- Florescer de Sentimentos -

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O pedaço de bolo que Eurene e Devin compraram não podia ter a qualidade comparada com os que sua mãe Nirene costumava preparar na antiga Padaria de Eugus. Talvez eles compartilhavam essa opinião pelo fato de serem incapazes de desmerecer o trabalho de sua mãe com receitas. Mas de qualquer forma, o bolo estava bom.

— Mmm... esse bolo parece aquele que a mamãe fez com laranjas aquele dia — comentou Devin mastigando um farto pedaço.

— É, até que este não está ruim. Mas o da nossa mãe era muito melhor, tinha rodelas de laranjas em cima.

— Acho que deve ser por isso então.

Os irmãos acordaram cedo nesta manhã, afinal Eurene assumiu um compromisso a ser feito nas próximas horas. Os dois pegaram caixotes para sentarem numa rua próxima à estalagem, mas ao contrário das outras vielas, esta estava bem movimentada. As pessoas realizavam seus afazeres diários com acenos de cumprimento e cortesia em suas passagens. A vida na fabulosa Cidade de Asmabel estava mais satisfatória do que nunca.

Eurene acordou com os pensamentos de que hoje seria o dia em que conheceria a bem falada Família Real, algo que ela não sabia julgar se era bom ou ruim. De qualquer forma, preferiu não criar expectativas pois a possibilidade de esses nobres não serem tão benditos assim era razoavelmente alta. Quando desceu as escadas para o andar inferior da estalagem, encontrou-se com Adamor e afirmou que já estava pronta para iniciarem a primeira etapa da missão. Porém, Idarcio lhes pediu que aguardassem alguns minutos pois ele pretendia ir à procura de vestes que, segundo ele, possuíssem menos buracos e rasgados.

Enquanto esperavam próximo à estalagem momentos atrás, Devin avistou um estabelecimento denominado Padaria de Menolia com chamativos bolos expostos na vitrine. Logo, Eurene viu-se obrigada a comprar dois grandes pedaços para o seu desjejum e o do irmão.

— Cadê a sua espada nova? — perguntou o menino.

— Eu deixei lá no quarto.

— Você não vai levar ela?!

— Por que eu deveria levá-la?

— Porque ela causa respeito, ué. Todo mundo tem medo de quem tem uma espada de verdade.

— Qual dos cavaleiros te disso isso? O Borbon? Eu não gosto de ficar exibindo por aí que tenho uma espada na cintura. Vai que os guardas da cidade tomam ela de mim achando que eu quero assassinar alguém.

— Que besteira.

Os irmãos continuaram comendo o pedaço de bolo até a última migalha enquanto observavam as pessoas transitarem em sua frente. Pouco depois eles se viram diante da aproximação de Talion e Adilan que traziam uma sacola de pano nas mãos, ambas cheias de verduras e legumes.

— Oh, olá — cumprimentou Talion abrindo um sorriso ao ver a menina e seu irmão sentados na calçada.

— Olá — respondeu Eurene.

— Vocês estão esperando alguém aqui?

— Sim, o Idarcio.

— Ele foi comprar roupas novas — informou Devin.

— Estava na hora mesmo, aqueles trapos dele devem ter uns mil anos já, he he.

O comentário de Talion não arrancou risos dos demais como ele esperava. Pelo contrário, acabou por desfazer o fraco sorriso nos rostos dos irmãos.

— Que? — indagou Devin.

— Acho que você escolheu mal as palavras, irmão — murmurou Adilan em deboche.

A Pretensão dos CavaleirosOnde histórias criam vida. Descubra agora