Capítulo 9

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Vitória estava uma bagunça, não sabia ao certo o que estava sentindo, a sua única certeza era que ela queria a presença de Gabriela em sua vida.

Vitoria foi criada pelo pai, sua mãe havia falecido no seu parto. Seu pai sempre foi um grande incentivador da sua vontade de ser atriz e sempre a ajudou pagando cursos e aperfeiçoamentos.

Assim que passou no teste para realizar a sua primeira novela decidiu sair da sua cidade e ir morar em São Paulo, seu pai era empresário do ramo automobilístico e estava sempre viajando a negócios.

Vitória contou com a ajuda de sua agente para encontrar apartamento em São Paulo, depois de instalada as gravações da novela logo começaram e ela praticamente vivia dentro dos estúdios. Em um dos seus dias de folgas ela tinha que tirar umas fotos para uma campanha da qual era modelo fotográfica e conheceu Gabriela.

Vitória nunca imaginaria que elas teriam amigos em comum e acabariam se vendo de novo em Gramado. A viagem foi tão gostosa para Vitória que ela quis manter contato com Gabriela, ela sentia uma conexão e uma vontade de tá perto que ela não entendia. Foi ideia dela a noite de vinhos na casa de Ana, ela queria ver Gabriela de novo.

A partir daquele dia elas começaram a se falar todos os dias e quando Gabriela não aparecia, Vitória ficava ansiosa esperando uma mensagem.

- Coisas que amigas fazem. - repetia ela para si mesma.

O presente que havia ganhado naquela noite de Natal tinha despertado nela um misto de sentimentos que ela não sabia possuir. Nunca ninguém tinha tirado fotos dela tão verdadeiras como eram aquelas, foi o melhor presente que ela já tinha recebido em sua vida.

Gabriela tinha dormido na sua casa, já que era madrugada quando elas chegaram da casa de Ana.

- Seria estranho demais ter sentido atração ao vê-la sair do banho? - pensava Vitória deitada no sofá da sala pensando em tudo que tinha acontecido após Gabriela ir embora.

- Era normal sentir saudade da sua amiga assim que ela foi embora? - dialogava Vitória consigo mesma.

Aquela situação já estava ficando insustentável ela precisava desabar com alguém para entender o que estava sentindo. Pensou em ligar para Ana, mas seria estranho falar sobre Gabriela que também era amiga dela, mas era a única pessoa que Vitória conhecia em São Paulo.

- Aninha, tá ocupada? - perguntou Vitória no telefone.

- Não, recém acordei, algum problema? - perguntou Ana.

- Então, eu ando meio confusa e precisava de uns conselhos. - disse Vitória.

- Quer fazer chamada de video? Ai conversamos melhor. - disse Ana e Vitória concordou.

- Agora sim. - disse Ana.

- Tem um cara do workshop... - mentiu Vitória.

- Você tá apaixonada? - perguntou Ana.

- Não sei esperava que você me ajudasse nessa parte. - disse Vitória.

- Eu adoro conversar com ele, passamos horas falando sobre qualquer coisa, eu fico esperando ele me mandar mensagem, eu gosto da companhia dele é a primeira pessoa que eu penso quando acordo e quando vou dormir... - disse Vitória.

- Eu acho que eu não preciso dizer nada, você mesma ja disse. - sorriu Ana.

- Tô apaixonada né? - disse Vitória bufando.

- Com toda a certeza, mas porque essa cara? - perguntou Ana.

- Ele não é bem o tipo de cara que eu estou acostumada. - disse Vitória.

- Se você tá afim dele, se joga garota, a vida é muito curta pra perdemos tempo. - disse Ana.

- Não é tão simples ele meio que tem uma ex, com uma história que ele não gosta muito de falar sobre, e eu meio que acho que ele ainda gosta dela.

- Vi, ex é sempre complicado, toma cuidado pra não se magoar. - disse Ana.

- Nem me fala, mas obrigada pelos conselhos vou pensar a respeito. - disse Vitória.

- Precisando o consultório esta sempre aberto. - brincou Ana.

Ambas se despediram e Vitória voltou para o sofá, se ela estava mesmo apaixonada o que ela iria fazer com aquilo? Era nítido que ainda existiam sentimentos por parte de Gabriela com a ex, ela não queria entrar no meio de algo, ela precisava ter certeza. Resolveu esperar mais um tempo até conversar com Gabriela, era tudo muito novo para ela e ela precisava de certeza.

[...]




Gabriela abriu a porta de casa e deu de cara com Marina que logo entrou.

- Estava atrás de você. - disse Marina se sentando no sofá.

- O que você quer? - perguntou Gabriela ainda na porta.

- Minha vida tá uma confusão eu preciso desabar com alguém. - disse Marina.

- Acho que você bateu na casa errada. - disse Gabriela.

- Para com isso Bi, antes de tudo nós eramos amigas. - disse Marina.

- Não me chama de Bi, de novo. O que você quer. - disse Gabriela.

- Roger e eu nos casamos no civil em uma viagem há duas semanas, mas desde então as coisas estão muito estranhas. - disse Marina.

- O que houve? - perguntou Gabriela.

- Estamos morando no apartamento dele, mas desde o casamento ele só passa viajando e encontrei algumas mensagens estranhas no celular dele. - disse Marina.

- E o que eu tenho a ver com isso? Você casou a duas semanas devia estar em lua de mel, não surgindo na minha porta depois de tanto tempo.

- Eu passei o Natal sozinha com Arthur porque ele simplesmente não apareceu. - disse Marina.

- Então esse é o problema, esta sentindo falta da trouxa aqui não é?

- Você não é trouxa, você é uma das garotas mais incríveis que eu ja conheci. - disse Marina.

- Chega desse papo, você terminou comigo porque estava com medo de perder a guarda do Arthur e logo em seguida fica noiva dele? Agora aparece na minha porta como se nada tivesse acontecido me contando da sua vida com ele? Faça-me o favor Marina e me deixa em paz.- bufou Gabriela.

- Você não entende aquela família é cheia de artimanhas, eu só aceitei me casar com ele pelo Arthur, queria que ele tivesse uma boa vida, e no início pensei até que poderia dar certo, mas eu cometi um terrível engano. - disse Marina.

- Marina, por favor nem você acredita nisso. - disse Gabriela.

- É a verdade Bi, se eu soubesse que tudo ia ser desse jeito eu não teria terminado com você. - disse Marina se aproximando de Gabriela.

- Você é a única que realmente me entende. - disse Marina tocando o rosto de Gabriela e a puxando para um beijo. A princípio Gabriela se deixou levar, mas logo se afastou.

- NÃO! NÃO! Você tem que ir embora. - disse Gabriela se afastando e indo abrir a porta.

- Eu te amo. - disse Marina.

- Para agora, o que você acha que eu sou? Seu brinquedinho? Você não pode aparecer do nada e ficar falando essas coisas, você é inacreditável. Fora daqui. - disse Gabriela.

- Eu vou, mas eu e você sabemos o que nós sentimos e não são alguns meses que vão apagar. - disse Marina.

- Fora. - disse Gabriela.

Marina foi embora e Gabriela sentou na porta do apartamento aturdida. Como Marina podia voltar para a sua vida daquele jeito? E quem ela pensava que era para beija-la daquele jeito. Isso era muito errado, muito. Deixou as lágrimas cairem e chorou por um bom tempo até mandar mensagem para Ana contando o que havia acontecido.

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