Amor ?

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JULIANA


C.R recebeu alta dois dias depois que acordou e foi recomendado repouso pelo menos durante uma semana. Ele estava odiando ter que tomar os remédios e eu ria que só, no mesmo dia que ele veio eu peguei suas coisas e trouxe de volta pra casa.

Levantei mais ou menos as três da manhã e desci as escadas, peguei água e os remédios do C.R. Voltei pro quarto e acendi a luz.

— Ei....C.R, acorda, tá na hora — Cutuquei ele.

— Vem dormir, vai — Virou pro outro lado da cama e eu dei um tapa na bunda dele. Bufou e sentou morrendo de sono. — Se é chatinha, em —

— Chata não, insuportável — Descartei os remédios na mão dele e dei a água, assim que engoliu me mostrou língua. — Agora sim — Sentei no colo dele.

— Hm, tá querendo, é ? — Deu risada e me apertou. — Vamos dormir, vai... — Levantou sua blusa que estava em meu corpo e passou o nariz de leve em meus peitos.

— Idiota — Dei risada. — Amor.....eu tô sem sono — Fiz bico e suspirei.

— Então....você quer que eu fique com você ? — Bocejou e deitou a cabeça no meu ombro já depositando alguns beijos em meu pescoço.

— Não....você tá com sono, deixa pra lá — Sai de cima dele depois de me arrepiar.

— Olha, eu vou descer, vou fazer uma pipoca, trazer um pedação de bolo de chocolate com leite gelado. E você, vai escolher um filme pra gente assistir, pode ser ? —

Levantou e eu concordei sorrindo, ele piscou e tomou o resto da água que tinha no copo.

Depois de fazer a pipoca e pegar as outras coisas, subiu novamente.

Eu estava sentada no quarto alisando o barrigão e sorrindo.

— Que foi ? — C.R perguntou.

— Ele tá chutando....— Olhei o bolo e sorri. — Me dá logo ! —

— Calma, draga — Deu risada e sentou na cama colocando o travesseiro na cabeceira para se recostar.

Me deu o bolo e passou a mão na lateral de minha barriga sentindo o neném chutar.

— Mano, acho que não tem sensação melhor, sabia ? Porra, é esquisito pensar que tem alguém aí dentro se formando. É louco, eu não sei explicar bem, mas quando nasce....— Coçou a cabeça animado. — É um milagre, tá ligada ? Não tem outra explicação —

Prestei atenção no que ele dizia e por fim sorri.

—Tu é muito babão — Beijei ele.

Segurou meu rosto e colocou os fios longos do meu cabelo atrás da orelha, terminou o beijo dando uns selinhos e eu o abracei.

— Te amo —

— Eu que te amo — Sorri piscando e peguei o bolo tratando logo de comer com a pipoca.

— O que ? — Falei com ele me olhando com cara estranha.

— Tu é mó loki, ou — Cruzou os braços. — Pipoca com bolo ? — Mostrei o dedo. — Deixa eu falar, já, já ele nasce e a gente nem viu o nome, né ? — Perguntou mudando bruscamente de assunto.

— Verdade, mas eu já estava pensando em alguns nomes. Tipo: Juelilson, Josivaldinho, Osvaldinho, Jubscleuton ou Creitin — Comecei a rir com a cara que ele fez.

— Mano, se registrar um desses aí, eu juro que vou comprar cigarro — Ri ainda mais. — É sério ou, vamos ver uns nomes legais —

— Tá bom.....falando sério agora, eu estava pensando em: Gustavo, significa: Protegido por Deus. Mas também tem Vitor, significa: Vitorioso, ou vencedor que é a mesma coisa —

— Amor....gostei de Vitor, mó bonito — Passou a mão na minha barriga. — Aí menor, teu nome é Vitor, beleza ? —

— Ótimo, eu gosto muito desse. Mas tu me chamou de...amor ? — Sorri e ele confirmou. — Saudade de ouvir você me chamar assim — Terminei o bolo e o leite.

C.R pegou o copo e as outras coisas, tirou da cama e se aproximou me enchendo de beijos.

