Capítulo 16: Nos céus

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No sacrifice, no victory.
(Sem sacrifício, sem vitória)

- Não! Não vai rolar!

Eram duas horas da manhã quando Luna apareceu no meu quarto.

- Você não deveria estar dormindo esse horário?

Ela ficou irritada.

- Então quer dizer que só porque eu sou criança eu tenho que dormir cedo?

- Sim...?

- Não! E eu já sou quase pré-adolescente aliás...

Mas agora eu me arrependida amargamente de tê-la irritado...

- Vai, nem é tão alto assim! Quem é a criancinha agora?

Estávamos no telhado da escola (lembrando que a escola tinha três andares) e Luna queria que eu simplesmente me jogasse de lá!

- Eu vou morrer!

Eu estava apavorada mas sua cara era de desdém, como se ela estivesse pedindo para eu fazer algo tão simples como andar de bicicleta.

- Você não vai morrer! - ela disse revirando os olhos - Você precisa desse impulso! Suas asas estão escondidas aí dentro, elas só precisam de uma forcinha para aparecerem!

- Qual é, Luna! Você é inteligente demais para acreditar nisso!

Ela entendeu os braços em sinal de indiferença.

- É nossa última opção...

- É, se eu morrer vai ser mesmo!

- Você não vai morrer! Estamos a nove metros do chão mais ou menos, as chances de morte são baixas, talvez só umas fraturas expostas nos membros, algumas costelas quebradas, talvez paralisia,...

- Você sabe que não está ajudando, né?

Ela mudou o tom na hora.

- Você consegue! Patrícia quis deixar mais seguro, por isso pediu para apenas imaginarmos a sensação, mas você sentir na pele a sensação de voar, com certeza vai ativar suas asas!

- É, a diferença é que Patrícia quase me matou, você vai conseguir!

- Pula logo!

Ela já estava ficando impaciente então resolvi cessar os protestos.

Me aproximei da borda e olhei para o chão.

Não! Não vou fazer isso! Muito alto!

Recuei.

- E se você for correndo?

Dei alguns passos para trás e comecei a correr, cheguei na borda e...

Parei.

- Eu não vou conseguir!

- Já sei. Eu tive uma ideia. - ela disse tirando sua blusa e a amarrando nos meus olhos.

- Eu não acho que...

- Shiu! Só anda!

Andei devagar com passos cautelosos. Colocava os pés com delicadeza no chão para me certificar de que realmente havia um chão para pisar!

Até que eu pisei em falso. O chão tinha acabado. Me desequilibrei e senti a queda por baixo dos meus pés.

Tudo durou em torna de dois segundos mas pareceu uma eternidade com a quantidade de pensamentos que eu consegui ter em um período tão curto de tempo.

Uma flecha no coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora