Aceita

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FP


Entrei em casa cansado e Bernardo veio pro meu colo, o baixinho tava correndo só de fralda.

Peguei ele e joguei pra cima brincando, o menino ria descontrolado e Nicolly apareceu correndo também, mas com a roupa dele na mão e eu dei risada.

— Aaah, por isso você tá correndo, né, seu safado ? Não tem vergonha nessa carinha não ? —

Me abraçou e olhou pra Nicolly.

— Não quelo não — Balançou a cabeça e colocou a mão na boca.

— E você vai ficar sem roupa ? Nada disso ! pelo menos a bermuda, meu amor — Deu risada da cara de bravo que ele fez.

— Amor, deixa ele vai, tá calor demais — Ela concordou e balançou a cabeça fitando o descarado que parecia saber como deixar ela doida e com vontade de encher ele de beijos ao mesmo tempo.

— Preciso bater um léro contigo — Avisei minha namorada.

— Tá, tá bom, mas tá tudo bem ? —
Pegou Bernardo e eu coloquei a arma em cima de uma prateleira que parafusei no alto, pra não ter risco de Bernardo acabar pegando e um acidente horrível acontecer.

— Tá sim, só que.....é uma proposta séria, muito séria, e não sei se tu vai concordar —

Arqueou as sobrancelhas com cara desconfiada.

— Mas tá tudo bem, bora comer e depois que esse camarada aí dormir, eu te conto, beleza ? —

— Tá bom, mas vai tomar um banho antes — Torceu o nariz depois de me beijar. — Tá todo suado, eca ! —

Mostrei o dedo do meio e fui pro banheiro me desencarniçar, se é que essa palavra existe.

A gente comeu e Bernardo ainda deu pano pra manga até dormir. Chorou, rolou, gritou, veio pro meu colo onde sabia que seria adulado, chorou mais e cansou, sempre que acontecia voltava para os braços da mãe e só assim dormia tranquilo. Nós já tínhamos até nos acostumado com essa parte.

Nick desceu as escadas e estava a esperando no sofá.

— Pronto, agora conte ! — Sentou ao meu lado.

— Então, C.R tá querendo passar a Rocinha, e quer que eu assuma — Ela levantou uma das sobrancelhas.
— E eu sei lá, achei que tu tinha que saber primeiro, antes que eu responda alguma coisa concreta —

— Sabe que......vai ser bem mais perigoso, não sabe ? — Se arrumou no sofá.
— A gente tem o Be agora. Antes de qualquer decisão temos que pensar na segurança dele —

— Eu tô ligado, mas se eu for realmente virar o dono de uma favela, ele e você vão ter máxima proteção —

— Você protege a gente.....mas quem protege você, Felipe ? — Suspirou pensativa. — Então......nós vamos ter que sair daqui ? —

— Qual é, Nicolly, eu sei me cuidar, você sabe. E sair, não. Dá impressão que a gente tá fugindo —

Puxei ela pro meu colo.

— A gente vai se mudar, mas o contato vai ser o mesmo, tá ligada ? —

— Já falei pra você que não sou tomada — Fez careta e eu ri. — Bom.....se é isso que você quer —

Deu de ombros.

— Eu sei, que você lutou muito do lado do C.R, pra conseguir toda essa confiança. Claro, não com coisas certas, mas também, a maioria dessas coisas, ajudou as pessoas aqui.
Então......eu não posso te impedir disso, você....sei lá, aceita —

Da Zona Sul pro Morro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora