Uma flecha no coração

Capítulo 8: Sabotagens

Sometimes you have to burn some bridges just to create some distance.
(Às vezes você tem que queimar algumas pontes só para criar alguma distância)

- Ágata? Consegue me ouvir? Tome.

Meus olhos ainda estavam embaçados demais para enxergar as imagens nitidamente, tudo que eu via eram vultos, mas consegui distinguir a voz de Alexia.

Senti um calor envolver minhas costas, acho que eram seus braços me levantando. Eu estava deitada?

Não conseguia sentir meu corpo direito, estava tudo formigando e adormecido, senti algo quente em minhas mãos, uma xícara. As mãos de Alexia envolveram as minhas me ajudando a levar até minha boca que estava rachada e fria, senti a bebida quente queimar minha língua, o que não foi uma sensação ruim, meu corpo inteiro se arrepiou tentando envolver aquele calor.

Minha vista foi voltando aos poucos ao normal. Estava no nosso quarto, minha mão estava coberta por luvas e meus pés por meias. Estava coberta com meus dois cobertores e o edredom de Alexia, não fazia ideia de como havia parado lá.

Aos poucos fui lembrando. Asas, a cara de frustração de Patrícia, frio, muito frio! Vozes desesperadas, braços me envolvendo, um aroma cítrico muito bom!

Alexia parecendo adivinhar meus pensamentos, disse:
- Ben foi o primeiro a entrar em Frigus, ele viu você desmaiada, nos alertou e te trouxe até aqui.

Olhei ao redor. Alexia estava sentada na cama aos meus pés, Caleb estava ajoelhado ao meu lado com a expressão preocupada, Ash e Poly estavam encostados na parede aliviados por eu ter acordado e Ben estava encostado no batente da porta aberta aparentemente receoso de entrar. Sorri para ele.

- Obrigada.

Alexia levantou e fazendo movimentos rápidos com a mão falou expulsando todo mundo:
- Pronto! Ela acordou e está bem! Agora saiam que ela precisa de um banho quente!

Quando todos saíram, Alexia fechou a porta e me olhou, sua expressão era de raiva, mas não comigo.

- Aquela louca! Te deixar sozinha naquela sala! Ela podia ter te matado! Você vai tomar um banho e nós vamos juntas procurar os donos da escola, esses sim são os chefões, Patrícia não é nada perto deles! Eles vão comê-la viva quando descobrirem o que aconteceu!

- Minhas asas... - sussurrei com a voz fraca, ainda doía muito falar, minha garganta e minha cabeça estavam fervendo de dor.

- O que tem suas asas? - ela perguntou impaciente colocando as mãos na cintura.

- Elas não apareceram... - disse com lágrimas nos olhos, mas Alexia continuava revoltada.

- E quem liga para isso? Você podia ter morrido!

- Eu, Alexia! Eu ligo! - gritei apesar da dor e as lágrimas começaram a escorrer.

A expressão de Alexia mudou, seu ódio se dissipou e ela adquiriu uma expressão de simpatia. Sentou-se do meu lado e acariciou meus cabelos que estavam extremamente embaraçados. Eu continuei, tremendo de medo a cada palavra:
- E se eu não for uma cupido, Alexia?

- Que besteira, Ágata! É claro que você é uma cupido!

- Você não sabe! Eu fui a única que não consegui fazer nada... Mágico!

- Vai ver tem algo te bloqueando. Talvez seja até esse medo. Você está levando tudo isso de uma forma muito pesada, todos nós vemos isso como algo mágico, não como uma obrigação... Tenta relaxar, sei lá.

- Você não faz ideia das coisas pelo que passei para estar aqui! Não posso simplesmente relaxar!

- Mas foram só coisas ruins? Ágata, você é a mais doce e romântica de nós. Você sempre vê o lado bom das coisas, sempre vê o melhor nas pessoas, acredita em destino, amor, paixão a primeira vista e todas essas coisas como ninguém! E você é extremamente forte e determinada! Se tem alguém que merece ser cupido, esse alguém é você, Ágata!