— Vai ficar sem falar comigo até quando?
As duas estavam sentadas no sofá da sala, uma em cada canto do móvel dessa vez. Gizelly estava emburrada com a loira desde a hora do banho e não havia dirigido uma palavra sequer a mulher desde então. A atitude de Marcela havia a deixado verdadeiramente puta.
— Não aguenta uma brincadeira, Gizelly? — Marcela provoca.
— Ninguém nunca brincou de me deixar cheia de tesão e me abandonar depois.
— É sempre bom ter novas experiências. — A loira comenta e sente a morena a fuzilar com os olhos.
— Liga logo essa televisão vai Marcela, que o desfile já vai começar. — A capixaba diz impaciente, se remexendo em seu assento. — Aproveita e faz uma pipoca lá pra gente.
— Olha só que folgada!
— Vai logo, senão vai perder a comissão de frente. — Gi diz e Marcela a olha incrédula. — Tu achou que eu tava brincando?
— Tá bom, patroa, vou fazer a pipoca.
Marcela se levanta do sofá e vai até a cozinha, ligando a televisão assim que deixa o sofá. Ela havia comprado algumas pipocas de microondas, então iria ser fácil e rápido cumprir o desejo da morena. Optou pelo sabor pipoca de cinema e colocou o pacote no microondas, programando o tempo aconselhado na embalagem do produto. Em menos de cinco minutos os dois sacos de pipoca já estavam prontos e a veterinária estava pronta para voltar para a sala, levando também refrigerante e alguns doces sortidos.
O semblante de brava no rosto de Gizelly se suaviza assim que ela começa a comer, o que só mostra que boa parte de seu mau humor era fome. Marcela já havia observado que a mulher ficava temperamental quando passava um longo período de tempo sem comer, então havia feito uma nota mental para que sempre tivesse alguma coisa para ela beliscar quando saíssem. Assim que a loira se senta no sofá o desfile se inicia, a fazendo suspirar aliviada por não ter perdido um segundo sequer da exibição. Ela estava com um pouco de sono, mas prometeu a si mesma que aguentaria até o último folião deixar a avenida.
Sua promessa, porém, parecia se tornar cada vez mais difícil de ser cumprida a cada hora que se passava. Gizelly não estava conversando com ela como costumava, então era um estímulo a menos para impedi-la de dormir. Até tentou puxar papo com a morena algumas vezes, mas não deu em nada. Teria de esperar sua birra passar.
Gizelly também já começava a sentir o sono chegar e estava altamente tentada a ir dormir, porém não queria deixar Marcela sozinha na sala. A falta de conversa começou sendo por causa de seu drama, mas agora ela estava mais introspectiva por opção do que por picuinha besta. Ela era muito extrovertida, de fato, mas também precisava de um tempo para "recarregar", e se sentia confortável para fazer isso com Marcela. Pensou em sugerir para que fossem assistir o resto das escolas na televisão do quarto, mas sabia que a loira e seu orgulho não iriam aceitar, então apenas decidiu ficar ali olhando para a tela até seus olhos não aguentarem mais se manter abertos.
A quarta escola estava pronta para entrar na avenida quando a capixaba percebe Marcela começando a cair no sono. A morena prontamente se arrasta até seu lado do sofá e deita a cabeça sobre seu colo, a fim de chamar sua atenção e distrai-la para mantê-la acordada. Marcela acorda num susto e tenta disfarçar, fazendo Gizelly rir.
— Faz aquele carinhozinho que só você sabe fazer. — A advogada pede com uma voz manhosa, se aconchegando no colo da veterinária.
— Passou a birra? — A loira pergunta e não obtém resposta. Ela vira os olhos sorrindo. — Se eu fizer cafuné aí é você que dorme.
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see you again
FanfictionHá quem diga que nós viemos a esse mundo com um propósito, seja ele social, próprio, ou até mesmo amoroso. Mas o que acontece se você não conseguir atingir seu objetivo? Será que temos uma segunda chance? Gizelly Bicalho já viveu uma vez, porém sent...