The Anarcotarios' Zombie Apocalypse

Mistakes We Made on the Way

FLASHBACK ON
Por volta das 17, região da piscina

Lisa mal ouviu o que Luiz dissera. Subiu as escadas que levavam ao topo do tobogã, em passos rápidos. Ouvia a voz do rapaz que lhe acompanhava, mas não dava atenção nenhuma. Havia algo se movendo lá em cima, e a garota estava temerosa do que fosse.

Queria ajudar o grupo como pudesse. Mesmo que tivesse sido designada a ajudar na limpeza do lugar com alguém que não confiasse em si, Lisa apenas queria ajudar.

Quando seu antigo grupo apareceu, ainda na casa de Luiz, a garota teve certeza de que haviam sigo seguidos. Entendia completamente as desconfianças em cima de si – se arrependia de algumas coisas, como ter pedido para dormir com Endrick – e tentava mudar isso, aos poucos. Quando foram atacados pela segunda vez e ouviu a voz de seu ex companheiro, teve certeza de que estavam atrás de si.

Mesmo que se sentisse um peso e não fosse necessariamente bem vinda, ficou muito feliz quando ninguém topou por abandona-la na estrada. Poderia ficar, finalmente, ao lado de Vinícius, o homem que amava...

O homem que entrara procurando por si no condomínio que abandonaram era Fernando, seu agora ex-namorado. A garota passara por diversos conflitos naquele relacionamento; desde o abuso psicológico até ao abuso físico. Demorou a entender que aquilo tudo não era culpa sua, e somente conseguiu ver aquilo quando o mundo acabou, literalmente. Fugira do grupo que Fernando arrastou-a, ficando abandonada na estrada.

Até que viu aquele carro. Ficara tão feliz em reconhecer, mesmo que de longe, Vinícius. Mesmo através da janela do carro, o homem que amava parecia tão lindo quanto antes. Seu coração bateu forte, e assim que conseguiu, seguiu o carro até onde pôde. Deduziu que o grupo dos amigos estava na casa de Luiz, forçando a própria memória para lembrar-se do caminho. Isso atrasou-a, mas assim que chegou, a felicidade mal cabia em seu corpo.

Mentiu. Mentiu quando dissera que o grupo se perdera a caminho do Aramaçan, mentiu quando disse que se perdeu deles. Mas não podia dizer a verdade, pois tinha medo de Vinícius querer ir atrás de seu namorado – que, aliás, o internacionalista não sabia que ela ainda estava junto. Ficou com medo quando o grupo resolveu ir atrás dos suprimentos que ela comentara, mesmo que aquilo fosse verdade. Existia realmente um rádio onde boatos rodavam sobre as coisas lá abandonadas. Temeu por todos, mas a sorte venceu, e conseguiram voltar inteiros.

Naquela noite, assistiu Gustavo Garcia ser baleado. Um tiro certeiro que tirou a vida do rapaz que costumava ser o alívio cômico do grupo. Algumas horas depois, viu Matheus ser mordido. Culpava-se por ter chamado o amigo, mesmo que não tivesse feito por mal. Se sentia péssima pelos dois, por que afinal, o grupo dos amigos do amado não havia sofrido nenhuma perda antes que ela tivesse chegado.

Depois, precisou explicar a Vinícius sobre o grupo. Eles seguiram ela, Regina, Kaique e o próprio Vinicius do Aramaçan até a casa de Luiz... Ela soube disso alguns minutos depois que o antigo grupo chegara lá, mas gostaria de ter percebido antes. Gostaria também, de ter avisado Vinicius sobre isso, assim o garoto não teria acusado seu amigo de ter atraído os invasores, mas... Já era tarde demais quando todos estavam brigando sobre isso e a mesma ficou com medo de acusarem ela novamente. Talvez se tivesse ficado mais tempo com Luiz ouvindo o rádio... Sabia que se somente ouvissem, poderiam ter conseguido mais cedo captar o sinal e fugir de alguma forma. Como fizeram no último ataque.

Este, que não lhe fazia sentido também. Como seu ex conseguira acha-los ali? Estavam tão longe de onde era a base do antigo grupo. Não poderiam ter sido seguidos, pois se fosse esse o caso, Lisa sabia que teriam atirado neles no momento de maior fraqueza. Provavelmente durante o parto de Beatriz. A garota sofria com a perda da bióloga, talvez a morte que mais tivesse lhe abalado até ali. Sentia pena de Carlos, também. Gostaria que ele tivesse ficado vivo para viver o merecido romance com Regina. Mas a vida não era tão boa assim.