— Amor, amor, amor, amor e amor ! — Ri sentindo cócegas. — Tu é o meu amor ! —

— Paraaaa ! — Abracei ele deixando um sorriso escapar. — Gostoso ! — Falei rápido e ele levou a mão até os meus pés, me fazendo rir mais ainda.— Para....por favor, a gente vai acordar a Manu — Puxei ele pelo cabelo.

— Golpe baixo, carai ! — Esfregou a região que puxei. — Doeu ! — Ele se deitou.

— Pra um traficante, você tá muito mole — Ele fez careta e eu deitei também, mas no peito dele. — Agora me deu sono —

— Aaah, sério ? — Bufou enquanto nos cobria. — A gente nem assistiu o filme, pô — Fez carinho em meus cabelos.

Passei a mão de leve por um dos curativos dele e fechei os olhos tentando não pensar nas coisas que se passaram. 

Não precisou de muito tempo mais, e eu apaguei abraçada a ele.




C.R

Fiquei quieto o resto da madrugada observando Juliana dormir. Nesse tempo, também fiquei pilhado pensando numa pá de coisa.

Sai da cama sem me mexer muito pra não acordar minha namorada e fui pro banheiro.

Troquei os curativos e me arrumei, peguei a Manu, mesmo sentindo os machucados doerem e levei ela pra ficar na cama com a Juh.

Fechei as cortinas e depois a porta, peguei uma arma já aproveitando pra sair de casa.

Cheguei na boca e todo mundo fez mó reveria, entrei no escritório e coloquei a arma na mesa, passei rádio pros moleques que estavam envolvidos no roubo. Mandei subirem pra bater um léro. Depois de uns cinco minutos, estavam os nove na minha frente.

— Todo mundo já deve tá sabendo porque eu chamei, né ? —

— Ô chefia, o dinheiro não tá com a gente não, em, quem ficou responsável foi...— Henrique se manifestou.

— QUE DINHEIRO, CARALHO ? QUE DINHEIRO ? — Nem deixei ele terminar e soquei a mesa. — TÁ ACHANDO QUE TREZENTOS MIL VALEM MINHA VIDA, PORRA ? —

Passei as mãos na cabeça.

— Xenon e Bracinho, quem foi fiscalizar o horário de troca de turno ?. Não me lembro —

— Foi o Rique, C.R. Tu ainda que pediu pra ele ficar de olho duas semanas — Xenon cruzou os braços olhando o Henrique.

—  Tu ficou as duas semanas de tocaia, maluco ? — Bracinho perguntou e ele negou.

— Como é ? — Olhei o resto dos manos. — Alguém sabia dessa merda ? — Todo mundo negou, ninguém estava acreditando naquela merda. — Qual o teu problema, filho da puta ? — Meti o tapa na orelha dele.

— Qual é C.R ? — Colocou a mão na cara. — Desculpa, eu achei que era só aquele o turno e pronto, na moral me desculpa, pô — Balançou a cabeça e cutucou a orelha fazendo careta, deveria estar ouvindo algum zumbido.

— Eu acho que tu esqueceu quem manda nessa porra !! — Soquei o estômago dele. — Você podia ter matado todo mundo, seu merda ! Tava pensando oque ? O banco é perto de uma favela, eles sempre vão tá trocando o horário dos turnos ! —

Dei outro soco.

— Olha aqui, todos vocês. Eu não vou matar o Henrique, ele vai ficar de exemplo. Só que se ele der qualquer outro vacilo e alguém souber e não me avisar......vão tudo tomar no cu, tão entendendo ? E tu, vai ficar na segurança lá em baixo, quinze dias sem receber, me ouviu ? —

Ele concordou.

— E outra coisa nessa porra, pode todo mundo passar o recado quando sair daqui. Não quero ninguém, NINGUÉM MESMO, usando droga ou bebendo, quando estiver na segurança, mesmo quando for dia de baile. Se invadirem o Alemão, por causa de vício de vagabundo e viciado, eu vou socar tudo no rabo do culpado. Agora, rala todo mundo dessa porra !! —


Oque será que passava na cabeça daquele infame ?

Da Zona Sul pro Morro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora