Oi gente!
Perdoem o atraso e finjam que ainda é sexta, ainda tô me acostumando com esse negócio de ter dia de postar.~//~
Já passava das 20h e Marcela se encontrava em sua clínica veterinária. O plantão já havia acabado, porém ela estava em seu escritório resolvendo alguns assuntos da parte administrativa antes de ir para casa. Ela não costumava passar do seu horário de expediente, mas desde que sua antiga secretaria deixou o cargo tudo estava mais complicado e isso estava se tornando um hábito. Não que Marcela se importasse em trabalhar um pouco a mais, longe disso, inclusive a doutora vivia estudando no tempo livre, porém era inegável o fato de que a loira não nasceu para trabalhar atrás de uma mesa.
A doutora estava acabando de organizar uma planilha com a agenda da semana quando seu celular vibra dentro de sua bolsa. Marcela alcança o objeto e suspira quando vê o contato de Daniel na tela, considerando se atenderia a ligação ou não. Após alguns segundos observando o aparelho, ela o guarda novamente na bolsa e aguarda até o aparelho parar de vibrar. Como ela previa, uma notificação chega logo após o fim da ligação e Marcela tem vontade de morrer. Ela pega o aparelho novamente o colocando no modo avião, sem paciência para o homem e seu imediatismo.
Daniel era um cara legal e uma ótima companhia, porém Marcela com certeza não o considerava uma peça vital em sua vida e não pretendia fazer dele uma prioridade. Eles saíram como casal algumas vezes e até tinham conversas legais, mas não passava disso – e a mulher havia feito questão de deixar isso bem claro. Marcela nunca conseguiu se prender a nada, seja isso uma coisa material ou uma pessoa, e em suas próprias palavras: "minha alma é solta demais pra se amarrar em algo por muito tempo".
E além do mais, ela nem sequer havia pensado no homem naquele dia. Se atendesse aquela ligação, estaria enganando a ele e a si mesma quanto ao que queria. Ela gostava do que tinham? Sim, mas estava bom do jeito que tava, o verdadeiro "se melhorar estraga". Toda via também estaria enganando a si mesma se dissesse que não pensou nele por causa do trabalho, a verdade é que o compartimento de seu cérebro responsável por suas emoções estava instável e a culpa dessa instabilidade tinha cabelos escuros e olhos castanhos.
Gizelly. Nunca foi um nome que a atraira, porém quando referente a morena que conheceu no final de semana anterior parecia soar tão certo, tão perfeito. Entretanto, o nome não era o que a intrigara, mas sim o conjunto da obra. A mulher lhe parecia tão familiar, como se já a conhecesse sem nunca tê-la visto antes. Se tivesse viajado ao Espírito Santo poderia achar que a viu por lá, porém o estado litorâneo nunca havia sido um destino da doutora.
Marcela balança a cabeça, afastando esses pensamentos e tentando focar no trabalho que tinha que terminar. O fluxo estava diminuto nos últimos meses, porém a ausência da secretaria e sua procrastinação sempre deixavam as tarefas acumularem e o trabalho triplicar.
Marcela acaba tudo quando já era por volta das dez horas da noite. A veterinária fecha a clínica e se dirige rapidamente a seu carro, por mais que fosse um bairro relativamente seguro de São Paulo, todo cuidado é pouco quando se é uma mulher. Esses tipos de "precaução" sempre causaram revolta na doutora, pra ela era revoltante saber que as mulheres tinham sua liberdade limitada pelo simples fato de serem mulheres. Sempre quis fazer algo pra mudar isso, até cogitou fazer ciências sociais, porém a medicina veterinária falou mais alto, então ela prometeu a si mesma que faria diferença do seu jeitinho. A mulher doava boa parte dos seus lucros a instituições que visavam os direitos das mulheres e estava frequentemente marcando presença em fóruns e palestras sobre feminismo, além de usar suas redes sociais como veículo de propagação de informação. Não era muito, mas compartilhava da filosofia de que fazer pouco já é fazer algo, e de pouco em pouco se conquista muita coisa.
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see you again
FanfictionHá quem diga que nós viemos a esse mundo com um propósito, seja ele social, próprio, ou até mesmo amoroso. Mas o que acontece se você não conseguir atingir seu objetivo? Será que temos uma segunda chance? Gizelly Bicalho já viveu uma vez, porém sent...