O corpo caiu num baque surdo no chão.
Ninguém teve reação por alguns segundos.
Garcia estava morto. Um companheiro, um amigo próximo, amado. O cara que era encarregado de falar besteira no grupo, mas que mesmo assim eram querido por todos.
Morto.
O primeiro a sair do transe foi Endrick. O engenheiro mecatrônico gritou para que os amigos se abaixassem. Um zumbido tomava conta dos ouvidos de todos. O barulho do tiro fora assustador e todos estavam travados em seus lugares, mas o impulso de sobrevivência falava mais alto.
Todos se jogaram no chão em busca de abrigo. O outro grupo começou a atirar novamente, mas agora de maneira contínua. As balas atingiram sofás, a TV, os armários... Nada escapou dos tiros, que deixavam cada vez mais buracos no lugar. As janelas agora eram espaços vazios, o vidro quebrado espalhado pelo chão. O cenário era assustador.
O corpo de Garcia estava próximo de Carlos. O perito fez um esforço enorme para não chorar com a visão. Como perito criminal, estava acostumado a lidar com cadáveres, mas ali era um grande amigo dos tempos de escola... Uma situação completamente diferente. Abaixado, começou a se arrastar em direção à entrada da cozinha, afinal talvez lá estivessem mais seguros. Tentou gritar por cima dos projéteis para que os amigos o seguissem, parecendo ter algum sucesso.
O caminho entre os cômodos nunca parece tão grande. Gustavo foi o primeiro a chegar, jogando a mesa de ferro e mármore no chão criando uma barreira de proteção. Beatriz e Rafael logo se juntaram a ele, e aos poucos todo o grupo estava na cozinha escondido atrás de algum eletrodoméstico ou móvel. Isabela, Kaique e Lisa choravam, ainda em choque com o que aconteceu com Garcia. Ninguém estava preparado pra ver alguém morrer com os próprios olhos de maneira tão brutal.
Guilherme teve uma ideia, na verdade, a única coisa plausível a ser feita naquele momento. Ia gritar para os amigos o que pensou, mas Tiago de repente saiu do esconderijo que adotara, correndo abaixado de volta pra sala. A cena deixou Guilherme transtornado.
— ONDE VOCÊ VAI? - perguntou, tentando fazer a voz ser mais alta que os tiros, que pareciam estar diminuindo.
— EU VOLTO!
Essas seriam as últimas palavras que Guilherme ouviria de Tiago por um bom tempo. Mil coisas passaram pela sua cabeça, coisas que queria ter dito, coisas que queria ter vivido ao lado do médico... Mas tudo se esvaiu quando o médico voltou correndo para a sala da casa.
O resto do grupo também observou a cena sem saber o que dizer. Todos tinham medo do que poderia acontecer com o amigo que voltou ao lugar que era mais atingido pelos tiros. Mas estavam todos muito transtornados para fazer algo.
— CARRO, AGORA!
Fora Gustavo Oliveira que disse aquilo, sendo o próximo a se dirigir pra fora da cozinha. Seu objetivo era atravessar o corredor dos quartos em direção ao quintal de trás da casa, dar a volta pela construção e adentrar o carro que possuíam parado. Seu cérebro ainda estava nublado, mas tentava agir com a razão. Perdera um amigo, não queria perder mais um.
Felizmente o corredor da casa não havia sido atingido por nenhum tiro, pois as paredes protegiam o lugar. Gustavo, Vinícius, Lisa, e Lukatto conseguiram chegar a porta que dava acesso ao lado de fora da casa, mas assim que a abriram, uma onda de tiro atingiu a madeira, fazendo-os recuar. Vinícius pensou rápido, retornando um pouco no corredor e adentrando o quarto do anfitrião, se escondendo atrás da cama de Luiz, claro que com Lisa em sua cola. Lukatto seguiu-os, mas se pôs num vão entre o guarda-roupa e a parede. Gustavo voltou para a cozinha, se aproximando de Macedo para tentarem pensar em algo.
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The Anarcotarios' Zombie Apocalypse
Science FictionCom o desenvolvimento da ciência e inumeros testes laboratoriais para atingir a perfeição do ser humano através de mutações genéticas houve, no ano de 2030, um grande erro laboratorial que resultou em algo grande e completamente divergente do objeti...