Capítulo 7 - Desencontros e Desenrolos

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O beijo de Ester e Filipa é interrompido pelo barulho que Poliana fez ao cair para trás surpresa com a atitude. Filipa, ao ouvir o som, corre de imediato para fora da sala indo de encontro à Poliana. Essa ainda estava se levantando quando Filipa a puxa pelo braço para dentro da sala de rádio.

Fica, a gente precisa conversar – fala Filipa enquanto segura Poliana pelo braço impedindo que ela deixe a sala.

Não tem o que explicar, eu vi o que aconteceu! – afirma Poliana virando o rosto, sem ter coragem de olhar para Filipa.

Mas o que você queria, hein? – fala Filipa em tom irônico – eu deixei um bilhete pedindo para conversarmos e você furou comigo. Eu fiquei no celular curtindo suas fotos e você não veio nem dar um olá. E na aula de ontem você não teve consideração nem de me dar Oi quando nos encontramos. Por que os meus erros pesam mais que os seus? – Filipa falava sem conseguir segurar as lágrimas, tomada por raiva e tristeza.

Eu queria falar, mas – Poliana reúne forças para falar, mas acaba caindo no choro também – a Ester me beijou na noite passada, sem eu pedir, igual a ela fez com você... E eu não ia conseguir esconder isso. – Poliana fazia pausas em sua fala, pois o choro ia aumentando – eu sabia que quando te falasse você ia ficar com muita raiva.

 – Poliana fazia pausas em sua fala, pois o choro ia aumentando – eu sabia que quando te falasse você ia ficar com muita raiva

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Ah, então é isso? eu beijo a Ester e sou a culpada. Você beija a Ester e adivinha? Eu sou a culpada – Filipa falava mordendo os lábios de raiva – E sabe o que eu to achando, que vocês duas combinaram isso, não foi? – Filipa apontava o dedo na cara de cada uma – É muito suspeito você estar espiando. Você queria me abandonar, mas não tinha coragem, afinal a boazinha da Poliana não faria isso. Então você armou isso para a culpa ser minha – Filipa vira de costas e se escora com as mãos tremendo sobre a mesa de som.

Filipa, não é nada disso, eu juro – Poliana pega no braço dela em um gesto de súplica – eu jamais faria isso. Eu segui a Ester sem ela saber. Eu nunca iria querer que você sofresse.

Você não sabe como eu me sinto, Poliana – Filipa se vira novamente para ela – você nunca vai saber o quanto é importante para mim. Você tem seus tios, suas primas e até seus amigos bizarros. Todos eles dão apoio e carinho para você – Filipa soluçava de tanto chorar – eu sou o que? Só uma pequena parte de todo o amor que você recebe? – Filipa respirava fundo para tentar manter o fôlego para falar – E eu? Você sabe como é ser eu? Meu pai só liga para a empresa, minha mãe só quer saber do clube dela, meus seguidores nem me conhecem e minha amigas têm medo de mim... – Filipa pausa um pouco sua fala tentando engolir o choro – sabe o que é ser ignorada pela única pessoa que parecia gostar de você? Mesmo desse jeito bizarro, a Ester foi a única que fez um gesto de carinho comigo nos últimos dias. Eu estava tão triste e agi pela emoção...

– Eu também estava triste, mas você também não vê o meu lado

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Eu também estava triste, mas você também não vê o meu lado. Você se sentiu triste em ser ignorada pelo recadinho e pelo celular? mas você acha que eu não me senti triste em ser ignorada na frente de todos?? – Poliana relembrava a cena em que as meninas chegaram de mãos dadas no colégio e quando os colegas começaram a rir, Filipa se voltou contra Poliana – Você preferiu não ser alvo das piadas do que ficar ao meu lado, me deixou lá sozinha.

Filipa fixa os olhos em Poliana, bufa de tanta raiva e sai a passos apressados da sala. Poliana termina de secar as lágrimas e sai em seguida. Ester segue por mais alguns momentos, processando toda a discussão que acabara de presenciar e repensando seus atos.

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Ester seguia na sala de rádio pensando: "por que o amor causava tanto sofrimento as duas? Mesmo quando eram inimigas elas nunca brigaram desse jeito e agora que se amam, as duas sofrem muito mais. É isso que significa amar? sentir uma dor tão grande que não te permite nem ficar com a pessoa que ama?". Ester então chegou a conclusão de que se apaixonar não era algo bom e preferiu esquecer os sentimentos que lhe despertaram quando Filipa a beijou.

