O castelo elevava-se ao céu até uma altura além da visão de quem o observava de perto. O trio precisou atravessar metade da cidade para chegar até o guarnecido Castelo da Corte. Ao longo do percurso, foi possível notar que a quantidade de guardas patrulhando pelas ruas aumentava consideravelmente. Além de outras diferenças sutis, as residências que pertenciam àquela área da cidade exibiam, em sua maioria, proporções maiores do que as outras simples moradias nas proximidades da muralha. O último espaço público que eles atravessaram antes de chegar à base do castelo foi uma ampla praça a céu aberto onde poucas pessoas transitavam.
Após subirem uma larga escadaria branca com guardas posicionados nas laterais, eles se viram diante de um alto portão de madeira negra, este possuía figuras esculpidas por toda sua extensão. Duas fileiras de guardas posicionados com lanças pelos lados do portão mantinham sua proteção.
O trio desacelerou os passos à medida que se aproximavam da entrada do castelo. Eurene os analisou por alguns segundos e não pôde deixar de associar aqueles homens à estátuas. Adamor seguiu em frente com a cabeça erguida e Idarcio mantinha-se ao seu lado. Quando chegaram à um metro de distância dos dois guardas principais, eles pararam e se alinharam um ao lado do outro.
— Bom dia, valorosos guardas — cumprimentou o cavaleiro.
O militar deu um passo a frente para recepcioná-los.
— Identifiquem-se, por favor.
— Meu nome é Adamor, sou um líder cavaleiro proclamado por Edaron e membro da Ordem dos Cavaleiros.
O guarda virou-se para o andor.
— Meu nome é Idarcio e sou um andor, como você pode comprovar pelo bastão alial que carrego em minha mão. Este animal branco é o Filo, ele é um flito e meu companheiro de viagem.
Quando chegou a vez de Eurene se apresentar, ela percebeu que deveria ter se preparado antecipadamente para tal.
— Meu nome é Eurene. E eu... sou uma menina.
Apesar do estranhamento do guarda, a apresentação dada pareceu ser satisfatória.
— O que vocês desejam no Castelo da Corte?
Adamor tomou a voz do trio.
— Nós gostaríamos de solicitar uma audiência com o rei.
— E qual seria o assunto dessa audiência?
— Se trata dos recentes conflitos que o Reino de Asmabel está enfrentando em relação ao Reino de Vordia.
— Antes de informar qualquer membro da corte sobre a sua presença, eu preciso que você me diga o grau de urgência da realização dessa audiência. Vocês devem saber a gravidade que seria solicitar a presença do rei se o assunto não for extremamente importante.
— Eu estou muito ciente dos possíveis riscos que estou me submetendo aqui agora, nobre guarda. Por isso eu lhe garanto, o assunto que queremos tratar é de altíssima urgência e interesse do rei.
Após uma breve troca de olhares pesados, o guarda virou-se para trás e deu duas batidas com sua lança no portão. As portas dividiram-se e o homem logo entrou.
A Casa das Canções estava repleta por uma junção de melodias agradáveis aos ouvidos. Sentadas em uma fileira de bancos, havia um quarteto de meninas que, apesar da pouca idade, manuseavam habilmente o arco pelas cordas das rabecas. O luxuoso salão estava preenchido por outras garotas que acompanhavam o desempenho do quarteto, todas permaneciam sentadas em bancos e aguardavam a sua vez de mostrar seu aprendizado. O ambiente era tomado por uma aura amarela devido a luz do sol que adentrava pelas janelas. Também havia algumas senhoras de longos vestidos e penteados extravagantes, elas tomavam café em mesas redondas e pareciam usufruir da melodia que preenchia aquela manhã.
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A Pretensão dos Cavaleiros
FantasyO humilde Vilarejo Erban do Reino de Asmabel passou pela mais produtiva das primaveras e a adolescente Eurene vê seus dias tornando-se mais atarefados com sua família. No entanto, tudo muda quando a expansão territorial do Reino de Vordia chega ao v...