Conselhos

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Cheryl B. Topaz – Point Of View

O silêncio na casa das Topaz retornou, talvez com mais força do que da última vez porque não dormimos juntas, quando sentei para o café a lutadora já havia ido para os treinos e não tivemos contato nenhum, a não ser por um indireto que ocorreu no meio da manhã.

Sentada em minha sala de música tentava escrever alguma coisa, tinha várias composições, inúmeras sobre minha relação com Toni e nossos momentos bons, nunca mais havia escrito sobre tristeza ou dor, todas as criações que a envolviam só tinha haver com felicidade e amor, muito amor. 

Pelas lentes do meu óculos, encarava o caderninho rabiscado com algumas palavras, mas nenhuma frase totalmente formada. Os meus sentimentos estavam confusos, embaralhados e não conseguia ao menos coloca-los no papel para poder entender a mim mesma.

— Cheryl. 

Debora me chamou, batendo na porta aberta. 
Levantei o olhar em sua direção, a mais velha adentrava com um buquê de lírios vermelhos em mãos. Eram tão lindos que fazia meu peito aquecer, suspirando com a visão que me dava uma pontinha de felicidade. 

— É pra você, óbvio. 

Sorriu ao falar, entregando-me as flores.

Debora sabe do nosso desentendimento, não sei se Toni a contou, mas quando fiz minha primeira refeição do dia a mais velha se preocupou em me perguntar se estava bem. 

— São tão lindos! 

Abri um pequeno sorriso, cheirando as pétalas.

— Sabia que os lírios junto com as rosas são as flores com perfume mais delicioso? Fora os significados que são incríveis...

Comentei, animada com o buquê.

— Não entendo muito de flores. 

— Eu também não, mas os lírios... – mordi o lábio. — Eles estão na minha história com Toni desde o ensino médio, é como um símbolo nosso. 

— Talvez ajude vocês. – Debora soou positiva. — Aliás, tem um cartão.

Apontou para o meio das flores, girei o buquê procurando pelo envelope branco em meio as pétalas vermelhas. Quando o peguei, ergui o olhar procurando por Debora que já não estava mais ali, suspirei tomando coragem para ler o que havia no pequeno cartão.

“Feliz dia dos professores para minha professora de música preferida! 

Hoje é seu dia e precisamos comemorar, de preferência no melhor restaurante onde já fiz nossas reservas e você está convocada para ter um jantar comigo. E sim, irei furar minha dieta, afinal você merece! 

Obs: Provavelmente te enchi de beijos de manhã, sinto muito se incomodei seu sono. Eu amo você. 

— Com amor, sua esposa.”

Fechei os olhos, sentindo as lágrimas descerem ao perceber que isso já estava planejado, foi antes da briga e possivelmente se arrepende de ter escrito tudo isso. Funguei, lendo uma última vez suas palavras que tanto fazem meu coração acelerar, ainda é a mesma coisa, do mesmo jeito, mas algo lá no fundo era diferente. Talvez a mágoa por suas acusações, pelas frases ditas sem pensar.

Enxuguei o rosto molhado por lágrimas, devolvendo o cartão ao envelope e carregando as flores para o andar de baixo. Debora não estava em nenhum cômodo por qual passei e era melhor assim, não queria que me visse toda melancólica. Procurei por um vaso, colocando a quantidade de água suficiente e pousando os lírios, nunca iria desperdiçar flores tão lindas. 

03 [ beyond the love - choni ]Onde histórias criam vida. Descubra agora