum deles foi responsabilizado por mortes e impedido de ver a mãe no hospital.
- Sorte a deles.
- Jeon.
- É a verdade, Kim. - Sua atenção se voltou para ele, que tinha as sobrancelhas quase juntas em contrariedade. - Os outros têm sorte.
Ainda assim, Taehyung não conseguia compreender um preconceito tão radical à ponto de culpar o neto por mortes e o privar de ver a mãe durante tanto tempo. Aquilo era inaceitável, dolorido e injusto demais para ser real.
- Você não entenderia o quanto é difícil ser Min Yoongi. - Jungkook completou e sentiu o calor no peito, gerado pela admiração pelo melhor amigo. - Apesar de tudo ele nunca voltou atrás, jamais deixou de ser quem é. Cara, olha pra isso, tenta se ver como um símbolo de tudo de ruim dentro da sua família. Ele ainda está aqui, sabe, ele se protege como pode, se nega a abaixar a cabeça para a homofobia ou fazer alguma merda com si mesmo. Eu nunca vi algo assim.
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Candy Idol Jikook Taegi (Em Revisão)
FanfictionPark Jimin precisa de um emprego para pagar as contas e pede a ajuda de seu melhor amigo, que trabalha em uma fábrica de doces em Seul chamada Candy Idol. 🐈- Para entrar na Candy Idol você precisa dominar a arte de fazer doces e bolos, e aos domin...