Capítulo 51 - Park Jin-Woo

26 4 0
                                    

          Eu estava sendo arrastado para o pátio junto com os outros escravos, nós seríamos interrogados e eu já tinha uma ideia do porquê. Fomos enfileirados e o capataz se posicionou em nossa frente, pude notar que ele estava com um chicote em mãos, seria melhor eu não irritá-lo. Assim que todos os escravos foram colocados no pátio ele falou com a voz firme:

           — Uma escrava fugiu do palácio recentemente - os escravos se mexeram de nervosismo - E alguém a ajudou.

               Ele deixou aquela frase no ar por alguns segundos e então continuou:

           — Algum de vocês a ajudou. Quem foi?

               Fiquei tenso. O que ela havia feito? Por quê ela não voltou? Eu nunca deveria ter confiado nela, como pude ser tão burro?

          — Vocês não vão falar? - ele arqueou as sobrancelhas - Não? Ninguém? Tudo bem - ele sorriu e estalou o chicote no ar fazendo os escravos tremerem. Ao ver a reação deles ele riu maleficamente pois  sabia que todos o temiam. Ele passou por entre as filas, estalando o chicote e rindo quando os escravos se encolhiam. Vi ele se aproximando dos mais fracos, as crianças. Ele agarrou o braço fino de um menino e o jogou no chão e logo em seguida ouvi um terrível estalo. Meu sangue ferveu, como pode existir uma pessoa tão vil? Naquele momento dei um passo à frente e anunciei para todos que eu havia a visto saindo sozinha do palácio embora minha vontade fosse enfiar minha espada nas entranhas daquele maldito. Ele me olhou com um sorriso de satisfação no rosto e falou lentamente:

         — Você a viu? Se a viu porque não deu o alarme que uma escrava fugia, seu insolente! 

         — Que eu saiba, essa é a função dos soldados.

Ele sorriu e falou:

         — Sempre admirei pessoas corajosas, nunca achei que encontraria uma no meio desses escravos, porém eu estava errado. Guardas! Peguem-no! Trinta chibatadas, veremos se você continuará tão corajoso.

             Dois soldados me agarraram e me jogaram na frente do capataz, que sorriu ao me ver de joelhos. Minhas mãos foram fortemente amarradas e fui colocado de costas para ele. O capataz pegou o chicote e o desceu sobre minhas costas com fúria, fazendo-me curvar de dor. Todas as vezes que o chicote estalava os soldados contavam em coro. Senti meu sangue escorrer por minhas costas e misturar-se com o suor. Minhas costas estavam em carne viva aumentando a dor das chibatadas. Trinquei meus dentes e abafei um grito de dor, ao fundo pude ouvir os soldados 26,27 estava quase acabando. 30! Esperei com os olhos fechados o golpe, porém ao invés de sentir o chicote, uma arma muito pior me atingiu. Pude sentir a bola de ferro espinhosa perfurar minha pele e cravar em minha carne porém o momento de maior agonia foi quando ele tirou a bola pois ela levou com ela pedaços de minha carne. Senti vontade de cair no chão de dor, porém eu não poderia demonstrar fraqueza, então esperei os soldados me levarem de volta para a fila. Olhei para o capataz e vi que ele estava com um sorriso triunfante no rosto. Tive vontade de matá-lo porém eu não tinha forças para realizar tal ato então me calei e afastei meus pensamentos. O capataz falou que cada dia que se passasse sem ela voltar uma das crianças seria chicoteada. O encarei com fúria nos olhos porém meus olhos logo se direcionaram para outro lugar. Eram eles, eles estavam no palácio. A voz do capataz pareceu distante e fiquei os encarando enquanto atravessavam o pátio do palácio. O que eles estavam fazendo ali? Notei que eles carregavam consigo bagagens, mas por quê? Assim que fomos liberados retornei à casa dos escravos com e me sentei com dificuldade,devagar tirei minha blusa ensanguentada e a coloquei de lado. Toquei em um dos cortes e senti uma pontada de dor. Tentei achar uma posição que eu pudesse ficar porém não obtive sucesso, eu sentia dor para respirar e me mexer estava fora de questão, então me conformei e fiquei sentado. Minutos depois vi o Taehyung entrar na casa segurando um pedaço de linho e potes. Ele se ajoelhou ao meu lado e falou:

         — Deite-se de bruço.

         — Como você conseguiu os remédios? - perguntei com dificuldade por conta da dor latejante em minhas costas.

         —  Não importa, deite-se.

             Com dificuldade me deitei com a barriga para baixo, deixando minhas costas para cima. Pude ouvir quando ele pegou um dos potes e o abriu. Segundos depois ele derramou o líquido sobre minhas costas me fazendo soltar um gemido de dor, eu sentia como se minha carne estivesse sendo cozinhada. Após ele passar o remédio, me enfaixou com trapos de algodão, ao menos eles estavam limpos, pelo que ele me falou e preferi acreditar que era verdade.

The Joseon DynastyOnde histórias criam vida. Descubra agora