Luto

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FP


Eu fiquei na frente do Alemão hoje e esses vermes vieram de arregaço. Não estavam pra brincadeira e dava pra notar.

O C.R ficou lá na Rocinha resolvendo uns beó de desfalque e os vapor subiu avisando pra todo mundo se preparar, tanto lá, quanto aqui.

Eu nunca vi tanto meganha junto. Matias planejou isso, nem cola ele dar desculpa vazia dessa vez. C.R tá no ódio com isso e não é pra menos, tá gastando uma nota com esses caras e só um dos lados estava cumprindo o acordo da maneira certa.

Eu atirava na direção dos verme e ouvi um grito alto, parece que ecoou na favela todinha, doeu ouvir aquilo.

Olhei para trás e vi um molequinho com a mão nos ouvidos chorando e gritando. Tinha uma mulher no chão, com certeza deveria ser a mãe do pivete.


— AI, BRACINHO, ME COBRE AQUI, IRMÃO !! —


Olhei pra cima dando um toque pros olheiro também e corri na direção do moleque.
Peguei ele no colo e vi a mulher com o olho aberto numa poça de sangue gigante. Passei a mão no rosto dela a fazendo fechar os olhos e levantei com o menino do colo.

Fui subindo o morro parecendo um raio e quando entrei num beco, dei de cara com um filho da puta de farda segurando o pescoço de uma mina. Ele tentava tirar alguma informação dela. Atirei logo na cabeça do asqueroso e a mina deu no pé.

Andei mais um pouco e bati na porta da minha casa com pressa.


— NICOLLY, SOU EU, ABRE RÁPIDO, CACETE ! — Ela abriu me olhando com cara de assustada e eu dei o menino pra ela. — Cuida dele, sobe pro quarto e fica no CHÃO ! Não sai até isso acabar de uma vez — Desci o morro outra vez, pra ajudar os menor.




C.R

— MANDA OS VAPOR AVISAR A COMUNIDADE, PORRA ! ABRE O ARSENAL SEM DÓ, DESCE CHUMBO NESSES MALDITO ! — Passei radinho pro FP e mandei o GR avisar aqui na rocinha pra todo mundo entrar pra casa e já ir pro chão se proteger.

Aquele desgraçado do Matias tava tentando tomar o Alemão e a Rocinha, não tinha outra explicação pra uma operação da Polícia nos dois morros de uma vez só.

Ele estava na minha maldade e ia pagar bem caro.

Fiz o sinal da cruz e peguei meu berro, desci pra barricada com o PP e o LK, pra dar assistência pros manos que já estavam lá.

Peguei o rádio e sintonizei.


— NÃO QUERO NEM SABER, ELES VÃO TER QUE ARREGAR. É PRA SENTAR O DEDO NO GATILHO, TEM MUITA MUNIÇÃO, TÃO ME ENTENDENDO, CAMBADA BOA ? — Todo mundo soltou um "Sim" do outro lado.

Vi o Danilo apoiar uma metranca na frente da barricada e começar a arregaçar a lataria de um monte de verme.

— Agora é chumbo pra quem quer ! — Disse eu rindo da situação, já me imaginava acabando de vez com a palhaçada do Matias.


Vi enfim ele na operação pra tomar o morro e senti o ódio me corroer. Esse desgraçado de merda recebia meu dinheiro e armou pra tomar as duas comunidades no mesmo dia e hora.

Isso não vai ficar assim, se esse corno duma porra, não morre-se agora, eu ia atrás dele e não ia precisar de nada, além de uma bala só na lata desse mercenário safado.

Da Zona Sul pro Morro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora