Ferozes e destemidos eram os golpes que Finnan desferia em direção ao seu adversário. Os dois estavam cobertos por peças de armadura completa, desde elmos à joelheiras e ambos dançavam pelo solo rodopiando a espada em suas mãos.
O local em que duelavam era uma pequena área na ala oeste do castelo, mais próximo do jardim e mais longe do castelo. Mais próximo da rainha e mais longe do rei.
Quando Cilina chegou no local atendendo ao pedido de seu filho, deparou-se com um príncipe que lutava com uma ferocidade exorbitante. Ela pôde notar que o adversário do rapaz era um garoto de estatura menor do que seu filho. Magro da mesma forma, porém menor. O tilintar do choque entre os metais espalhava-se pelo ar com os urros de esforço trocados pelos duelistas. A queda da espada do baixo rapaz decretou sua derrota e encerrou a disputa.
Não houve aplausos, afinal apenas alguns poucos guardas rodeavam os jovens combatentes. Finnan levou a mão à cabeça e retirou seu elmo revelando todo o seu cansaço enquanto ofegava. Já seu adversário, sentou no chão de blocos e adiantou-se em retirar qualquer peça de armadura possível por sua conta própria. Cilina surpreendeu-se ao olhar para o rosto do menino.
— Foi uma boa luta. — Finnan ainda buscava o ar para sua garganta seca.
— Obrigado, Alteza. — o menino de onze anos sentia-se prestes a ter seu coração saindo pela boca.
— Uma boa vitória para você, Finnan, de fato — a rainha aproximou-se dos dois. — Ainda mais se compararmos a notável diferença de idade entre vocês.
— O que foi, mãe? — ele abriu os braços ao confrontá-la.
— Eu é que pergunto isso. Foi você quem me chamou.
— Vai me criticar por causa da idade dele?!
— O filho de uma cozinheira? Mesmo Finnan? Agradeça aos Seres Aliais por ter sido eu quem está aqui e não seu pai. Ele não iria gostar de ver isso.
— Sei disso. Por isso mandei que chamassem você e não ele.
— Nossa, já está até falando como um rei. Um pouco autoritário para o meu gosto mas ainda assim um rei. O que queria me dizer, querido?
— Mãe... — ele a deu um olhar severo. — Já te pedi que não me chame assim quando eu estiver perto dos guardas.
— Ah, sim, tinha me esquecido. Bom, então é melhor conversarmos em um lugar mais afastado. — ela virou-se para os militares — Obrigado por escoltarem meu filho, agora nos dêem licença, por gentileza.
À pedido de sua mãe, Finnan guardou sua espada e passou ao seu lado para seguir o caminho pelas trilhas do jardim. Antes de seguí-lo, a rainha virou-se para o pobre menino sentado no chão. Ele abaixou o olhar perante a aproximação da monarca.
— Lutou muito bem, pequeno. Mantenha-se assim, e será um grande soldado quando crescer.
Após suas palavras, ela o deixou para acompanhar os passos do filho. Um sorriso de incredulidade começou a surgir no rosto do menino sardento.
O príncipe caminhou até a primeira mesa que encontrou pelas trilhas rodeadas por plantas no jardim. Não esperou por sua mãe para sentar-se e descansar, a armadura lhe incomodava muito. Felizmente, a brisa do local lhe agradava.
— Um cavalheiro deve esperar a dama que o acompanha para puxar a cadeira e somente depois sentar-se com ela. Não esqueça os modos, Finnan.
— Eu me lembro muito bem dos modos, mãe. Passei minha infância toda tendo aulas de boas maneiras neste castelo, se lembra?
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A Pretensão dos Cavaleiros
FantasyO humilde Vilarejo Erban do Reino de Asmabel passou pela mais produtiva das primaveras e a adolescente Eurene vê seus dias tornando-se mais atarefados com sua família. No entanto, tudo muda quando a expansão territorial do Reino de Vordia chega ao v...