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Poliana, logo ao sair da sala, evita passar pelo pátio principal, afinal não queria ver nenhum de seus amigos ainda. Ela então vai para a sala de teatro, sua sala preferida na escola. Ela começa a pensar no que Filipa disse, talvez ela se sentisse tão abandonada que não foi capaz de lidar com isso sozinha. Poliana passa as mãos nas roupas e fantasias que tinham sala, ela então começa a lembrar de quando viajava com seus pais e se apresentavam como uma companhia de teatro. Mesmo tendo perdido os país ainda nova, Poliana recebeu todo amor do mundo e era esse amor que lhe dava forças. Ela então pensa o quanto Filipa nunca teve esse amor, essa base para lhe ajudar nos momentos mais difíceis.

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Filipa saiu andando para o lado oposto. Foi até a parte mais escondida que encontrou da cantina e ficou lá mexendo em seu celular. Olhou o número de seguidores: havia ganho mais de mil desde a última vez que verificou. Depois ela foi olhando as próprias fotos e lembrando de cada uma delas. Das inúmeras vezes que estava triste ou com raiva de algo, mas mesmo assim sorriu para tirar a foto. Afinal, a Filipa das redes sociais vivia a vida perfeita, era inaceitável que ela não fosse feliz mesmo que por um único dia.

Estes pensamentos começaram a nublar a mente de Filipa que percebeu que nunca foi tão feliz como naqueles dias que passou com Poliana. O primeiro beijo que ela lembra dos detalhes até hoje ou quando se esconderam no banheiro para não serem pegas. Mas sem dúvida a noite na casa de sua vó Glória foi a melhor. Filipa não lembrava de ter rido tanto quanto na vez que brincaram de pega-pega ou da confusão que fizeram na cozinha fazendo pipoca e brigadeiro.

Quando se deu conta, Filipa estava com um sorriso no rosto. Ela viu que nenhuma das memórias daquele celular eram tão felizes quando as memórias que tinha com Poliana e que, ironicamente, ela nunca lembrou de tirar fotos na hora. "Será que é por isso que a Poliana nunca tira fotos?" Filipa pensou "talvez quando estamos felizes de verdade, as fotos ficam menos interessantes".

O sinal então toca marcando o fim do recreio.

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Ao término do recreio, todos os alunos começam a voltar para suas salas, todos se cruzam pelo pátio interno principal. Filipa vinha do pátio externo e Poliana vindo da sala de teatro até que uma passa pela outra. Elas novamente se olham nos olhos, as duas com olhar de culpa e perdão, ensaiam começar um diálogo, mas passam uma pela outra. Quase que ao mesmo tempo elas se viram e chamam pelo nome uma de outra. A confusão de sons e sincronia sem combinado faz as duas abrirem um leve sorriso.

Eu cansei de brigas, cansei de colocar as coisas erradas como prioridade – inicia Filipa – cansei de ficar sozinha e principalmente de fingir que eu sou feliz. Especialmente agora que experimentei a felicidade de verdade.

A conversa entre as duas chamou atenção dos alunos, em especial os de sua sala. Afinal elas viviam brigando e ver Filipa falando assim com Poliana parava tudo na escola. Logo Erik resolve provocá-las e diz – o casal número 1 da Ruth Goulart fez as pazes – o que causou risadas nos colegas e outros alunos que estavam no local olhando a cena.

E quer saber? – continua Filipa, falando em tom mais alto, para todos ouvirem – eu não me importo com essas piadinhas e risadinhas patéticas. Eles que filmem, porque agora eu não quero saber de celular, eu só quero dizer uma coisa – Filipa faz uma pausa tomando fôlego e coragem – eu te amo, Poli.

Poliana então corre e abraça Filipa, as duas com o rosto vermelho e os olhos fechados. Elas não ouviam nenhuma risada, ou cochicho. Não ouviam os comentários ou provocações, sintam apenas uma a outra. Poliana então fala no ouvido de Filipa – eu também te amo, mas você sabe, né? quem não amaria Filipa Pessoa? – Poliana dá um beijinho no rosto de Filipa – só que dessa vez fui eu que fiquei com vergonha de dizer em voz alta.

Ainda abraçadas, Filipa responde de forma carinhosa: – talvez eu te perdoe por isso. 

O Primeiro Amor de Poliana #Polipa - As Aventuras de PolianaOnde histórias criam vida. Descubra agora