aceita namorar comigo?

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— Marcela, você aceita namorar comigo?

Gizelly pergunta, segurando um colar com um pequeno pingente de concha banhado a ouro em suas mãos.

Gizelly havia pensado em várias joias antes de escolher o colar em questão. Pensou em uma aliança, mas achou muito clichê, e sua relação com Marcela merecia algo mais especial do que algo que as pessoas fazem sempre. Havia pensando em outros pingentes também, mas após muito refletir ela havia achado na concha o símbolo perfeito. A concha tem sua beleza exterior e é muito conhecida por isso, porem sua maior riqueza fica dentro de si. E assim era Marcela. A mulher era linda, esse era um fato inegável, porém seu interior conseguia ser mais bonito que sua aparência. Ela era inteligente, carinhosa, empática, e todos os outros adjetivos positivos que a advogada conseguia pensar. Marcela era o amor em forma de gente para a capixaba, ela era daquelas pessoas que erradia energia boa, sabe? E uma pessoa assim é muito difícil de se achar.

Nem todas conchas tem pérolas, de fato, mas toda pérola vem de uma concha.

— Não morreu, morreu? — Manoela pergunta já sem paciência, andando de um lado pro outro. — Vai dar tudo certo Gi, relaxa.

A morena estava há cerca de meia hora naquela conversa com a publicitária, pensando em como pediria Marcela em namoro. Manoela havia falado para ela apenas seguir o coração, mas a advogada estava tão nervosa só em pensar no pedido que tinha certeza de que se fosse confiar no seu taco ela acabaria batendo com ele contra sua própria cabeça.

Após muito relutar e adiar, ela havia finalmente decidido oficializar as coisas com a veterinária. Elas já eram um casal e ambas sabiam disso, mas a advogada queria poder chamar a loira de namorada e não passar mais por aquelas situações desconfortáveis quando perguntavam se as duas estavam namorando ou não. Muita gente acha rótulos inúteis, e eles talvez sejam, mas por que deixar de fazer algo que vai te fazer bem?

As pessoas tem muitos prazeres "inúteis". A capixaba por exemplo adorava observar os pingos de chuva escorrerem pelo vidro de janelas, e gostava ainda mais quando duas ou mais gotas se encontravam e seguiam sua trajetória juntas, numa velocidade mais rápida por conta da junção. Era algo bobo, sem utilidade alguma, mas a fazia um pouquinho mais feliz nos dias chuvosos.

Talvez a utilidade desse tipo de coisa seja despertar alegria, e se um título é capaz de fazer a advogada mais contente, quem terá o poder de julgar?

Poder compartilhar seus relacionamentos era uma coisa importante para a capixaba, então ela estava animada com a ideia de poder apresentar a veterinária como sua namorada para as pessoas com quem ela se importava.

— Será que ela vai aceitar?

— Gizelly vocês já estão namorando, só falta botar nome. — Manu diz massageando as próprias têmporas e se sentando em sua cama.

A menor foi a primeira pessoa a quem Gizelly pensou em recorrer quando decidiu que iria fazer o pedido. Manoela a conhecia como ninguém, e além do mais, era uma das mulheres com a maior paciência que ela conhecia. A advogada tinha a tendência de desatar a falar quando estava nervosa e embora soubesse que podia ser bem irritante ela não conseguia evitar, então Manu era sua melhor opção por já a conhecer muito bem – embora nem a publicitária estivesse mais aguentado sua falação.

— Mas eu tenho medo. E se ela não quiser tornar as coisas oficiais?

— Aí vocês seguem do jeito que tá.

— E se ela não tiver gostando de como tá?

— Se ela não estivesse gostando ela já teria pulado fora, vai por mim.

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