- O Recomeço dos Ejions -

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Um dia se passou desde o último teste, em especial o que decidiria o vencedor da competição e, aparentemente, também nomearia o próximo integrante da Ordem dos Ejions.

Já estava se tornando repetitivo as noites em que Derion passava horas acordado refletindo sobre as tragédias que atormentavam sua vida durante aqueles últimos dias. Era como se toda vez que se livrava de um problema, outro surgia para lhe atormentar. E assim o ciclo sempre se repetia. Isso já estava se tornando monótono. Depois de toda aquela confusão no Orbom, em que fora sua a culpa de libertar os tarfos e fazê-los voarem nas cabeças dos alunos, Grimbor o ordenou que retornasse para seu dormitório, assim como Joron e todos os outros estudantes nas arquibancadas.

O seu caminho pelos corredores do templo foi coberto de apreensão, afinal ele temia pelo o que os demais alunos lhe diriam assim que o vissem sozinho por ali. Sem dúvida alguma iriam tentar tirar satisfação, ou ao menos confrontá-lo pela suas ações irresponsáveis naquele Orbom.

Assim como o esperado, alguém o chamou enquanto ele percorria seus passos de cabeça baixa. Derion ignorou a primeira vez, sabia o tipo de coisa que teria que escutar. Seguiu seus passos pesados e apressados, mas logo percebeu que vários rapazes já se aglomeravam no início do corredor atrás de si, todos aparentemente com as mesmas intenções.

— Derion! — Quando um deles ousou pôr a mão no ombro do jovem andor para fazê-lo parar, este se virou pronto para encará-lo.

— O que quer, imbecil?! — Derion apresentou uma feição raivosa, sua testa reluzia pela quantidade de suor.

— Você quase nos matou naquela droga de arena! — o rapaz esbravejou encarando-o. À essa altura os dois já estavam totalmente rodeados por vários estudantes.

— Não tenho culpa se você não tem capacidade de matar um simples tarfo — Derion esbravejou.

— Um?! Tinha centenas deles! Você quase nos matou!

— O que quer que eu faça?! Que eu cure os seus arranhões?!

— Te dar uma surra seria uma boa forma de consertar as burrices que você fez.

— Tente. — Assim que proferiu, seus olhos tornaram-se reluzentes e seu semblante assumiu uma fúria que poderia arrepiar os pequenos pelos do corpo.

Houve uma hesitação por parte do estudante insatisfeito, provavelmente ele havia pensado duas vezes antes de dar a surra que tanto desejava. Nesse momento, outro rapaz surgiu no meio daquela aglomeração, era Joron que havia aparecido no ápice do momento de tensão.

— Opa, isso que você está fazendo não é uma boa ideia, Erelion — disse ele colocando a mão no ombro do colega.

— Ele merece apanhar.

— Também acho, mas precisaria de quase todos nós aqui para derrubar ele. Vocês viram o que ele fez lá no Orbom, não viram?

Derion não compreendeu inicialmente aquela estranha atitude de Joron. Certamente havia intenções ocultas em suas palavras.

— Está ajudando ele por quê? — indagou o rapaz enfurecido.

— Porque eu não sou burro — disse Joron. — Só um burro iria tentar lutar contra ele. Ele é um ejion. Não é mesmo, Derion?

A partir daquele momento, Derion viu-se sendo observado por todos os olhares ao redor. Observado como se ele fosse um estranho, uma criatura exótica, algo incomum e indesejável para se estar ao redor de seres comuns. Não suportaria mais ficar ali, virou-se e seguiu seu caminho para longe daquela multidão de andors repudiosos.

A Pretensão dos CavaleirosOnde histórias criam vida. Descubra agora