Não tem mais a gente

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JULIANA

Sorri e saí de lá.

Entrei no meu apartamento e fechei a porta, joguei aquele robe em qualquer canto e corri pro banheiro. Tomei um longo banho e depois fui até o quarto enrolada na toalha, em busca de uma roupa.

Vesti uma blusinha branca de alças mas ela estava marcando demais, fiquei parecendo um bujãozinho encapado, bufei tirando ela do corpo.

Abri a gaveta onde guardava as roupas que não me serviam mais, na intenção de deixar aquela blusa e vi uma caixinha, peguei estranhando pois eu não havia colocado ela ali.

Ao abrir me deparei com um relógio cravejado, e é claro, C.R deve ter colocado aquele dia, enquanto eu dava banho na Manu.

Fechei a gaveta dando meia volta e me sentei na cama, coloquei o relógio em meu pulso e sorri, não vou mentir, era muito lindo então resolvi deixá-lo ali mesmo.

Vesti um conjunto de lingerie branco, por cima coloquei uma blusinha larga e um shortinho de modelo rasgado. Soltei o cabelo, me maquiei, peguei minha carteira, meu celular e fui direto pra frente do prédio que eu residia. Chamei um Uber e fui pro morro.

Paguei o motorista e andei até a entrada da comunidade.

ZL estava lá, junto com os meninos, falei com todos e o olhei.

— Aquela moto, é sua ? —

Apontei pra moto a alguns passos da gente.

— É sim, novinha, a bichona chega tá brilhando. Só que pra você eu vendo, tem interesse, paty ? — Deu risada e eu mostrei o dedo.

— Aonde o C.R tá ? Me leva lá ? —

Os meninos zoaram dizendo que C.R tinha arrumado problema de novo e ZL ficou parado em frente a moto me olhando.

— Porra Juliana, vem logo ! Tenho muita coisa pra desenrolar no morro hoje —

— Você fica aí, com essa cara de tosco, tá achando que sou adivinha, é ? — Depois de subir em alta velocidades ele parou em frente o portão da casa do babaca e eu desci da moto.

— Valeu ? — Arrumei a blusa.

— Valeu uma pinoia, dez conto, paty — Mostrei o dedo outra vez e ri.

— Que mania feia, mulher — Tirei o capacete e entreguei, me virei para entrar mas ele chamou minha atenção.

— Ei, espera..eu tava com saudade — Sorriu.

Olhei fixamente ZL e neguei com a cabeça.

— Não faz isso....— Voltei até onde ele estava.

— Ei, ei, ei calma aí. Não é isso que tá pensando. Eu só disse que estava com saudade, mó tempo que tu não vem no morro — Colocou o capacete e saiu com a moto.

Neguei de novo mas dessa vez rindo e entrei na casa.

Agradeci mentalmente os meninos da segurança não estarem ali na frente no momento.

Entrei pela porta da cozinha e tinham dois bestas com as armas apontadas na minha direção.

— Gente, calma....sou eu —

— Pô Juju, que susto, em ? — Bracinho beijou minha bochecha. — Mó tempão, voltou pros bleyba foi ? —

— Porra mano, também acho — Xenon me abraçou enquanto riam.

Duque apareceu correndo e veio me cheirar.

— Ó o Zé povinho aí —

— Vão pra puta que pariu, vão — Me abaixei brincando com o Duque.

Da Zona Sul pro Morro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora