Nossa casa

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Cheryl B. Topaz – Point Of View

Estava sendo difícil sair da cama. Quer dizer, o barulho da chuva caindo lá fora, os braços firmes de Toni em minha cintura, o rosto afundado em meu pescoço e o calor de seu corpo contra o meu são o motivo. Por sorte, havia conseguido desligar o despertador do celular a tempo de não acorda-la, tinha que ir até a escola, mas vê-la tão presa a mim é como um pedido impossível de ir. 

Os meus dedos escorregaram por seus fios, os colocando para trás da orelha enquanto a mesma resmungou contra minha pele, puxando-me ainda mais no intuito de fundir nossos corpo. Não conseguia solta-la, afasta-la ou qualquer coisa do tipo, poderia ficar ali o dia inteiro apenas aproveitando da maneira que estamos abraçadas. Esqueci por alguns minutos de minhas obrigações, sentindo o cheiro da minha mulher e a maciez da sua pele contra a minha, a maneira que me segurava como antes dando-me uma sensação de possessividade da sua parte. 

Fiz uma contagem regressiva, começando pelo dez e lentamente indo até o zero, suspirando ao não ter mais escolhas. Por debaixo das cobertas segurei os pulsos da morena afastando suas mãos do meu corpo, arrastando-me pelo colchão para sair da cama. Tentei fazer menos movimentos possíveis, Toni não deu sinais de que iria acordar, cobri seu corpo novamente e beijei a bochecha me contendo para não grudar os lábios nos seus. 

Corri para o banheiro, teria que me apressar para trabalhar. Sai tão apressadamente do quarto que a última coisa que vi foi os cabelos rosas espalhados pelo travesseiro, desejando voltar para os braços daquela lutadora, mas consegui controlar qualquer instinto.

— Bom dia, Debora. 

Sorri para a mais velha ao encontra-la colocando a mesa para o café. 

— Bom dia... Cheryl. – se surpreendeu ao receber um beijo meu na bochecha, franzindo a testa. — Demorou a levantar hoje.

— Eu sei. 

Sentei a mesa, servindo um café enquanto mastigava um pedaço de pão. 

— É que... – terminei de engolir, Debora me encarava curiosa. — Dormi com a Toni, pela primeira vez em mais de um mês.

— Então agora é pra valer? Estão resolvidas? 

Ela se animou, puxei o ar, bebendo um gole do líquido preto após adoça-lo e mastigando mais um pedaço do pão. Odiava o fato de magoarmos as pessoas que torcem por nós, como agora que nossa empregada parece tão esperançosa de que está tudo bem, mas no fundo não sei se está. 

— Ainda não tenho certeza... – murmurei relaxando os ombros. — Nós estamos melhores e dormimos juntas... Só dormir mesmo, sabe? – ela assentiu. — Mas ontem ela saiu com a ex então... 

Balancei as sobrancelhas, bebendo meu café novamente. 

— A tal Barbara? – assenti. — Não deve se abalar, Cheryl, a Toni te ama tanto.

— Não estou abalada, só... Arg, odeio não poder cuidar do que é meu e a Toni ainda teve a ousadia de dizer que se divertiram! Eu odeio aquela modelo por conseguir arrancar sorrisos da minha mulher. 

Bufei ao falar negando com a cabeça.

— Bom, arranque sorrisos e divirta sua mulher mais do que ela. 

03 [ beyond the love - choni ]Onde histórias criam vida. Descubra agora