- O Próximo Plano -

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A primeira etapa do plano dos cavaleiros havia fracassado. Por mais desanimador que fosse a situação, Adamor não demonstrava decepção e muito menos desespero em seu comportamento. Pelo contrário, o líder dos cavaleiros parecia já esperar por tal acontecimento. Talvez nem mesmo ele tivesse fé de que o seu plano desse certo inicialmente.

Apesar de estar repleta de dúvidas, Eurene não as esboçou diretamente para o homem, tentou interpretar as consequências da fracassada audiência através de suas expressões e comportamento, o que mostrou-se ser uma tarefa muito difícil para ela. O trio deixou o Castelo da Corte logo após o veredito do rei. Afastaram-se em silêncio para que os guardas de prontidão não levantassem suspeitas de seus cochichos. No entanto, nada os impedia de demonstrarem sua insatisfação quando estivessem à uma boa distância da área nobre da cidade.

— Eu sinto profundamente que a Rainha Eline não possui nenhum apreço por animais de espécie alguma. Os únicos que devem agradá-la são os que forneceram sua pele para a confecção de seus luxuosos casacos. — Idarcio queixava-se enquanto dava passos pesados para acompanhar o cavaleiro e a menina. — Expulsar Filo no meio de uma apresentação formal foi algo no mínimo desagradável! Não somente para ele mas para mim também!

— Eu compartilho de sua frustração, meu amigo. Mas creio que essa audiência nos trouxe prejuízos maiores do que apenas a sua humilhação.

— Não se trata de humilhar a minha pessoa, Adamor. Espere, você está dizendo que essa humilhação não tem importância nenhuma?!

O cavaleiro parou seus passos e deu um suspiro, olhou para Eurene como se a clamasse por ajuda em apaziguar os ânimos do andor falante.

— A rainha foi mal educada sim em expulsar o Filo, Idarcio — disse a menina.

— É claro que ela foi. Totalmente deselegante.

— Eu não estava muito ansiosa para conhecer nenhum deles e também não esperava muito, mas o Rei Grival me pareceu muito diferente do que aquela estátua apresenta. Na verdade, eu diria que aquilo não representa nada do que ele é.

— É muito compreensível o seu estranhamento, Eurene — disse o cavaleiro. — Aquela estátua foi construída há muitos anos, talvez mais de duas décadas atrás. Estátuas de reis possuem a finalidade de engrandecer suas personalidades, uma forma de mostrar ao povo que eles desejam estar sempre perto de seus súditos. Mas assim como você, eu também acho que aquela em especial possui atributos que não condizem nem um pouco com a realidade.

— Eu acho que o "bondoso" no título do rei poderia ser muito bem trocado por covarde. Ninguém iria perceber a diferença.

Adamor esboçou um sorriso.

— Ora, não vamos nos precipitar em nossas conclusões — disse Idarcio. — Vocês devem assumir que iniciar uma guerra e quebrar anos de uma paz conquistada é algo que causa muita reflexão antes de uma decisão ser tomada. Todos nós estamos cientes das consequências que isso traria para a reputação da corte caso uma guerra traga a desgraça para a população.

— Você se engana, meu amigo. Um rei que se preocupa com sua reputação acima do bem estar de seu povo é um rei ruim. Há dois tipos de líderes ruins, os que são fracos e os covardes. Infelizmente, nós lidamos com um líder que possui essas duas desvirtudes.

— Mas ele disse que não iria iniciar uma guerra justamente para manter o bem estar da população — disse Eurene.

— Esse pensamento é equivocado. Manter uma passividade diante da ameaça do inimigo é o mesmo que dar permissão para ele te atacar. Não se surpreenda caso os soldados de Vordia cheguem nos portões da cidade pedindo para entrar. É muito provável que o próprio rei os convide para uma refeição em sua mesa.

A Pretensão dos CavaleirosOnde histórias criam vida. Descubra agora