"nós"

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Gizelly sempre gostou de manter um estilo de vida saudável, sua alimentação era balanceada e sua rotina de exercícios estava sempre em dia. Gostava de se sentir bem disposta. A mudança tinha tudo para ter dificultado a manutenção de seu estilo de vida, sua sorte foi que ela fez amizade com Mariana, que era praticamente uma rata de academia. Em sua primeira semana na cidade, Mari já a conseguiu um desconto na academia que frequentava, e desde então elas treinam juntas sempre que podem.

Os treinos foi um jeito que elas acharam de manter o contato constante, pois ambas tinham empregos que consumiam muito de seus tempos e não podiam contar com horas de descanso para se encontrarem.  Mariana pegava pesado, além de fazer crossfit, enquanto Gizelly preferia as atividades mais tranquilas e sua meia hora de esteira. A capixaba até tentou acompanhar o ritmo da baiana uma vez, mas ficou com tanta dor muscular no dia seguinte que prometeu a si mesma que nunca mais se torturaria daquele jeito.

Era uma sexta feira e ambas estavam nas esteiras, cumprindo suas próprias metas, quando Mari faz uma pausa para beber água. Gizelly a acompanha, liberando o equipamento para um homem que aguardava a vaga. As duas sentam-se em um dos bancos que ficavam nas laterais do ambiente. Mariana pega sua garrafinha e oferece um gole a capixaba, que nega com a cabeça. Gizelly pega seu celular em sua bolsa e abre seu whatsapp, a fim de ver as mensagens que havia recebido. Havia uma mensagem de Marcela entre elas.

"O que acha de um cineminha hoje?" A loira mandou.

As duas continuavam se falando, porém não na mesma intensidade de antes. Em fato, Gizelly já havia recusado dois convites de Marcela na última semana, ambos para ir comer alguma coisa. Por mais que negasse, a atitude de Marcela perante o loiro – e o resto do grupo de amigos – havia a chateado, então preferia manter distância até que pudesse voltar a agir normalmente perto da outra mulher. A vontade de aceitar era grande, mas ela não queria arriscar fazer alguma merda. Pra ela, era melhor não se ver do que ter uma situação desagradável ao se encontrar com alguém. 

— Que carinha é essa? — A baiana pergunta e Gizelly bloqueia o celular, o colocando embaixo das pernas.

— Que carinha? — Gi a olha, disfarçando.

— Essa carinha pra baixo.

— Nada demais, coisa de trabalho.

— Seu trabalho por acaso tem cabelo loiro?

— Não. — Gizelly responde num impulso e Mari abre um sorriso sapeca. — Pera, como assim?

— A Manu me contou do seu rolo com a Ma. — Aquela baixinha me paga, pensou a advogada. — E também não é como se fosse um segredo, ficou bem nítido que tinha alguma coisa rolando entre vocês duas naquele nosso rolê no fim do ano passado. A gente é discreto, não cego.

— Ela ta me chamando pra sair. — Gi fala sem muito entusiasmo após dar um longo suspiro.

— E qual o problema, amiga?

— Eu tô chateada com uma coisa que rolou e quero ficar de bem com isso, sabe, antes de vê-la de novo.

— Entendi... — A baiana parece pensar. — Bom, sendo sincera não entendi não. Eu sou mais o tipo de pessoa que gosta de resolver as coisas junto, sabe? Eu acredito muito no diálogo.

— Não sei se diálogo vai resolver muita coisa. Não é bem um erro de ninguém, é mais uma questão de quebra de expectativas.

— Então conversar é mais importante ainda, miga. Deixem esclarecido o que cada uma espera, porque assim nenhuma das duas sai  machucada por bobeira.

A capixaba para pra pensar no que Mariana a falou. Um aviso prévio por parte de Marcela teria evitado muita coisa, e uma conversa cairia muito bem tanto para se "acertarem" quanto para deixar claro o que cada uma pensa a respeito dessa relação. Um pouco de prosa nunca fez mal a ninguém.

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