Dois anos depois

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JULIANA

Dois anos se passaram e tudo está bem diferente.

Eu abri uma lojinha de roupas feminina, aqui no morro e as meninas caem matando.

Karen e Thiago depois de darem uma mancada terrível, foram expulsos do morro. Antes disso, vi Karen dando em cima de C.R e já começou o problema dai. Depois C.R descobriu um desfalque enorme em todos os carregamentos. Adivinha quem foi ? Exato !, Thiago.

Eles tiveram o filho deles e começaram a dar problema aqui no morro. A partir do segundo roubo, pra não matar eles, C.R os expulsou, foi melhor assim.

Nick fica um fim de semana sim um não na loja, pra eu poder tirar folga e ela ganhar um extra.

Eu consegui comprar um apartamento no asfalto e até fiz uma tatoo com o nome da Manu.

Falando nela, está enorme e toda fofa, saudável, esperta, já anda e fala quase tudo.

C.R, por sua vez, tem andando bem distante. Chega tarde, sai cedo, tá sempre ocupado pra filha e o último dia que tivemos alguma coisa, foi há dois meses atrás. Tem uma semana que ele levou um tiro, mas parece que não se importa nem com ele.

Sei que são dois morros pra cuidar, mas ele esta se desgastando e nossa relação indo junto.

Eu estou até começando a desconfiar de algumas coisas.


Acordei as duas e meia da manhã, com a Manu chorando. Me levantei e corri pro quarto dela.

Liguei o interruptor e fui até o berço, Duque estava sentando na frente do berço olhando ela chorar e me esperado pegar a amiga dele.

Me inclinei e peguei ela que abraçou meu pescoço desesperada.

Voltei pro meu quarto com minha filha nos braços e me sentei na cama. Levantei a blusa dando o peito pra ela mamar. Sim, ela ainda mama, não sei quando vai sair do peito e nem pretendo tirar ela. O médico mesmo disse, que quanto mais mamar o leite materno, mais saudável ela será.

Liguei o abajur e Duque se deitou assim que viu ela mais calma.

Tirou da boca do meu seio e me olhou.

— Quelo o papai... — Coçou os olhos  sentindo vontade de chorar outra vez. Eu conhecia bem o tom de voz.

— Ô meu amor, o papai tá trabalhando. Vai dormir, vai. Quando ele vier a mamãe te chama — Sorri e ela voltou a mamar.

Me deitei com minha pequena ainda mamando e cantei uma musiquinha que ela adora. O sono chegou novamente e eu sai calmamente pra não acordá-la.

Fui pra cozinha tomar água e ao levar o copo na boca, ouvi a porta da sala ser aberta.

Caminhei até a porta da cozinha e me escorei no batente vendo ele largar o fuzil no sofá e respirar fundo, fiquei parada apenas o observando.


C.R

O tempo passou rápido pra caramba.

Minha filha tá grandinha, e Juliana chata pra lascar. Mas eu não paro de amar essa mulher um segundo.

Eu tô bem afastado de casa, tem uma porrada de coisa acontecendo tanto na Rocinha, quanto aqui no Alemão.

Da Zona Sul pro Morro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora