29 | soturno mordaz

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"Acontece com a distância o mesmo que acontece com o futuro: um todo imenso, e como que envolvido por uma neblina, estende-se diante de nossa alma: nosso coração ali mergulha e se perde."

J e o n

Tudo estava tão fodidamente errado.

Ainda na manhã seguinte, ao abrir meus olhos sem ao menos ter caído no sono profundo e erguer a minha cabeça, senti uma náusea forte e o gosto amargo do uísque em minha boca, incomodando o meu paladar.

O barulho da chuva que ecoava dentro do meu quarto trazia a sensação de estar escutando as gotas de dentro da minha mente, porém, ainda assim, nada parecia pior do que a lembrança deJimin totalmente molhado correndo em direção ao seu carro, indo embora.

É, ele havia partido.

Em meio a minha inocência ou burrice, tentei traçar uma linha racional, onde poderia encontrar o auto equilíbrio e lidar com as consequências das minhas próprias atitudes. No fim, ao perceber que era inútil e que discutir comigo mesmo não resolveria nada, caí na cama.

Não dormi durante a madrugada inteira como também a dor não passou, nem mesmo quando tomei um banho e engoli um calmante. Noite adentro, a cada respirar, a dor parecia aumentar em uma escala desproporcional. Tudo doía, mas não se tratava mais de uma dor em chamas que queimam e sim de uma dor vazia e fria.

Então, novamente a visão do Park encharcado surgiu em minha mente, não deixando que eu esquecesse o que eu causei. Seus olhos avermelhados e tristes me perseguiam mais do que a cruel lembrança dele partindo, após dizer para que eu não o procurasse mais.

Eu havia o machucado e céus, ele estava apaixonado por mim... Porra, o Jimin estava apaixonado. Como?

Esse fato só fazia com que eu me perguntasse se ele realmente me enxergava em todo esse tempo. Porque se ele tivesse realmente a noção de quem eu sou, saberia que eu sou a última pessoa que merecia algo assim.

Sentindo novamente aquele embrulho no meu estômago, dobrei os meus joelhos diante do vaso sanitário. Fortemente, minha barriga se contraiu, meu estômago doía por mais uma vez tentar expulsar o que nada havia. Por fim, como se estivesse bêbado, deitei a minha testa sobre a tampa fechada e lutei com as lágrimas presas em meus olhos.

Sentia a culpa por tudo o que ocorreu desde o momento em que conheci o Park. Confesso que errei no início, quando me aproximei mais do que deveria e quando o machuquei.

Não conseguia entender como alguém feito Park Jimin sentiria algo tão forte pela minha pessoa. Porque mesmo o fato de eu nunca ter sentido qualquer sentimento parecido por alguém, mesmo não compreendendo, eu entendia a responsabilidade afetiva.

Locus 99 • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora