Uma reunião com o rei foi solicitada, e Finnan tratou de não demorar em atender ao chamado. O príncipe escolheu o traje mais elegante que estava a sua disposição para a ocasião, um gibão cinza cujo tecido estava repleto por minúsculos detalhes brancos na finalidade de embelezá-lo. Usava um cinto preto com uma bainha que mantinha sua espada pessoal. Vestia-se com uma calça preta e botas de cano fino que espalhavam o barulho de seus passos pelos corredores.
Finnan assumia uma postura séria enquanto passava pelos guardas e vassalos do castelo. Talvez estivesse tentando transmitir a temida rigidez de seu pai, ou talvez estivesse apenas demonstrando seu comum desprezo por aqueles que são inferiores a si. Ele desceu escadas com largos tapetes sobre os degraus e passou por vários corredores até chegar no local destinado às refeições diárias da família real e seus convidados.
O salão de jantar era largo com uma bela mesa retangular no centro, esta estava posicionada sobre um enorme tapete cinza. Na parede ao lado havia uma formidável lareira de blocos escuros com toras de madeira por queimar. Para a decoração, escudos e espadas eram exibidos na parede em diversas locações. Candelabros estavam posicionados em cada canto do cômodo e um belo lustre de ferro detinha a função de iluminação. Finnan deparou-se com dois guardas na única porta de entrada do cômodo, estes pediram que ele esperasse um segundo pois seria formalmente anunciado.
— Majestade, Sua Alteza Real o Príncipe está aqui — anunciou o guarda.
— Permita que ele entre.
Em três passos precisos o guarda retornou para o lado de fora e abriu espaço para Finnan passar. Quando este o fez, deparou-se com o rei sentado em uma única cadeira no extremo da mesa onde também permanecia conversando com seu andor conselheiro.
— Estou grato por suas informações, Omiran. Por favor, retire-se para que eu possa ter com o meu filho.
O velho andor apoiou-se em seu bastão e afastou a cadeira da mesa, fez uma reverência e passou por trás da alta cadeira negra do rei. Ao estar diante do príncipe, fez mais uma leve reverência.
— Vossa Alteza. — E saiu.
Finnan olhou para o interior do salão. Não havia mais ninguém ali, nem mesmo guardas.
— Pretende ficar observando as paredes deste salão por mais quanto tempo? — perguntou Valandir.
Finnan descansou sua mão no punho da espada e deu os passos para chegar à mesa, sentou-se na cadeira mais próxima ao rei. Diante de ambos estava um prato com talheres ao lado e duas taças vazias. Os dois permaneceram em silêncio por alguns instantes. Finnan olhava para frente mas sabia que seu pai o analisava mesmo que não estivesse dirigindo seu olhar diretamente para ele. Poderia estar analisando o estado de seu cabelo, a aparição de espinhas em sua face, ou até mesmo o nível de elegância de seu traje.
— Onde esteve nesta manhã? — indagou o rei calmamente.
— Eu estava treinando.
— Onde?
Finnan engoliu um seco.
— Na área de treinamento dos soldados.
— Pretende esperar mais quanto tempo para me dizer se foi aceito ou não na ordem militar?
— Eu... não consegui desferir os golpes com...
— Você foi derrotado — concluiu Valandir.
Após dar um quase imperceptível suspiro, o príncipe admitiu.
— Sim, eu fui.
— Não estou surpreso, vê-se a minha ausência nesse duelo como minha certeza de seu fracasso. Ainda me pergunto o porquê de você andar por aí com essa espada se não sabe usá-la.
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A Pretensão dos Cavaleiros
FantasyO humilde Vilarejo Erban do Reino de Asmabel passou pela mais produtiva das primaveras e a adolescente Eurene vê seus dias tornando-se mais atarefados com sua família. No entanto, tudo muda quando a expansão territorial do Reino de Vordia chega ao v...