A sombra da grande árvore solitária fornecia um desejado descanso para os dezesseis soldados e seus cavalos. A jornada de Vordia até às Pradarias Verdejantes mostrou-se ser mais exaustiva do que muitos deles esperavam.
Os homens transpiravam como se tivessem acabado de atravessar um deserto árido e seco, decerto o peso da armadura contribuía para tal cansaço. Mas uma coisa era certa, nenhum deles possuía afinidade com o calor natural dos dias de Asmabel, podiam jurar que nunca permaneceram debaixo do sol por tanto tempo em um único dia. A sombra daquela árvore em específico foi muito bem-vinda por todos pois se eles optassem por descansar debaixo de cada carvalho que encontrassem no caminho, certamente levaria muitas horas a mais para chegar em seu destino.
Os cavalos pastavam no gramado ao redor enquanto alguns soldados se refrescavam com seus cantis e comiam os pães fornecidos para a viagem. O comandante Norben chegou a suspirar pelo alívio de finalmente retirar suas botas que tanto incomodavam os calos de seus pés. O homem estava grato pela oportunidade de descanso, isso era claro em seu rosto.
— Mas que merda! — Pelo visto, o Príncipe Finnan não compartilhava da mesma gratidão de Norben. Em uma súbita mudança de humor, o rapaz jogou seu cantil no chão. Aparentemente havia menos água ali do que ele esperava.
— Não se revolte por nada, meu príncipe — disse Norben após um suspiro. — Há água abundante nos meus dois cantis, beba o quanto quiser.
O rapaz virou-se para ele e o analisou, questionava a si mesmo se deveria aceitar o favor ou não. Por fim ele caminhou até o oficial em passos pesados e arrancou de sua mão o recipiente de couro.
— Não me chame de "meu príncipe" — disse Finnan após beber um longo gole de água. — São as donzelas e as prostitutas que costumam falar assim.
Norben deu um riso abafado pela fala do rapaz, pegou seu cantil de volta e sentou-se na raiz da árvore enorme.
— Queira me desculpar. É o costume dos súditos chamá-lo assim.
— Que costume idiota, hein? — O rapaz bufou e olhou o ambiente ao redor, tudo o que viu foi colinas no horizonte e campos verdes. Nenhuma casa e nenhum castelo, que era o que desejava avistar.
— Vejo que não está nada satisfeito em estar aqui — Norben continuou.
— Você tem uma ótima visão, então.
— Quer que eu providencie alguma coisa que venha a agradá-lo?
— Hmm, se você puder me trazer agora a cabeça desses malditos cavaleiros, já seria um excelente começo.
Norben parou para pensar em uma boa resposta.
— Tudo ao seu tempo, jovem príncipe. Nós vamos capturar os cavaleiros perversos que conspiram contra o rei e logo vamos estar de volta em nossas casas aconchegantes.
— Você fala como se fosse garantido que nós conseguiremos matar eles facilmente.
— Ora, que chance teriam quatro cavaleiros contra treze soldados vordianos, um andor experiente em combate e um comandante de guerra?
Finnan estranhou o fato do militar não ter citado o seu nome também.
— E eu! — O descuido serviu apenas para aborrecê-lo ainda mais. — Eu também vou lutar contra eles.
Por algum motivo, aquele comportamento desagradou grandemente o comandante. Mas o mais difícil seria explicar seu ponto de vista para o rapaz enfurecido.
— Com todo o respeito, Alteza — disse Norben. —, mas não acha que é melhor optarmos por mantermos a sua integridade? Não gosto nem de imaginar o que o rei faria se visse um único arranhão em seu amado filho.
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A Pretensão dos Cavaleiros
FantasyO humilde Vilarejo Erban do Reino de Asmabel passou pela mais produtiva das primaveras e a adolescente Eurene vê seus dias tornando-se mais atarefados com sua família. No entanto, tudo muda quando a expansão territorial do Reino de Vordia chega ao v...