Capítulo 25: A Cura Para Qualquer Infelicidade

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Maybe tomorrow.
(Talvez amanhã)

- Como você está?

Caleb estava me levando para dormir na casa dele, que era mais perto do que a minha, porque já estava muito tarde para arriscarmos ficar parados em um ponto de ônibus "deserto", Nova York realmente pode ser bem perigosa à noite, e eu ainda não conseguia pegar metrô depois da última vez...

Eu estava usando sua blusa e estávamos andando abraçados. O abracei com mais força e disse tentando disfarçar o tom de choro em minha voz:
- Era como se eu não existisse, Caleb! Eles simplesmente esqueceram da minha presença ali... E o jeito que ela olhava para ele... Ela nunca vai me olhar daquele jeito... Era como se ele fosse a única coisa do mundo! Cada segundo que eu passava lá, eu morria mais um pouco! Eu tinha que ir embora! E isso que foi o pior... Eles nem notaram que eu fui... Sequer perceberam... Talvez eles nem lembrem da minha existência amanhã... Eu sei que é nosso trabalho, Caleb, mas às vezes é tão... tão injusto! Nós fazemos o impossível para juntar as pessoas e quando juntamos, essas pessoas sequer lembram que nós existimos!

Caleb não falava nada, ele me conhecia o suficiente para saber que nada que falasse aliviaria o que eu estava sentindo, a única forma de me deixar melhor, era me deixando desabafar...

Quando chegamos em sua casa, seus pais estranharam um pouco a minha presença mas não fizeram perguntas, aliás, não direcionaram uma palavra para nós. No dia que eles dormiram na minha casa, Caleb havia comentado que seus pais eram distantes, frios, bem diferentes dos meus...

Subimos para o seu quarto. Era incrivelmente organizado, com várias estantes lotadas (mas de uma forma visualmente bonita) de funkos* de todos os super-heróis possíveis (sério, tinha herói lá que eu nem conhecia), de todos os personagens da série Riverdale, de alguns animes que eu nunca havia visto na vida, da maioria das personagens de Harry Potter e Star Wars e até as personagens de alguns filmes de terror.

Sua cama era gigante! A gente poderia dividir ela e ainda caberia metade na China! E em uma das paredes havia uma televisão quase tão grande quanto a cama e centenas de DVDs em uma estante embaixo dela perfeitamente organizados por ordem alfabética.

- Uau! Seu quarto é incrível!

Ele deu de ombros.

- Eu sei. O que meus pais não me dão de amor eles compensam dando com... Coisas! - ele disse apontando ao redor e balançou a cabeça como que distanciando esse pensamento.

- Bom, eu tenho a cura para qualquer infelicidade: pipoca e todos os filmes da Marvel! Pode apostar que você já já esquece aquela Vick!

Eu estava quase sorrindo junto com ele quando lembrei de algo.

- Droga! - exclamei com as mãos na cabeça.

- O que foi? Não gosta de Marvel? Tem DC também...

- Não! Não é isso! Eu esqueci de recuperar minhas flechas! - disse me jogando na cama e me achando uma inútil.

Ele se sentou do meu lado.

- Você pega a de David amanhã quando for cancelar sua matrícula em Steinhardt, e a de Vick... Bom, agora que você é amiga de David, vai ser fácil vê-la quando eles começarem a namorar...

Namorar... Eu não queria ver Vick como a namorada de David... Aliás, não queria vê-los nunca mais!

Caleb pareceu ler meus pensamentos.

- Eu te entendo. Você provavelmente não queria mais vê-los, não é?

Coloquei as mãos no rosto.

Uma flecha no coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora